Wanna Be Carioca: Melissa faz desfile de coleção inspirada no way of life da cidade, com direito a Isabeli Fontana e vista pro mar


A coleção conta um pouco da história da Cidade Maravilhosa através de seus mais de 80 modelos e empresa faz convenção internacional com mais de 800 participantes

Quando a Melissa completou 30 anos de sucesso e, em 2009, o Rio foi sede da exposição MelissaEU!, no Solar Real, em Santa Teresa, tendo ao fundo a vista da Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar, já era um preview do que estava por vir, para nós, cariocas. As três décadas do ícone de moda, design e comportamento do “Eu Melisso, nós Melissamos” foram eternizadas em um livro com Melissa e os cenários mais incríveis dessa exposição made in carioca. Sou carioquíssima e, à época, fui convidada pela diretora criativa Erika Palomino para escrever para esta obra de arte (sim, o livro é arte pura) sobre a minha paixão por Melissa. Registrei que o Rio é uma deliciosa salada mista, com cheiros e cores em inigualável pluralidade. E que a marca está em perfeita sintonia já que Melissa = aroma + coloridos múltiplos. “Mergulhar no mundo Melissa e conjugar o verbo Melissar no Rio foi dimaixxx (sic)”, como brinquei com o meu sotaque. Estou contando esta historinha com um motivo: a Melissa voltou ao Rio para arrasar na noite de ontem, quarta-feira (13/5), com o lançamento da coleção Wanna Be Carioca.

O cenário da festa era de tirar o fôlego: uma passarela e telões de led foram montados entre os armazéns 1 e 2 do Cais do Porto, às margens da Baía de Guanabara, tendo ao fundo a ponte Rio-Niterói com as luzes dos carros e à direita as linhas sinuosas do Museu do Amanhã, que está sendo construído na altura do Píer Mauá. À frente da empreitada, Erika Palomino assinando a direção do projeto; Daniel Freire, a produção executiva; Daniel Ueda e Pedro Sales, a moda; Robert Estevão, a beleza; Adriano Cintra, a trilha sonora; e Maneco Quinderé, light design. Por lá, cerca de 1 mil convidados, entre editores de moda, fashionistas, integrantes da convenção da empresa, famosos – como Deborah Secco, Bruno Gagliasso e Luísa Arraes  se reuniram para acompanhar o desfile das peças que retratam o jeito de ser da carioca, sob a visão superpop da marca de calçados de plástico mais querida do país. O local escolhido, o Cais do Porto, cujo entorno passa por uma mega revitalização, tinha um gostinho de saudade para muitos editores de moda, stylists e produtores que acompanharam por anos as edições do Fashion Rio realizadas ali.

Bruno Gagliasso e Deborah Secco

Bruno Gagliasso e Deborah Secco

Mas afinal, o que é ser apaixonada por Melissa? A marca tem seguidores fieis, e não é raridade encontrar grupos de “melisseiras” até na internet. O que elas mais gostam?  Da tal pluralidade de estilos, como frisei acima. Esse espírito de integração é também o lema da marca, que está presente em mais de 60 países além do Brasil, levando um pouco da nossa cultura e do nosso estilo para o mundo. E a nova coleção, Wanna Be Carioca, não foge disso. “O Rio é um lugar que integra as pessoas e a Melissa tem essa filosofia. É uma grife brasileira, mas que está presente no mundo todo, integrando todas as pessoas”, disse Paulo Pedó, diretor da marca. Isso mesmo, Paulo, e Melissa firmou uma chancela no Rio. Quando a marca foi criada no final dos anos 70, as cariocas foram as primeiras a adotarem o modelo Aranha, usado durante o dia e à noite, nas festinhas Disco, com meias lurex. A Coca-Cola e a transparente também foram hits. Eu e muitas cariocas íamos para a praia de Melissa.

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“Nós gostamos de contar histórias através de nossas coleções”, disse Edson Matsuo, o diretor criativo da Melissa, no backstage, momentos antes do desfile. E, dessa vez, a história contada é a da Cidade Maravilhosa, grande homenageada pelos seus 450 anos e nesses 35 anos de Melissa. É importante a gente lembrar tamb[em que as comemorações dos 25 anos da Melissa resultaram na exposição “Plastic.o.rama”, que ocupou o Galpão das Artes, no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, que depois virou um livro magnífico que eu guardo com carinho.

Vamos ao desfile. Como Erika nos contou ele foi dividido em três moods. O primeiro, batizado Tribalismo, remete à população indígena que habitava o Rio na época de seu descobrimento, com looks que mixam biquínis, plumas e acessórios étnicos com Melissas, criando identidades impactantes. O segundo aposta na tendência Sportwear, presente intimamente entre os cariocas, que traz elementos de surfe, jogging, kitesurfe, asa delta e futebol. Por fim, o terceiro tema, New Wave, traz de volta o movimento dos anos 80, prestando homenagem a uma época quando o Rio de Janeiro ditava fortemente as tendências. A top Isabeli Fontana foi a primeira a pisar na passarela e desfilou três looks diferentes. A trilha sonora ficou por conta de Adriano Cintra, ex-baixista da banda Cansei de Ser Sexy, que emendou do samba até Fernanda Abreu, com seu hit “Garota Carioca”. Impossível mais suíngue que isso, não é?

