Minas Trend – Day 2: Mix de estampas, tropical punk e presença de Juliana Paes e Ludmilla agitam o último dia de desfiles em Minas Gerais


Virgílio Couture, Molett, Chocker, Anne Est Folle, NotEqual e Skazi apresentaram suas propostas para a primavera-verão de 2019 no segundo dia de desfiles na capital mineira

Virgilio Couture - Minas Trend 22a edição (Foto: Henrique Fonseca)

*Por Karina Kuperman

 

Juliana Paes e Ludmilla levaram todo seu carisma e brilho à passarela do Minas Trend nesse segundo dia de desfiles. Convidadas da marca Skazi, a atriz e a funkeira deram um verdadeiro show e a opinião foi unânime: fecharam o line-up com chave de ouro do maior evento de moda criativa produzido pela Fiemg.

Antes disso, o dia também contou com apresentação inspirada de Virgílio Couture, que trouxe para passarela uma nova proposta do tropical, com pinceladas de punk, xadrez e muito animal print, Molett, que, comandada por Bárbara Monteiro, inspirou-se no “Manifesto Antroprofágio” de Oswald de Andrade e surpreendeu ao associá-lo à cultura brasileira, Chocker, que investiu na vibração e alegria das “Chelsea girls”, as garotas dos anos 60 e 70 de Londres.

Renata Manso, da Anne Est Folle, optou por muito conceito de inspiração fixa: “Gosto do orgânico, de quando a coleção flui”, afirmou. Por último, a NotEqual, de Fábio Costa, apresentou sua moda agênero e sem tamanho definido. Vem entender tudo!

Virgilio Couture:
O estilista Virgilio Andrade abriu o line-up do segundo dia de desfiles com sua coleção Tropical Punk que trouxe um trabalho cuidadoso de colagem em cima de modelagens, passando a impressão de sobreposições. A marca trabalhou xadrez, muito animal print, pinceladas de nanquim, bordados, broches e estampas digitais em tecidos que foram desde os estruturados, como crepe, aos fluidos musseline, cetim e chiffon – todos desenvolvidos com a equipe da Focus Têxtil, de Julia Bianchi, Rodrigo Baba e Virginia Domingos. Ruídos cotidianos, pássaros que murmuram anunciando a chuva, tormenta e tempestada contrastaram com cores explosivas, nuances de pôr do sol e geometria abstrata das peles animais, que resultaram em peças de arquitetura leve sob construções pesadas. “Venho com uma padronagem da estética punk, o xadrez alinhado com as oncinhas. Fugi da ideia de que tropical é só floral”, definiu Virgílio. “Minha roupa é bem construída e pode ser usada em salões de festa, jantar, no dia a dia”, disse.
Depois de ser descoberto na Casa de Criadores, Virgílio passou por um processo de experimentação. “Agora, mostro também meu potencial de vendas. Somos uma marca que nunca desfilou em um evento assim tão grande de mídia e de estrutura”, destacou ele, que elegeu uma cartela de cores com salmão, amarelo, azul, cinza e pitadas de preto.
A beleza, assinada por Ricardo dos Anjos, veio com uma pegada da menina meio country, meio anos 60. “Fizemos ondas na parte de trás dos cabelos e topetes que remetem ao rockabily”, explicou. As peles foram iluminadas com gloss transparente e óleos.

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Molett:
O “Manifesto Antropófago” de Oswald de Andrade, de 1928, foi o ponto de partida de Bárbara Monteiro, diretora criativa da marca, que segue em seu percurso na busca por uma moda resiliente, combativa e questionadora. A ideia da coleção foi gerar uma provocação ao associar a construção da cultura brasileira ao conceito de antropofagia, realizado de forma ritualista em algumas culturais tribais. O ato de se alimentar de um outro ser pode ser compreendido como uma forma de adquirir as qualidades do outro em um processo que envolve magia e respeito ao ser “vencido”. “O manifesto busca trazer nossas raízes de forma moderna pra atualidade e aborda como isso nos transforma. As peças têm técnicas manuais regionais, mas trazidas para o popular, para 2020. Tentamos ser super puros na coleção, mais para mostrar nossas raízes mesmo”, afirmou Bárbara.

Batizada Saramandaia, que significa “feitiçaria”, “bruxaria”, “o que é feito em rituais secretos”, a coleção trouxe peças apropriou-se de elementos de culturas regionais e agregou detalhes de forma enaltecedora. Listras, peças manuais e bordados apareceram em shapes modernos. “Ir além do moletom foi meu primeiro teste, no Ready To Go eu ganhei o primeiro lugar com uma coleção de verão e isso é uma forma de desconstruir o que significa tudo. Moletom é metáfora de conforto, não é um tecido onipresente”, destacou a estilista. “Desconstruir isso é um desafio grande e rico pra mim. É uma pesquisa enorme, temos que correr atrás de novos materiais e garantir que aquilo vai ser realmente o que eu quero dizer, que é o conforto”, disse.

A beleza, de Ricardo dos Anjos, foi bem natural com uma intervenção com uma pincelada de tinta amarela, que transita pela coleção dela e é híbrida, perfeita para ser usada tanto nas meninas como nos meninos. Cabelos vieram naturais, apenas divididos no meio.

