Vitória Moda 2015 #Day 3: do périplo da Turquesa às margens do Rio Ganges ao capixabismo enaltecido da Konyk


A semana de moda do Espírito Santo também foi fechada com as tendências para os dias de praia sob a ótica de Verônica Santolini e Sol de Verão

*Com Lucas Rezende

O terceiro e último dia de Vitória Moda 2015, a fashion week do Espírito Santo, começou com a cara do evento: moda praia com a proposta de fechar o calendário de verão nas passarelas. E as tendências para os dias à beira-mar começaram sob a ótica da estilista Verônica Santolini. Com a proposta tropical feelings na mente, ela quis traduzir em biquínis, saias, maiôs e sungas, como é bom viver entre os trópicos em pleno veraneio. A coleção quer vestir aquela turma que, nos meses de janeiro e fevereiro, sob o sol forte, não olha o relógio e não quer saber de smartphone, apenas curtir a liberdade que a estação pede. O destaque ficou para o handmade nos detalhes dos biquínis. Ora na frente, ora atrás, as peças apresentavam uma técnica de macramê, onde fios são tramados sem auxílio de nenhuma máquina. Até na lateral dos biquínis a novidade surgiu, conferindo ousadia para os dias quentes e dando a deixa de que vai ser febre no verão. Para os homens, as sungas do tipo boxer, que já ditaram moda na última virada de calendário, vão continuar em alta; enquanto as mulheres poderão apostar em hot pants. A grife ainda investiu em estampas verdes – com folhas -,  tingimentos com cores fortes, e uns looks fluidos, com marcação na cintura para curtir badalos na hora do sunset com sofisticação.

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Florest

“Mais que um estilo, uma filosofia”. Esse é o lema da Florest, grife de moda masculina com uma pegada total nature que baixou na catwalk querendo mandar o recado de que o homem tem que ser despojado, vestindo uma moda que não abra mão da ligação com a natureza. Como fizeram isso? Apostaram em uma paleta sóbria, com tons de cinza, marrom e verde; e em estampas como “preserve” e “tupiniquim”. Com cortes modernos no acabamento das camisas – seja nas mangas ou na barra -, a Florest sugere um homem também ousado: o peitoral e o torso aparecem com destaque. Nos acessórios, cordas entrelaçadas formam pulseiras arrematando os looks – que juntos, criam uma unidade super coerente.

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Sol de Verão

A segunda leva de moda praia ficou a cargo da Sol de Verão, grife estreante do Vitória Moda. Aqui, a ideia é valorizar as curvas femininas mais que o normal. Para isso, o maiô ganha sofisticação com tecidos tecnológicos, estampas duplas e marcação na cintura. E se a proposta é deixar a sensualidade brazuca latente, o biquíni de lacinho – tradição das tradições – não poderia ficar de fora. Ele continuará dando as caras nas areias, mas com estampas tropicais, carregadas de cor. Até porque, convenhamos, é verão, e o espírito é livre, e haja fôlego para as altas temperaturas. A Sol de Verão quer uma mulher glamourosa nas praias, seja nas areias de Trancoso ou de Jurerê. Por isso, ela dá pivô com braceletes dourados e quando deixa a praia veste um macacão branco todo trabalhado no decote ou um macaquinho preto daqueles perfeitos para drinks no bar no pós-praia.

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Hagaef

Sendo a moda uma expressão artística, ela apresenta uma liberdade de criação com ausência de lógica, como se estivesse em uma dimensão paralela, onde, na passarela, tudo é permitido. A Hagaef levou essa análise a sério, bebeu da fonte de Freud e do surrealismo, e armou uma coleção de verão com visão bastante lúdica. Vestidos midi, saias de cintura alta, croppeds, tomara que caia e vestidos fluidos estiveram em looks que mais pareciam ter saído de quatros surrealistas. As formas são curvas, as cores chamativas, e as imagens estouradas no tecido. Tudo com apoio digital que causou um forte impacto na apresentação. Para entender e querer vestir, basta uma questão de olhar.

