Na semana passada, pontuei aqui pra você, leitor, que, enquanto cientistas trabalham incansavelmente em busca de uma vacina e de medicamentos específicos para combater o cornavírus, foi realizada uma transmissão ao vivo e online para todo o Brasil da assinatura do Termo de Cooperação no qual o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, organização integrante do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT, foi selecionado e credenciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), que atua na cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais, apoiando projetos em sua fase pré-competitiva. O acordo de cooperação assinado permitirá a produção de soluções para a indústria e empresas nas áreas da biotecnologia, fibras e intensificação de processos químicos e bioquímicos com ênfase na sustentabilidade.
Paralelamente, registro aqui mais um passo importantíssimo nas pesquisas: o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT – vem reunindo parceiros no combate à disseminação do vírus e a Diklatex Industrial Têxtil S.A, uma das mais importantes indústrias brasileiras na produção de tecidos de alta performance, selecionada no Edital SENAI de Inovação da Indústria – Missão contra o COVID-19, e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) trabalham em sinergia com os especialistas da instituição no desenvolvimento de têxteis funcionais com propriedades antivirais, que, por exemplo, já conseguiram inativar os vírus do sarampo e da caxumba em testes, e seguem ainda também com pesquisas de eficácia sendo realizados contra o Covid-19.
Os testes estão sendo realizados pela Bio-Manguinhos/Fiocruz, organização das mais gabaritadas no país. A expectativa é que sejam produzidas 600 mil peças por mês, entre máscaras, aventais e scrubs, que contarão com compostos químicos que já conseguiram inativar os vírus do sarampo e da caxumba em testes. A observação da eficácia em relação ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) está em plena execução e o resultado deve ser anunciado nos próximos dias.
Desde março, equipes com médicos, microbiologistas, engenheiros têxteis, de materiais e químicos, trabalham no desenvolvimento da solução. “A plataforma de inovação em fibras trabalha em soluções inovadoras que envolvem o mapeando de matérias-primas alternativas, o desenvolvimento de novas formulações para funcionalização de antivirais em substratos têxteis e ajustes de processo aplicação. Temos o apoio do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção na produção de protótipos de itens hospitalares. A Bio-Manguinhos/FIOCRUZ é um parceiro importante em nosso desenvolvimento para determinação antiviral no artigo têxtil”, afirma Adriano Passos, coordenador da plataforma de Fibras do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, organização integrante do SENAI CETIQT.
Fomos informados pelo SENAI CETIQT que Bio-Manguinhos está testando, experimentalmente, a ação antiviral do tecido em seu Laboratório de Tecnologia Virológica (LATEV). Segundo a chefe do laboratório, Sheila Maria Barbosa de Lima, os estudos foram iniciados usando como modelo outros vírus de transmissão respiratória, como os de sarampo e caxumba, agentes biológicos que podem ser manipulados em laboratório com Nível de Biossegurança 2 (NB-2) e que possuem modo de transmissão semelhantes ao Sars-CoV-2.
A equipe das pesquisadoras Adriana Azevedo e Waleska Schwarcz está conduzido os ensaios e afirmam que os resultados preliminares demonstraram que amostras de tecidos formulados pela Diklatex foram capazes de inativar 99% das partículas virais (sarampo ou caxumba), nos ensaios in vitro. “Os tecidos com maior ação antiviral serão selecionados para a próxima etapa do estudo que irá avaliar a eficiência antiviral dos têxteis contra o Sars-CoV-2 em laboratórios NB-3. Até o momento, os resultados alcançados são promissores e a expectativa é que em curto prazo seja comprovada a ação antiviral também contra o novo coronavírus”, salienta a chefe do Laboratório Sheila Maria Barbosa de Lima.
