Após 20 anos, “Casseta & Planeta Tour 30 Anxs” reúne novamente integrantes do programa humorístico


Os cinco integrantes, Beto Silva, Claudio Manoel, Helio de La Peña, Hubert e Marcelo Madureira, que marcaram uma geração estão de volta aos palcos e prometem conquistar o público, trazendo muito bom humor e gargalhada

*Por Domênica Soares

Beto Silva, Claudio Manoel, Helio de La Peña, Hubert e Marcelo Madureira estão preparando uma volta histórica aos palcos. O espetáculo “Casseta & Planeta Tour 30 Anxs”  já tem inúmeros shows marcados em nove cidades diferentes, entre outubro e dezembro. São elas: Maceió, Recife, Belo Horizonte, Maringá, Londrina, Curitiba, São Paulo, Vitória e Rio de Janeiro. A peça tem como objetivo oferecer uma oportunidade para os fãs “de raiz”, que acompanharam a trajetória da turma desde o “Planeta Diário” e a “Casseta Popular” que fizeram seus primeiros shows há 30 anos atrás, matarem as saudades “Estamos há 20 anos sem nos encontrarmos no palco. É muita ansiedade estar com o grupo na frente do público. Vamos matar as saudades dele e ele de nós. Desde que o programa se tornou semanal, paramos de fazer shows, não cabia na agenda. Éramos atores e autores do Casseta & Plante, Urgente!”, disse Hélio de La Peña, acrescentando que o humor passou por muitas mudanças nesses anos, e uma das mais importantes é a relação com o público. Ele explica que a TV era unilateral, com produção e exibição para o público assistir passivamente, e hoje em dia, existe muita interação, contato e feedback das pessoas, que são capazes de elogiar e criticar simultaneamente. Além disso, explica também que existem muitas pessoas criando conteúdo e criticando o trabalho dos outros. 

Peça aborda humor dos anos 80 e 90, passando pela atualidade (Foto: Nando Chagas)

Hélio comenta que algumas mudanças tiveram que ser feitas no espetáculo e cita que é mostrado na narrativa as diferenças do humor dos anos 80 e 90, passando para os dias atuais. Ele afirma que são épocas já distantes, por exemplo, tem gente que não pode imaginar um tempo em que os jogadores de futebol não eram tatuados, que as piadas gays não eram consideradas como homofobia. “A gente brinca com o politicamente correto, com questões de gênero e, lógico, com o noticiário político do momento”, diz Hubert. Segundo ele, o chamado “politicamente correto” já é uma expressão antiga. “Quando começamos a fazer shows tinha um número que eram as marchinhas de carnaval politicamente corretas. Tipo: ‘Olha a cabeleira do Zezé, se ele for é uma opção dele, ninguém tem nada a ver com isso”. 

Hubert, que acredita no aumento da quantidade de humoristas, disserta um pouco sobre o humor que antes era escrachado e conta que, por exemplo, o “Pânico na TV”, foi inspirado na linha do Casseta, e ganhou muito destaque pelo estilo e talento de quem estava presente. Em sua opinião, o humor deve sempre zoar com tudo e todos na dose certa, expressando que o que espera no espetáculo dos Cassetas não é nada menos que muita risada do público com as piadas que serão contadas. Helio complementa o amigo dizendo que buscam divertir o público com assuntos que fazem parte da vida do brasileiro, relembrando personagens queridos dos fãs, trazendo homenagem ao inesquecível Bussunda (1962-2006) e à Maria Paula, a eterna Dona Casseta. A peça ainda vai contar com paródias musicais inéditas, interação com a plateia e muita conversa boa. O público vai rir o tempo todo. Como diria seu Creysson: “Eu agarantcho!”

Grupo fala sobre novos caminhos do humor no Brasil (Foto: Nando Chagas)

Helio disserta ainda sobre os avanços tecnológicos e como percebe o acompanhamento do humor em várias plataformas. Em sua opinião, a tecnologia permitiu e permite muitas mudanças. O YouTube por exemplo é uma grande plataforma, na qual, por exemplo, um menino dentro de casa fazendo vídeo com conteúdo próprio é capaz de conquistar mais seguidores do que uma empresa de comunicações milionária. Além disso, cita outras plataformas, como facebook e instagram, e mostra que a disseminação de conteúdo ganha cada vez mais espaço, gerando até mesmo, renda para esses produtores, o que acaba virando uma profissão. Para ele, a sociedade, que não é algo uniforme ou estática, enxerga o conteúdo humorístico em várias camadas. “Tem gente engajada em questões raciais, feministas, de gênero, pessoas ligadas à ecologia ou à moda, pessoas que querem um humor popular, outros que se incomodam com o politicamente incorreto, outros que têm horror às amarras do politicamente correto, enfim, tem público com os mais diversos perfis. O problema é quando a pessoa não quer que seja produzido um tipo de conteúdo que ela não quer consumir”. Por mais que a sociedade esteja mudada, para Helio, as pessoas estão se divertindo mais. “Tem gente que passa o dia trocando memes, por exemplo”.