No Dia Mundial da Água, criado no dia 22 de março de 1992 pela Organização Mundial das Nações Unidas, tem como tema este ano de 2024, “Água para a Paz”. O propósito do dia conscientizar a humanidade sobre a necessidade de preservação do recurso, bem como impulsionar a discussão quanto ao consumo e à qualidade, vamos falar sobre a participação do SENAI CETIQT em prol da indústria têxtil reduzir o consumo de água. O Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras vem sendo um aliado indispensável e tem se dedicado ao desenvolvimento de pesquisas e projetos em torno do plasma atmosférico com o objetivo de encontrar maneiras de reduzir o desperdício desse recurso natural na produção do setor.
Sustentabilidade é a palavra de ordem em um mundo no qual os recursos naturais tendem a ser cada vez mais escassos e a produção de lixo é crescente. Conforme uma parte da população do planeta foi tomando consciência da necessidade de controlar o que se descarta, que que ganha mais e mais adeptos todos os dias no Brasil e no mundo. De acordo com a Ellen MacArthur Foundation, a produção têxtil usa cerca de 93 bilhões de metros cúbicos de água anualmente – o equivalente a 37 milhões de piscinas olímpicas. Para minimizar o impacto do consumo de água e da contaminação de rios e mares por meio dos resíduos dos processos de fabricação, que possuem altos níveis de componentes químicos, a indústria têxtil tem apostado em estudos e tecnologias que conscientizem sobre a economia e reutilização da água, assim como tem realizado ações efetivas, que alinhem sustentabilidade com a qualidade do produto, para atender as demandas do setor.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, diante das questões ambientais que o mundo atravessa fez a seguinte reflexão: ‘Nós não temos um segundo planeta Terra. Todos nós somos responsáveis pelo o que está acontecendo”. A indústria da moda aumenta a sua responsabilidade exponencialmente. O desperdício causado pela produção de roupas no mundo também é preocupante, pois é responsável por 20% do total de desperdício de água globalmente. ESG, em português, é Meio Ambiente, Social e Governança. É a tradução do inglês Environmental, Social and Governance. O que fazemos para nós mesmos está colaborando para o planeta e para toda a humanidade. Meio Ambiente é essa simbiose, essa união de tudo com tudo. Precisamos pensar no caminho que vai da concepção do produto a seu descarte.
A INOVAÇÃO PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO + MEIO AMBIENTE
O Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT, é um centro de referência na geração de conhecimento para a cadeia produtiva química, têxtil e de confecção, que sempre esteve em sintonia com as demandas específicas e tendências de futuro da indústria brasileira. Comemorando 75 anos em 2024, desde o início o CETIQT se estruturou para atender ao desenvolvimento estratégico das indústrias nacionais.
Hoje o centro atua na promoção de uma indústria sustentável, inovadora e competitiva, investindo nas áreas de sustentabilidade e economia circular, por meio da oferta de consultorias, projetos de estudos, pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos, novos processos e recursos naturais; além de se dedicar às formações profissionais e consultorias para o desenvolvimento da cadeia produtiva da moda.
PLASMA ATMOSFÉRICO PARA DIMINUIÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA
O Plasma Atmosférico é uma tecnologia que aplica descargas elétricas em um gás à temperatura ambiente. Ele contém espécies químicas como radicais livres, íons e fótons ultravioleta que interagem com a superfícies dos materiais, tratando as superfícies em condições de vácuo, ou em condições atmosféricas, minimizando o uso de reagentes químicos e sem a produção de efluentes.
Devido às diversas formas de aplicação, essa tecnologia se tornou uma alternativa promissora para a expansão da sustentabilidade dentro do setor têxtil. No processo de tingimento, por exemplo, o plasma pode atuar como um pré-tratamento. Graças à sua capacidade de destruir as barreiras que dificultam a difusão do corante no tecido, o resultado é uma maior fixação, maior solidez no momento da lavagem, economia do consumo de água e a redução da quantidade de substâncias poluentes liberadas na natureza.
Outro benefício, a partir do tratamento realizado com o plasma, pode ser encontrado no processo de sublimação, estamparia e colagem em tecidos e fibras sintéticas. Essa tecnologia modifica a superfície dos tecidos, aumentando a receptividade desse material aos corantes, pigmentos, tintas e revestimentos, o que dispensa o excesso de água e o uso de tratamentos químicos tradicionais.
A pesquisa é um processo complexo em função da diversidade de fibras (celulósicas, sintéticas, regeneradas, proteicas, entre outras.), mas com o parque de equipamento do ISI e seus pesquisadores altamente capacitados, é possível oferecer soluções inovadoras para avançarmos com a indústria têxtil – Adriano Passos, coordenador no Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras.
Além das áreas citadas anteriormente, o plasma atmosférico pode ser utilizado na esterilização, que poderá eliminar odores, impurezas e microrganismos contagiosos, que estão presentes na superfície de tecidos, garantindo mais respirabilidade e higiene. Os substratos poderão ser funcionalizados com propriedades hidrofóbicas, hidrofílicas e metais, com efeitos anticorrosivos que também garantem a preservação de amostras metálicas.
A Água nos Une, o Clima nos Move
No ano passado, a Conferência da ONU sobre a Água, foi realizada em março, em Nova York. Como a ONU divulgou, “ encontro buscou acelerar a ação conjunta para alcançar os objetivos e metas internacionais acordados sobre o tema, incluindo os que estão presentes na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Dentre os resultados da Conferência, destaca-se o lançamento da Agenda de Ação da Água, que representa comprometimentos voluntários de todos os níveis, incluindo governos, instituições e comunidades locais. “É o evento mais importante sobre o tema nesta geração. Ela objetiva conscientizar sobre a crise global de água e decidir ação conjunta para alcançar os objetivos e metas internacionais acordados sobre o assunto, incluindo aqueles contidos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
Aqui, no Brasil, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) lançou, EM JANEIRO DE 2024, a primeira edição do estudo Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil . Revelou o tema do Dia Mundial da Água (22 de março) no Brasil neste ano: A Água nos Une, o Clima nos Move. “Esse estudo indica um cenário com tendência de redução na disponibilidade hídrica para quase todo o País, incluindo grandes centros urbanos e regiões importantes para produção agrícola, como a bacia do rio São Francisco, considerando cenários de curto, médio e logo prazo – respectivamente os períodos de 2015 a 2040, de 2041 a 2070 e de 2071 a 2100”.
Segundo a publicação, “a disponibilidade hídrica pode cair mais de 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040. Com essa redução, existe uma tendência de aumento do número de trechos de rios intermitentes (que secam temporariamente) especialmente na região Nordeste. Essas situações demandam preparação e podem afetar a geração hidrelétrica, a agricultura e o abastecimento de água nas cidades dessas regiões. Por outro lado, o Sul possui uma tendência de aumento da disponibilidade hídrica em até 5% até 2040, mas com uma maior imprevisibilidade e um aumento da frequência de cheias e inundações, como vem ocorrendo na região nos últimos anos”.
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