O diretor executivo da Diklatex, André Jativa, comenta que “desta forma, consolidamos nossa presença como marca que pensa além e fazendo isso primeiramente por nossa nação, nossas empresas e nossas pessoas. É assim que enxergamos o nosso papel e o da indústria têxtil nacional, nessa crise. Eduardo Habitzreuter, engenheiro têxtil da Diklatex, cita a importância da valorização a produção e toda a cadeia nacional: “Este projeto produziu e agrega muitos conhecimentos técnicos, já que depois desta pandemia poderemos ampliar ainda mais o espectro de aplicações têxteis diferenciadas, produzindo soluções inovadoras que quebrarão alguns paradigmas do mercado e até mesmo uma maior independência nacional em relação à estas soluções.”
O projeto é financiado com recursos do Edital de Inovação para a Indústria (SENAI) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Vale lembrar aqui os importantes trabalhos realizados em tempo recorde em prol dos profissionais que estão na linha de frente do combate ao Covid-19 e para toda a população do nosso país pelo Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção (IST) e Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), do SENAI CETIQT. Estamos falando sobre produção de EPIs, incluindo máscaras e viseiras de proteção, ensaios laboratoriais têxteis e para produção do álcool em gel 70% com novas formulações derivadas da nanocelulose e/ou outros produtos naturais, auxiliando empresa para a produção em escala industrial, impressão 3D, grafeno que inibe 98.7% do crescimento bacteriano em vestimentas e testes rápidos para detecção de Covid-19, entre outros projetos.
Lá em março, quando do início dos primeiros casos de pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus, o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI CETIQT) – formado pela Faculdade SENAI CETIQT, Instituto SENAI de Inovação e Instituto SENAI de Tecnologia – já estava unidno forças e a resposta foi a sinergia e a solidariedade entre profissionais, instituições de pesquisas e as indústrias química, têxtil e de confecção. Todos se reinventando neste momento e sempre pensando no social. No Fashion Lab, primeiro laboratório high tech para experimentação tecnológica no setor têxtil e de confecção, profissionais estão colocando à disposição de indústrias, pequenas empresas e instituições de pesquisas infra-estrutura física e intelectual para o desenvolvimento de soluções práticas e inovadoras, como a fabricação de protetores faciais (incluindo máscaras) e vestimentas, em prol da sociedade e profissionais da saúde. A proposta é criar soluções, em impressão 3-D, por exemplo, para dar suporte à produção de itens que evitam a disseminação do vírus.
O Instituto SENAI de Tecnologia desenvolveu normas técnicas para estas fabricações e que estão sendo de suma importância. Conversei com o gerente do Instituto SENAI de Tecnologia em Têxtil e Confecção do SENAI CETIQT, Fabian Diniz, e ele, ressalta as inúmeras ações emergenciais: “O propósito transborda o trabalho do dia a dia. Estamos falando de vidas e soluções de proteção para que o vírus não dissemine. Estamos unidos à empresas e instituições que estão utilizando as impressoras em 3D, por exemplo, como confecção dos suportes para protetores visuais. Desenvolvemos normas técnicas para a fabricação de máscaras, aventais e capotes para que empresas possam fabricar esses materiais vitais em tempo recorde. Disponibilizamos ainda um conjunto de informações sobre a confecção de máscara de proteção alternativa para a população, produto foi simplificado e adaptado para a confecção em maquinário industrial ou semiindustrial”.
No que diz respeito à impressão 3D, o SENAI CETIQT participa de um grupo com outras instituições, que faz levantamento e mapeamento de parques tecnológicos que tenham disponibilidade para impressão conforme as demandas hospitalares. De acordo com a consultora técnica do IST Angélica Coelho, no momento estão sendo produzidos elementos para as viseiras faciais. “É um equipamento de uso externo e toda a peça é de encaixe, facilitando na hora do transporte e da montagem. A higienização é feita com álcool 70% ou algum desinfetante líquido”, diz Angélica.
