Na abertura do Inspiramais Inverno 2017, conversamos com os executivos que fazem a roda da moda girar: “É hora de sustentabilidade e otimismo”


Se o mercado interno ainda sofre com a crise econômica – apesar do clima leve e mirando o futuro de todos os presentes no Inspiramais -, o mercado externo incrementa significativamente sua demanda pelas peças produzidas no Brasil. Um bom sinal disso é a confirmação de duas edições do Inspiramais no exterior, no segundo semestre de 2016: Peru e México

O dia começou cedo para os fashionistas em São Paulo. O motivo? A 14ª edição do Inspiramais – Salão de Design e Inovação Inverno 2017, que, nesta temporada, está de casa nova, no imponente Centro de Eventos Pró-Magno e já tem registrado um crescimento de 30% de visitantes ligados à área têxtil, de confecção, joias, moveis, artefatos, além de componentes para calçados e couros que serão usado em peças que vão ganhar as ruas a partir do Inverno 2017. O site HT e os principais representantes do setor de componentes e materiais para moda e seus parceiros estiveram reunidos nesta manhã de segunda-feira (27/6) para um papo em que duas palavras de ordem foram as que guiaram as falas dos participantes: otimismo e sustentabilidade.

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“O primeiro paradigma que a gente tem que quebrar é de achar que um produto com foco na sustentabilidade é caro. Ele pode, inclusive, reduzir custos, já que as etapas são mais bem pensadas e o desperdício de material acaba sendo em menor escala. Nosso maior desafio é motivar as empresas a seguir por esse caminho. Não só o planeta vai ganhar. As empresas que se dedicaram à questão da sustentabilidade estão com menos crise e passando mais tranquilas por esse momento de turbulência” disse o presidente da Assintecal, Milton Killing, antes de completar: “Crise, aliás, é só uma oportunidade que estão nos dando para melhorar”.

Milton Killing, presidente da Assintecal

Milton Killing, presidente da Assintecal

A sustentabilidade, ainda bem, é um caminho sem volta no mundo da moda. Seja em que setor for e o tamanho de cada empresa. A regra passou a ser cuidar do mundo e, principalmente, da cadeia produtiva como um todo. Um bom exemplo foi o crescimento do número de empresas detentoras do Selo Origem Sustentável, criado pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos (Assintecal), em parceria com o Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Universidade de São Paulo (USP) e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para empresas da cadeia produtiva do calçado.

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“A certificação, que segue a escala Branco, Bronze, Prata, Ouro e Diamante, reconhece as empresas brasileiras que já incorporaram a sustentabilidade em seus processos. O lançamento oficial do programa ocorreu em 2013, quando as primeiras empresas dos setores de calçados e seus componentes foram certificadas por seu alinhamento aos quatro pilares avaliados: ambiental, econômico, social e cultural. Certificamos já 140 empresas do Setor de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos com nosso Selo de Sustentabilidade, e isso demonstra o quanto nosso empresário está empenhado por inovar e buscar novas alternativas que beneficiam o mercado, sua empresa e a sociedade”, anunciou a Superintendente da Assintecal, Ilse Guimarães, que ainda foi além: “O setor calçadista talvez seja o mais integrado à ideia de sustentabilidade, já que desde o curtume do couro até o produto final, todas as etapas podem ter esse selo. É um orgulho e deve ser divulgado”.

Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal

Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal

No melhor estilo juntos somos mais fortes, a Assintecal anunciou, ainda, a continuidade de parceria com o Sebrae Nacional, responsável por desenvolver em parceria projetos como Materiotecas, projeto Criar, Rodadas de Negócios, Selo Origem Sustentável, Mix by Brasil, Referências Brasileiras, Saberes Manuais e Fórum de Inspirações. “É uma parceria antiga, de muito sucesso, com diversos projetos acontecendo e focada na demanda do nosso público-alvo: os 310 mil pequenos negócios de moda”, afirmou Juliana Pires, representante do Sebrae Nacional.