“Nós dividimos o desfile em três momentos e, assim, contamos a história da cidade através das cariocas usando Melissa” disse Daniel Ueda, ao mostrar os looks ainda no backstage. “Nós começamos com as índias, as primeiras habitantes da cidade, vamos aos esportes e terminamos na década de 80”, explicou. Os 40 looks para o desfile da coleção de calçados foram criados pelos estilistas Luiz Claudio, da marca Apartamento 03, Rober Dognani , Yoon Hee Lee e Mayara Bozzato. Os looks em alusão às índias foram desenvolvidos por  Yoon Hee Lee e Mayara Bozzato + peças em plumas de Vitor Zerbinato; o Sportswear por Rober Dognani e os do período New Wave por Luiz Claudio. Amamos também os acessórios de Claudia Savelli.

Além do styling requintado produzido por Daniel e Pedro, os makes baphos das modelos ficaram por conta de Robert Estevão. “Na primeira parte, trabalhamos muito a questão dos materiais naturais em composição com o plástico e um pouco do brilho também, e um toque desse tom tribal que a gente queria passar. Não temos muitos registros da população indígena da época, então o jeito foi imaginar como seriam as tupinambás, as primeiras cariocas, usando Melissa. A maquiagem é bem característica, mas divertida, e é nessa parte também que a gente mostra mais pele, mais nudez”, explicou Robert.

Érika Palomino, jornalista e consultora de moda responsável pela direção do desfile, completou: “Já na segunda parte, a gente fez referência aos esportes, que dão a cara da cidade, representando muitos esportes de água, então tem surfe e kitesurfe, tem asa-delta, tem jogging. Nesse segundo bloco, a gente trabalhou mais com as cores, com a ideia de saúde e bem-estar. E assim chega a terceira parte, dos anos 80, que foi uma época que o Rio ditava muita tendência para o mundo inteiro. A gente trouxe o New Wave, que foi quando apareceu o movimento de Rock Brasil, das cores, e isso tudo tem muito a ver com a Melissa. Uma diversão descompromissada. Nós juntamos as tribos da época, os góticos, os darks, a galera do new wave, e, para dar o tom, a trilha sonora tem muita Blitz original, com Evandro Mesquita, Fernanda Abreu e Márcia Bulcão. A gente se inspirou muito no figurino da banda e trabalhou com a parte mais gráfica, as estampas geométricas, que não aparecem tanto nos dois primeiros blocos”.

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Enquanto o desfile rolava, no telão era exibido um ensaio fotográfico com imagens dos looks que estavam na passarela, feito pelos fotógrafos Aline Lata e Érico Toscano. Além das imagens das modelos, cenas do Píer Mauá e takes aéreos, feitos pelo fotógrafo Cássio Vasconcellos, se cruzavam, criando todo um ambiente propício para mostrar que a Melissa é mais que uma marca de calçados, é um estado de espírito. Depois de tanta moda e conceito, era hora do  after party, que, desta vez, teve como tema um clássico da cidade: o Boteco Carioca. As comidinhas, a cargo do Zazá Bistrô, clássico restaurante do Rio de iam desde o bobó de camarão, que se transformou em esferas crocantes de bobó com coco e o pato ao molho de laranja transmutado em um croquete, entre muitos outros. A animação da festa ficou por conta do bloquinho Amigo da Onça e dos DJs da Festa Selvagem, que levaram o público para a pista depois do desfile.

A coleção Wanna Be Carioca conta com cerca de 80 modelos, entre sandálias, sapatilhas e rasteirinhas, sendo alguns totalmente novos e outros modelos que já estão na lista dos favoritos das melisseiras, só que revisitados. Quem quiser, já pode encontrar a coleção a venda nas mais de 180 lojas pelo Brasil ou em uma das 60 lojas da Melissa pelo exterior. A cartela de cores passeia desde o rosa neon, amarelo, azul, verde e vermelho, até os clássicos branco, preto e marrom. Surge novo modelo assinado pelo estilista Jason Wu, a Melissa Charlotte + Jason Wu, flat assimétrica que brinca com as curvas naturais da cidade mais internacional das cidades brasileiras, além de novos shapes by Vivienne Westwood, J.Maskrey e Salinas. Destaque para a família Flox, que cresce nessa coleção com o lançamento do modelo com sola plataforma – tudo a ver com a proposta e dentro da tendência flat form; a Melissa Wanna be Rio, mistura o orientalismo presente no solado com leve plataforma, com oxford aberto, para circular por todos os cantos e horários da cidade maravilhosa; já a Melissa Wonderfull, brinca com o modernismo e a art decô do Rio de Janeiro, mixando linhas retas com detalhes em dourado, que dão todo o charme a nova Melissa.