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Anne Est Folle:
Efervescência de cores, texturas e formas. Assim foi o verão 2019 da marca. Prints digitais inspirados em florais etéreos, cascas de árvores, raízes fortes e paisagens urbanas dialogaram perfeitamente com as estampas pintadas à mão, os tie-dyes artesanais, os degradés e marmorizados. Aliás, a valorização do trabalho manual ficou ainda mais evidente através das tramas e macramés trazidos pela estilista Renata Manso. Seda pura, chiffons e linhos leves garantiram a fluidez e transparência que a estação pede. “Eu não tenho tema, procuro evitar isso para ter liberdade de ir pelo caminho que a coleção pede. Ela é orgânica, vai criando forma. Mas um trabalho que venho fazendo é estamparia, tanto a mão como digital, feitas na seda pura”, disse Renata.
Já a silhueta da mulher de Anne Est Folle tem foco na cintura, sempre com suavidade e elegância. Saias e vestidos levemente abaloados também marcaram presença na passarela.

Os olhos foram pintados com tinta branca meio borrada com dedos. “Tem uma coisa mais alternativa, e moderna na roupa da marca, então fomos por esse caminho”, explicou Ricardo dos Anjos. A pele é leve, sem blush ou rímel e com pouca correção.

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Chocker:
Sob direção criativa de Shirlene Campos e styling de ninguém menos do que Paulo Martinez, a Chocker apresentou uma coleção inspirada na efervescência de Londres dos anos 60 e 70 – um universo amplo, com forte tendência boho. A queda dos estereótipos, a liberdade e a criatividade no vestir, que lançaram tendências na época, foram lembradas através de estampas feitas à mão inspiradas nas “Chelsea girls”. “Esse universo é muito amplo e desenvolvemos essa coleção pensando nisso, transferindo para os bordados e estampas”, disse a estilista. Peças fluidas, volumes, babados, plissados e alfaiataria vieram em tons off-white, rosé, pink, coral e preto e em tecidos como crepe francês, cetim, rendas, tule e linho. O DNA forte da marca, cuja essência é feminilidade com perfumaria retrô, foi bem respeitado. “Estudamos muito, pesquisamos, levando em conta sempre esse aspecto e o direcionamento do produto. O tema, base no trabalho de desenvolvimento das coleções, tem que ter a cara da marca”, enfatizou Shirlene.

A beleza foi inspirada na coleção, com direito à olhos twiggy com cílios desenhados e pálpebras cor de lavanda. A pele é acetinada, iluminada e a boca rosada. “Já cabelo é mais podrinho, com franja meio caída no rosto”, disse Ricardo dos Anjos.

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NotEqual:
Em sua estreia no Minas Trend, o estilista Fábio Costa, ex-participante do “Project Runway”, trouxe sua moda agênero e sem tamanho pré-definidos e falou de depressão, ansiedade e fortuna em uma coleção cheia de contrastes. “O ponto de partida da coleção é a loucura, essa questão do sentimento do cotidiano e como nosso humor vai mudando”, explicou. Rosa, azul, preto e branco foram as cores escolhidas para as peças da coleção. “Quis mostrar essa pressão da psicose, da loucura, da depressão, com o branco e o preto se unindo, criando o cinza, e o rosa, que vai do saturado ao esmaecido. O azul vai do marinho profundo ao celeste”, disse ele, que reintepretou peças com muita assimetria e quebra de proporções.

Tecidos naturais, e longevos, parceria com a GVallone, ganharam destaque. “A roupa tem que ser atemporal, trabalho com tecidos que tem memória, viajam bem, tem longevidade. Não falamos só de verão, são roupas emotivas pra ocasiões diárias e festas também”, ressaltou. Como não poderia deixar de ser, os shapes também tiveram seus contrastes. “Misturei estruturados e fluidos. Calças com tiras que amarram fazem referência as camisas de força, amarras que criamos para nós mesmos. A coleção vai do justo ao oversized para ter sempre essa destoância”, disse.

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Skazi:
A Skazi colocou o Minas Trend para dançar em um desfile que misturou moda e animação com direito a show de Ludmilla e ninguém menos do que Juliana Paes na passarela. A funkeira cantou seus principais sucessos enquanto as peças da primavera-verão 2019 da marca surgiam na catwalk. Inspirada na tenista Billie Jean King, que chamou a atenção para a igualdade entre homens e mulheres no esporte na década de 1970, a Skazi reinterpretou uniforme de tenistas em tecidos linho e tricô. Corsets de alfaiataria e muito paetê garantiram a pegada glamurosa na vibe esportiva do estilista Eduardo Amarante. “Eu vi ‘Guerra dos Sexos’ e a Billie Jean era protagonista, por isso a coleção partiu dela. É streetwear que vai além do meu universo comercial, com alfaiataria, uma pegada navy. Tudo tem movimento na minha passarela”, disse.
A cartela de cores passou pelo amarelo, salmão, verde-bandeira, marinho, coral, vermelho, branco e preto.
Na fila A, a cantora Paula Fernandes, as atrizes Amanda de Godoi e Laryssa Ayres, a modelo Carol Marra e a apresentadora Antônia Fontenelle prestigiaram o show. “São 25 anos de marca e construímos uma história linda. Gosto de fazer a mulher se sentir bem. A minha causa são as mulheres”, garantiu Eduardo.

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