Com Paula Burlamaqui e Yuri Ribeiro no elenco, peça ‘’Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?’’ recebe artistas durante sessão vip do espetáculo no Teatro das Artes


Xô preconceito! Juntos há quase 6 anos, o casal Yuri Ribeiro e Claudia Wildberger, que possui uma diferença de 25 anos, decidiu transformar a sua história de amor em peça para provar o que todo mundo já deveria saber: o amor não tem idade!

‘’Ó abre alas que eu quero passar….’’ Foi assim que a história de amor entre Daniel e Andrea começou a abrir passagem pelo palco do Teatro das Artes, no Shopping da Gávea, durante a sessão de ‘’Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?’’ dedicada especialmente à classe artística nesta segunda-feira, 5. Entre os convidados, que recebiam na entrada um programa em formato de coração e um brigadeiro a fim de mergulharem no clima de romance do espetáculo, estavam Caetano Veloso, Lilia Cabral, Guilhermina Guinle, Miguel Thiré, Totia Meireles e Marcos Caruso.  Lilia, que está se preparando para viver a nova vilã na próxima novela das 21h ”O Sétimo Guardião”, saiu do teatro satisfeita com o trabalho feito pelos amigos. ‘’Eu adorei. Eu vim sem expectativa nenhuma. A expectativa era que eu sabia que iria ver os amigos, mas não sabia muito a história. Então, tudo o que aconteceu foi uma surpresa muito grande. Os atores são ótimos, está tudo muito bem produzido. As pessoas saem daqui se sentindo bem, satisfeitos por terem visto um bom trabalho’’, conta a atriz que em diversos momentos gargalhou e se emocionou com a produção.

Lilia Cabral paparica os atores de ”Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?” após a sessão realizada especialmente para artistas no Teatro das Artes. (Foto: Reginaldo Teixeira)

Escrita por Yuri Ribeiro, a peça é inspirada no romance que começou há quase seis anos de Ribeiro com Claudia Wildberger, produtora e co-autora do argumento do espetáculo. Com uma pitada de drama, humor e magia, a peça aborda uma questão polêmica que marcou diversas situações vividas pelo casal: os 25 anos que os separam. A ideia de transformar essa realidade em dramaturgia não poderia ter surgido em um momento mais clichê na vida a dois: na hora de pagar a conta. ‘’Fomos jantar juntos e na hora de pagar a conta eu peguei meu cartão e entreguei na mão do garçom. Na hora que ele pegou, ele disse pra Claudia ‘’Débito ou crédito, senhora?’’. Nesse momento, coçou um bichinho em mim e me fez perceber que precisávamos falar sobre o assunto. Só que não queríamos falar só sobre isso. A gente queria falar sobre a importância de simplesmente amar e não se preocupar com o que vão dizer sobre isso’’, conta Yuri, que também faz parte do elenco como Daniel, personagem baseado nele mesmo.

O casal Yuri Ribeiro e Claudia Wildberger em clima de romance após sessão feita para amigos artistas. (Foto: Reginaldo Teixeira)

Assim como Yuri, Claudia compartilha do sentimento do parceiro com relação a necessidade de falar sobre o amor. Contudo, ao final dos ensaios, a produtora começou a sentir o friozinho na barriga de ter todos os holofotes virados para a sua vida. ‘’Eu já passei por várias emoções. No último mês eu fiquei ‘’Gente, jura?’’, porque eu estou colocando a bunda na janela. O Yuri é ator, então está super acostumado com isso. Eu escolhi uma profissão como empresária artística que me deixa nos bastidores e isso é muito confortável pra mim. Mas eu acho que é importante falar sobre isso, todos os holofotes valem a pena no final’’, afirma.

O diretor Jorge Farjalla posa antes do espetáculo no cenário que remete ao picadeiro. (Foto: Reginaldo Teixeira)

Com um currículo elogiado por atrizes como Fernanda Montenegro, o diretor Jorge Farjalla recebeu uma chuva de elogios após a apresentação. Em suas mãos, o roteiro de Ribeiro transforma-se em uma verdadeira fábula circense, quebrando com a ideia clichê esperada de uma comédia romântica. Para criar esse ambiente, o diretor, além de contar com o auxílio de um cenário que remete a um picadeiro e figurinos exagerados no ponto certo, teve a ideia de integrar um palhaço ao elenco ao ler a frase ‘“Que bons ventos trazem este carioca ao picadeiro do retirante” em uma das cenas. ‘’Eu começo a trabalhar na obra já com essa desconstrução do texto, porque era muito importante pra mim poder mostrar esse texto ao espectador de uma outra forma. Então, eu tive um insight de toda a encenação em 50 minutos e decidi que eu queria levar essa história para o universo circense, porque não existe amor mais puro que de palhaço’’, explica. Segundo o diretor, esse lirismo do circo é o fio condutor dessa narrativa, impulsionando um choque com a realidade.