Angélica Coelho acrescenta que, como a ideia também é a inovação sempre, outros produtos estão sendo desenvolvidos envolvendo a sinergia de todas as equipes do SENAI CETIQT e em parceria com instituições. Entre eles, estão dois modelos de máscara com filtro, válvulas e conectores para ventiladores mecânicos, usados na assistência à respiração, um extensor de máscara para que ela não se desloque nem fique presa atrás da orelha; protetor de punho para resguardar a pele de ambientes de alto contágio; abridor de portas pessoal, a fim de evitar o contato direto com superfícies contaminadas; e máscara exterior para acoplar uma válvula e ajudar o oxigênio a entrar no pulmão do paciente, na fase pré-aguda da Covid-19. “Um dos modelos de máscara com filtro é feito em náilon biocompatível e mais flexível, o que reduz as chances de provocar alergia por causa das horas de uso, além de ser anatomicamente mais confortável”, detalha a consultora técnica.
Os laboratórios do IST possuem infraestrutura moderna e equipe técnica qualificada, o que possibilita a realização dos serviços metrológicos de ensaios físicos e químicos em materiais têxteis, medições colorimétricas e calibrações de instrumentos óticos alinhadas aos avanços tecnológicos da cadeia têxtil, confecção, moda e afins. Como diferencial, os laboratórios possuem rastreabilidade a laboratórios nacionais e internacionais (NPL, NRC, entre outros). O portfólio integrado de consultorias do IST tem como objetivo fortalecer o desenvolvimento sistêmico do segmento industrial Têxtil, de Moda e de Confecção. Apresenta soluções que partem da criação chegando até a comercialização dos produtos, focadas na redução de custos de projeto e na melhoria do desempenho de processos e produtos.
Já os pesquisadores que atuam nos modernos laboratórios do Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) do SENAI CETIQT, no Rio – em plena sinergia com a Quarta Revolução Industrial, já se preparando para a Quinta e levando para todo o mundo globalizado as nossas inovações nas áreas de biologia sintética, intensificação de processos químicos e têxteis técnicos, com foco na circularidade e sustentabilidade nas cadeias química e têxtil – estão ajudando instituições, empresas e sociedade a fazerem a nossa história no combate ao Coronavírus. O gerente do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, Paulo Coutinho, nos contou sobre os trabalhos que vêm sido desenvolvidos e vamos começar ressaltando as novas descobertas de materiais para a produção do álcool em gel 70%, essencial na vida de todos os cidadãos do Brasil e do mundo para os cuidados pessoais em tempo de pandemia de Covid-19. “Entre inúmeras ações de apoio à empresas e à sociedade, identificamos que pode-se produzir o álcool em gel 70% com novas formulações derivadas da nanocelulose e/ou outros produtos naturais. Auxilia empresa para a produção em escala industrial e, assim, atendendo demandas do Brasil de Norte a Sul e com ênfase total em sustentabilidade”, pontua Paulo Coutinho.
O ISI desenvolveu pesquisas também para testes rápidos para o diagnóstico do Covid-19 na população. Os pesquisadores continuam nos laboratórios trabalhando no desenvolvimento de testes que podem proporcionar o resultado em cerca de 10 minutos. As pesquisas foram feitas em parceria com a Fiocruz, UFRJ, e com apoio de empresas.
O gerente do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil ainda ressaltou outras frentes de trabalhos em conjunto, como a pesquisa de novos tecidos para a fabricação de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como máscaras cirúrgicas, protetores faciais (faceshield), luvas e vestimentas para os profissionais da saúde.
O consultor técnico Ricardo Cecci destaca ainda as pesquisas com grafeno feitas no ISI. A partir de um estudo que usava o grafeno para dar condutividade elétrica nos têxteis, foi feita uma descoberta que pode ajudar no combate ao coronavírus. “Vimos que o tecido com grafeno inibe 98.7% do crescimento bacteriano”, anima-se ele. O trabalho dos técnicos é voltado para duas linhas de análise: modificação de superfície e têxteis nanofuncionalizados, que permitem funcionalizar os tecidos para algumas aplicações. “Por que não funcionalizar tecidos tradicionais de máscaras, aventais e campos cirúrgicos com um ativo que tenha propriedade antiviral? É isso que estamos estudando, ainda na fase de seleção e avaliação de materiais, como o grafeno. Temos uma parceria com a Fiocruz para testar as superfícies”, revela Cecci.
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