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Turquesa

Foi psicodelia pura a estreia da Turquesa, grife que viajou para a Índia, arrastou o sári no mercado e voltou para Vitória com mais influências do que Ganesha tem de braços. Sob comando de Karina Turco, a coleção de verão conseguiu traduzir uma das mais míticas culturais do globo com suas castas, deuses e costumes. A cartela de cores, como não poderia ser diferente, foi viva e de teve de um tudo: coral, terra, azul royal, vermelho, amarelo e pink. A “Indian Paradise” estampou elefantes, borboletas, anjos, mandalas e vitrais – tudo bem lúdico -, em cinturas marcadas e altas, hotpants, croppeds e tecidos fluidos. Pomposos, os looks vieram sobrepostos, e com excesso de panos,  uma aposta até então inédita na temporada. Mas se é para se imaginar às margens do Ganges, tradicional não dá para ser.

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Surreal

“Até onde e quanto a geração Z estará absorta com o tudo e o nada ao mesmo tempo?”. Essa é a indagação que norteou a coleção de verão da Surreal, uma junção de desfile-protesto com retrato fidedigno (e triste) da nossa realidade. A grife quis questionar a juventude que vive conectada, afoita por likes, seguidores e selfies. Essa turma apressada, que não tem tempo para nada, e ao mesmo tempo quer fazer tudo, foi retratada em uma moda de três pilares que “conversaram” super bem: street, esportiva e hitech. Com um cartela P&B e cinza que deu espaço para estampas vivas (é verão, bom citar!), a Surreal apostou em materiais sintéticos que deram um quê futurista, tecnológico, jovem, e sport. Ao som de “Bitch Better Have My Money” de Rihanna, as modelos usavam viseiras, uma make prateada que ornou com todo o resto e estavam – como não poderia ser diferente – algemadas a celulares. O verão da Surreal é do cropped, da cintura alta e da ousadia. No final, a fila row foi formada com uma…selfie.

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Konyk

Aqui, o melhor do terceiro dia, quiçá da temporada. A Konyk, grife comandada por José Carlos Bergamim, que também vem a ser o presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário da Findes; explicou em seu espetáculo-desfile por que foi guardada para o final. Com Thiago Martins – no ar como o Diogo de “Babilônia” – dando rasantes super divertidos na passarela, dançando, mandando passinho, brincando com o pit e pegando até bebê no colo; a marca quis enaltecer símbolos capixabas. A começar pela catwalk, toda adesivada com a fauna do Espírito Santo, o Museu Solar Monjardim, o Convento da Penha, e outros tantos símbolos dessa cultura ímpar. Na trilha, o agitador cultural da ilha Fábio Carvalho entoou um set “Afro Congo Beat”, capixaba até dizer chega. Falemos de moda: com uma paleta de cores focada na bandeira do estado – branco, azul e rosa -, os looks apresentaram estampas significativas, mas leves ao mesmo tempo. Destaque para as de beija-flor e orquídeas, manguezal e referências religiosas. Para a Konyk, as bermudas devem vir acima do joelho, e as calças podem fazer de um tudo no verão: surgirem detonadas, dobradas na barra ou no comprimento tradicional. Além da estação do jeans, o verão vai deixar o homem fashonista ousar nas camisas. São três as propostas que HT amou: camisetas oversized com shape comprido e solto; long line também comprido, porém com molde mais fit; e o long tail com as costas alongadas. Ao som de “Madalena do Júcu”, casacas e tambores mil deram o tom do congo, ritmo do Estado, para a formação da fila row. (Aula de história: a canção famosa na voz de Martinho da Vila se chama do ‘Jucú’ por causa do bairro de Barra do Jucu, em Vila Velha, aqui no Espírito Santo, berço do congado).

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