Apesar do personagem de Yuri carregar uma referência ao comediante Charles Chaplin, quem ficou realmente responsável por levar a essência do picadeiro para os palcos foi o ator e palhaço Jujuba Cantador, que interpreta o clássico palhaço Pierrot. Na montagem, apesar de quase não ter falas, Jujuba encantou a plateia com a sutileza dos seus movimentos e do som do acordeão, uma constante que contribui para que o clima lúdico desse universo permaneça o tempo inteiro, transpondo musicalmente todas as facetas do amor. ‘’Jorge falava que o meu personagem é a poesia que vai emoldurar o nosso espetáculo através da música e dos seus olhares, da sua interpretação. Então, conseguir catalisar todos esses sentimentos e transmitir através do acordeão e da interpretação foi um desafio’’, diz. Para o ator, que trabalha no âmbito circense como um personagem mais histriônico, a experiência foi um aprendizado sobre a sua própria arte. ‘’Eu tive que me reaprender, eu vi um outro lado do que eu faço, porque o meu palhaço fora do espetáculo é muito mais amplo e aqui teve que ser um muito mais introvertido, contido, mais carregado de emoção. Foi um grande aprendizado e eu conheci o lado B ou lado A do Jujuba’’, reflete o artista que não fez esforços para esconder a alegria em receber amigos e familiares.

Para a atriz Paula Burlamaqui, que também roubou a cena com uma ajuda musical, essa união de elementos artísticos, que vai desde o cenário até a trilha sonora – cuja seleção, que incluí Villa-Lobos, foi feita por João Paulo Mendonça -, permite que o espectador se sinta dentro de uma caixinha de música, de modo com que ele viaje junto dos personagens. ‘’Isso leva para um lugar mais poético. É a coisa mais linda do mundo. As pessoas ficam encantadas de ver, porque é um outro universo. A sua imaginação vai pra outro lugar. Quando a arte faz isso, é simplesmente maravilhoso. A gente faz arte pra tirar você daquele problema, do problema do Temer, dessa confusão toda que está acontecendo”, explica a atriz.

Na pele da Andrea, a mulher que se depara com o medo da relação com alguém mais novo mas decide encará-lo a fim de tentar ser feliz, Paula soltou o gogó em uma emocionante interpretação de ‘‘Lua Branca”, de Chiquinha Gonzaga, encantando ninguém mais ninguém menos que o cantor e amigo Caetano Veloso. ‘’Eu achei graça dela cantar porque eu conheço ela e ela quase não canta. Ela acertou mais do que ele (Yuri). Ele estava desafinado e ela acertando a nota’’, brinca. Outro momento musical que chamou a atenção do compositor foi uma referência a Cássia Eller. ‘’Eu gostei muito da hora que eles mencionam a música do ‘’All Star’’, que ele fala 11 e ela conserta pra 12, que é realmente letra da música”. Caetano ainda completou elogiando a atuação da amiga e o roteiro. ‘’Eu achei bacana o negócio deles se amarem, tem muita graça. A Paula estava muito bem, estava linda e fazendo tudo maravilhosamente bem”, diz.

Caetano Veloso prestigia a amiga Paula Burlamaqui no camarim depois da apresentação. (Foto: Reginaldo Teixeira)

A atriz não foi alvo de elogios apenas na sessão dedicada aos amigos artistas. Durante as primeiras apresentações, realizadas desde sexta-feira passada, 1, Paula, que se encantou com a mensagem que a sua personagem transmite desde o início, entrou de cabeça na história e sem querer incorporou trejeitos da Claudia, arrancando críticas positivas de amigas e familiares do casal. ‘’As amigas da Claudia que vieram na estreia falaram ‘Que coisa mais louca! Você é igual a Claudia, você está fazendo igual a ela’’. Eu falo que é maravilhoso isso, mas eu não sei porque aconteceu já que não tivemos nenhum contato desse tipo. A Claudia me deixou bem livre pra fazer do jeito que eu achava que deveria fazer’’, explica. Para a parceira de Yuri a comparação também não era algo feito deliberadamente. ‘’A surpresa das pessoas ao dizerem que a Paula está muito parecida, de perguntarem se ela fez algum laboratório comigo, é muito bacana porque não foi nem um pouco proposital e de alguma forma está ali, retratado com carinho’’, conta.

A atriz Lilia Cabral ao lado de Vitor Thiré, que interpreta mais de dois personagens no espetáculo. (Foto: Reginaldo Teixeira)

Outra revelação dessa produção é o ator Vitor Thiré, bisneto da eterna Tônia Carrero. Além de interpretar Caio, filho de Andrea, o ator se desdobra em mais de um personagem, como o garçom Birô, a faxineira nordestina e Tadeu, o melhor amigo de Andrea, arrancando risos da plateia com tiradas irônicas e inesperadas. Para ele, essa oportunidade de por em prática tudo o que aprendeu nas aulas de improviso do Teatro O Tablado foi um dos principais motivos que o fez dizer sim para o convite. ‘’Eu gostei do texto de cara, mas o desafio de fazer cinco personagens diferentes ao mesmo tempo foi o que mais me chamou a atenção. Nunca fiz isso na minha vida, já tinha feito peças de improviso, mas desse jeito ao mesmo tempo e no mesmo espetáculo não. Eu sou  meio que o coringa da peça. Então, eu estou muito feliz e esse desafio me seduziu muito para entrar no projeto’’, conta.

No início de todas as sessões, Jorge Farjalla só tem um desejo: ‘’Eu espero que todos saiam daqui felizes demais, em êxtase e recheados de amor’’. E ao fim da sessão de desta segunda-feira, que teve uma pitada mais especial de amor, era impossível encontrar alguém que não tivesse ficado impactado com a delicadeza e poesia dessa história, que conseguiu transitar entre o medo do diferente, a relação entre mãe e filho e, acima de tudo, o amor. Se você também não tem medo de ser feliz e quer se aventurar nesse picadeiro, o espetáculo ficará em cartaz até o dia 29 de julho, sextas e sábados às 21h e aos domingos 20h no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea.