Revelamos o mapa da mina sobre o que abusar e o que evitar neste Hell de Janeiro a 50 graus!


“Pare de reclamar que está calor e vá caçar sua turma, esfriar a cabeça e descobrir possibilidades de diversão no Rio”, comenta o jornalista e dramaturgo Junior de Paula

* Por Junior de Paula

Sim, está calor, todo mundo sabe disso e a gente não cansa de repetir esta afirmação por aí. Aliás, nunca foi tão fácil puxar assunto no Rio: na fila, no elevador ou no bar enquanto se espera a próxima rodada de chope. É só olhar, sorrir, passar a mão na testa e disparar: “Que calor é esse, hein?”.

A pergunta é clichê, mas aí depende da sua criatividade para fazer o papo render e, quem sabe, aproveitar para ganhar um amor de Verão que pode perdurar pelo resto das estações também.

Para aproveitar esta estação que está castigando os cariocas e turistas – com temperaturas chegando a 50ºC -, a gente resolveu fazer um mapa da mina sobre o que abusar e o que evitar neste Hell de Janeiro (… e fevereiro e meados de março).

Evite as praias da Zona Sul. Lotadas, com uma espuma estranha que dizem ser por conta de algas + esgoto, arrastões, que, mesmo com o aumento do policiamento, voltaram à moda, e sem falar, claro, nos preços abusivos – um coco a R$ 5 e o aluguel de um guarda-sol a R$ 15 só se justificariam se viessem banhados a ouro. A solução? Que tal as muitas cachoeiras da cidade? Apesar de também estarem lotadas, pelo menos você tem a certeza de que a água é limpa e que a temperatura ambiente não vai fritar o seu cérebro.

A Barra, apesar do que a turma da Zona Sul adora dizer, não é tão longe assim, e as praias além Recreio são limpas, lindas e ainda permitem a você a sensação de ter feito uma viagem para o Caribe sem ter de passar pelo suplício do Galeão. E mais: ao contrário da Zona Sul, existe brisa marítima do lado de lá do Joá, o que faz a experiência na praia um tanto quanto mais agradável.

O aeroporto, aliás, é outro drama da vida real no Rio. Com ar-condicionado que não aguenta a demanda, obras que não evoluem, esteiras paradas e elevadores estragados, sem falar nos taxistas que vira e mexe se estapeiam, a passagem por lá deve ser encarada como um limbo, onde você fica um tempo pagando seus pecados antes de chegar em algum lugar mais agradável e menos penoso.

O Baixo Gávea é ótimo, um clássico e todo mundo sabe disso, mas evite querer almoçar por lá em um domingo de sol ou tomar um chope numa quinta-feira à noite. A não ser que você queira brigar por uma mesa ou esperar horas a fio em pé. Procure horários alternativos e dias menos badalados. Mais do que criar uma nova moda, você pode observar todo mundo que está ao seu lado e circular com mais tranquilidade sem ter que tropeçar em ninguém e nos carrinhos de cerveja que os guardas municipais fingem que não estão vendo. Ah, um outro programa maravilhoso no Baixo Gávea é comprar um vinho rosé – serve branco também – bem gelado no Guimas e sentar nos jardinzinhos ali da frente, aproveitando para conferir a movimentação da rua.

Por falar em jardim… fuja para o Jardim Botânico. As muitas árvores da região podem proporcionar em média quatro graus a menos do que no resto da cidade. Os bares do Horto, por exemplo, são ótimos e também configuram uma opção para beber. Sempre cheios, com gente legal e um clima mais civilizado.

Além do açaí, ícone de qualquer verão carioca, e suas mil casas de suco, os sorvetes ganharam força no verão com o número cada vez maior de sorveterias recém-abertas. Da tradicional Mil Frutas e seu diversos sabores naturais, tem a Vero, em Ipanema, com o delicioso sorvete de creme de limoncelo, a Venchi, italiana cool na Dias Ferreira, no Leblon, com seu maravilhoso sorvete de pistache e os picolés clássicos do Sorvete Itália, que, além de refrescarem, são um alívio para o bolso com o preço sempre amigo.

As festas mais legais do Rio saíram dos quartos fechados e ganharam lugares abertos, com vista e com possibilidade de vento. Tem no terraço do MAM, no Clube Santa Luzia, no Espaço Rampa, no Clube dos Macacos, nas lajes das Favelas do Dona Marta, do Vidigal, da Tavares Bastos e assim por diante. São tantas e tão legais, que seria injusto citar só algumas.

Bom também é aproveitar o ar condicionado bombando dos teatros e cinemas para se atualizar culturalmente. Três musicais imperdíveis estão em cartaz e prometem, além de emoção e diversão, um clima de montanha por algumas horas. Elis, o Musical, no Teatro Oi Casa Grande, Cazuza, no Net Rio, e o azarão da temporada, o espetáculo The Book of Mormon, feito pela turma de artes cênicas da Uni Rio, com entrada gratuita, que vem arrebatando fãs e ótimas críticas na cidade.

Enfim, são muitas os prós e contras do verão e que não caberiam aqui se ficassemos listando ad eternum. Portanto, mãos à obra, pare de reclamar que está calor demais e vá caçar sua turma, esfriar a cabeça e descobrir novas possibilidades de diversão no Rio. Mas enquanto durar o período da sauna, opte pela sombra. E não esqueça, claro, do protetor solar.

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.