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Para corroborar ainda mais a união do setor, 0 IBB – Instituto By Brasil, representado por seu presidente Evandro Wolfman, e Carlos Mestrini, presidente do Sindicato de Birigui, nos contaram em primeira mão que assinaram um acordo de cooperação entre as partes e o instituto e sindicato passarão a desenvolver projetos em parceria para beneficiamento em informação, design e inovação das empresas do Brasil inteiro. “Estamos remodelando e criando um novo panorama para o futuro: os elementos de integração entre entidades, universidades, sindicatos e pesquisadores buscando incentivar a indústria a inovar, trabalhar a sustentabildade e o design”, disse Evandro, que tem na parceria com o sindicato de Birigui uma ideia bem clara: “Integrar todos os centros de pesquisa no Brasil inteiro e agregar valor ao nosso produto, que é o calçado, para buscar ser mais competitivo no mundo globalizado”.

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Ao mesmo tempo, Mestrini, o nome por trás do Sindicato de Birigui, acrescentou: “Nos últimos dois anos, fizemos um trabalho muito forte no sentido de nos prepararmos. Não ficamos reclamando e chorando da situação. Procuramos trabalhara o nosso quorum no sentido de dias melhores, e eles estão chegando. O que construímos nesses dois anos, nós queremos compartilhar com outros pólos e o IBB é um parceiro que vai nos ajudar a dividir essa conquista. Estamos investindo nas pessoas, em equipamentos, em softwares para atender a um consumidor cada vez mais exigente. A parceria é para multiplicar esse aprendizado, esse conhecimento. Acredito na troca entre pólos, na cadeia produtiva como um todo e, acredito, sobretudo, em consolidar esse país que nós queremos. Desejamos voltar a crescer, a gerar empregos, fazer grandes exportações e atender ao mercado interno com excelência”.

E como falamos lá em cima, o otimismo também foi a tônica da nossa conversa com o presidente do sindicato de Birigui. “É um momento de retomada, de esperanças para as nossas indústrias. Estamos otimistas com o segundo semestre, mais otimista ainda com momentos como esse. Parcerias são importantíssimas, só assim que vamos evoluir. Atravessamos um momento muito difícil e estamos trabalhando para deixar essa turbulência econômica para trás e a gente poder contar uma nova história”, profetizou.

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Se o mercado interno ainda sofre com a crise econômica – apesar do clima leve e mirando o futuro de todos os presentes no Inspiramais – o mercado externo incrementa significativamente sua demanda pelas peças produzidas no Brasil. Um bom sinal disso é a confirmação de duas edições do Inspiramais no exterior, no segundo semestre de 2016: Peru e México receberão o Salão de Design e Inovação que estará integrado às feiras Expodetalles e Anpic. Estes resultados são o principal sintoma de um mercado externo com gana por novidades e inovação. Para colocar isso em números, a gente preparou uma listinha: no primeiro quadrimestre de 2016, as empresas participantes do FC by Brasil – fruto da parceria entre Assintecal e Apex-Brasil – tem demonstrado ainda maior desempenho nas exportações. No primeiro quadrimestre registraram um desempenho positivo de 44,7% na comercialização de materiais com o mercado externo, durante os quatro primeiros meses do ano. Ao todo, foram exportados U$ 84,9 milhões, o que representa um aumento de U$ 26,2 milhões de exportações em relação ao mesmo período do ano anterior.  “Além disso, temos 10 compradores internacionais fazendo reuniões com as empresas aqui, e cinco jornalistas internacionais que vieram especialmente para conhecer o Salão de Design e inovação”, completou Mariana Gomes, da Apex Brasil, que tem previsão de gerar US$ 500 mil em negócios imediatos chegando a superar os R$ 2 milhões registrados na última edição, realizada em janeiro/ 2015.

Já o Coordenador do Núcleo de Moda e Design da Assintecal, Walter Rodrigues, destacou outros aspectos. “A grande problemática do mundo é comunicar, chegar às pessoas. Esse trabalho só vai reverberar se essa dinâmica se viabilizar a partir de acordos e parcerias. É Ubuntu o tempo todo”, disse Walter, fazendo referência ao slogan dessa edição do Inspiramais, palavra de origem africana que, em português, pode ser traduzida como “Eu sou, porque nós somos”. “Toda a indústria existe por causa dos pequenos, dos micros. É isso o que faz a cadeia da moda ser tão poderosa e tão incrível”, finalizou.