Live Inspiramais: Capitalismo consciente e a gestão de equipe na busca de novas oportunidades em tempos de crise

Em um mundo cada vez mais preocupado com a empatia, no qual a solidariedade e o trabalho em equipe são primordiais, e os caminhos que levam ao lucro são permeados por novas inspirações, inclusive com o impulso dado pelas Nações Unidas pelo estabelecimento dos Objetivos do Milênio (desde 2015 conhecidos como Objetivos do Desenvolvimento) e pela criação do Pacto Global (que definiu os princípios de envolvimento do setor privado na solução dos problemas da humanidade), Tatiana de Souza, consultora do Núcleo de Design do Inspiramais – Único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina e a cofundadora e CEO da marca Íntima Passion Lingerie, Tania Rezende, participaram de uma live com o tema “A importância do capitalismo consciente para gerir a sua equipe em tempos de crise e gerar novas oportunidades de negócios”, realizada no Instagram do Inspiramais (@inspiramaisoficial) em parceria com o SEBRAE.

Ao longo de quase uma hora, elas conversaram sobre os reflexos da pandemia de Covid-19 na economia e o que é possível fazer para minimizar o impacto na cadeia produtiva do país. “Nesse momento, não tem só a questão de uma loja estar fechada e a produção desacelerada. Existe também a preocupação com as pessoas. Muitos colaboradores estão em casa, fazendo o seu melhor para abraçar a causa da empresa e manter a engrenagem funcionando”, diz Tatiana.

O empoderamento das equipes consiste em proporcionar aos colaboradores da cadeia produtiva informações e ferramentas necessárias para que possam assumir responsabilidades, propor soluções inovadoras e atuar com mais independência, melhorando resultados e aumentando motivação. O conceito de capitalismo consciente é parte integrante da construção de branding que permeia as mais diversas empresas que participam do Inspiramais, promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), Brazilian Leather, By Brasil Components, Machinery and Chemicals, com apoio de algumas das principais entidades setoriais do país. A edição 2021_II está programada para os dias 5 e 6 de agosto, no Centro de Eventos Pró-Magno, em São Paulo, com o tema Free Spirit, que lançará luz sobre a existência de uma reorganização na forma de pensar e fazer moda, nos orientando por um espírito livre e uma consciência ecológica, coerente com novos princípios, propondo uma reinvenção por meio da criatividade.

O Único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina, realizado em São Paulo, reúne designers, empresários, profissionais da moda e players das indústrias de Norte a Sul do país e do exterior, entre 7.800 visitantes, para apresentar cerca de 1 mil materiais inovadores para roupas, calçados, bijuterias, design de móveis e outros segmentos ligados à moda e até ao setor automobilístico e universo dos pets. Cada vez mais a gente sente a sincronia entre as relações humanas, o high tech e a sustentabilidade.

Para Tatiana de Souza, a liderança consciente é feita com o coração (Foto: Divulgação)

Na live, Tania Rezende, que também atua no Conselho Nacional da Mulher e na Federaminas (MG), explica que a pandemia do Coronavírus foi algo que pegou todo o mundo de surpresa, exigindo agilidade na hora das providências. Antes de ela tomar qualquer decisão buscou pesquisas em fontes seguras sobre a situação no Brasil e no mundo a fim de traçar a melhor estratégia e não deixar os colaboradores com uma sensação de insegurança. “Uma das primeiras medidas foi dar férias para as pessoas que moravam em outras cidades, porque entendi que eram as que corriam maior risco naquele momento, ficando mais expostas durante o deslocamento. Também começamos a trabalhar com equipe reduzida, tanto na unidade de produção quanto na loja”, lembra ela.

Em seguida, foi a vez de olhar para o financeiro, entendendo o fluxo de caixa e avaliando quanto tempo a empresa aguentaria na hipótese de nenhum faturamento. “Previmos três cenários, do melhor ao pior. Para dar segurança aos fornecedores, negociamos alguns prazos, dentro do que a gente precisaria para manter mais tempo tanto a equipe quanto os nossos pagamentos em dia. Esse exercício do fluxo de caixa foi essencial para a gente entender qual era a nossa realidade diante do cenário apresentado”, pontua.

Diante da pandemia, Tania Rezende cuidou da saúde financeira da empresa em sinergia com a vida de funcionários e colaboradores (Foto: Reprodução Instagram)

Essa postura de Tania Rezende segue o conceito de capitalismo consciente, baseado em quatro pilares: propósito maior, cultura consciente, liderança consciente e orientação para stakeholders.  uma forma diferente de pensar, enfatizando o aspecto humano das empresas. O capitalismo consciente vê a empresa como um grupo de pessoas trabalhando umas com as outras para tornar suas vidas melhores e, consequentemente, o mundo. A consultora do Inspiramais Tatiana de Souza, formada em design de produto, especialista em branding, gestão de marcas e design estratégico,  observa que, nessa equação, os stakeholders são os indivíduos e organizações impactados pelas ações da sua empresa. Fundamentais para o sucesso do seu negócio. Todos os contatos e clientes com os quais a marca se comunica e que são impactados, mesmo que indiretamente, pelas suas ações. “O primeiro ‘cliente’ do capitalismo consciente é o funcionário. Já a cultura consciente envolve incorporação de valores, princípios e práticas ao tecido social da empresa. E a liderança consciente é feita com o coração, gerando confiança e cuidado, vendo além do lucro”, analisa Tatiana.

Embora o planejamento venha dando certo, a CEO da Íntima Passion Lingerie ressalta que a atual conjuntura exige atenção constante, com acompanhamento diário. “Como existe ainda muita informação controversa, a cada semana revisitamos os cenários e fazemos um novo estudo. Passado o susto inicial, a gente tem alguns clientes voltando a fazer pedido. Isso vem acontecendo em volume muito diferente do que era antes da pandemia, mas temos que dar suporte a esses clientes”, explica Tania. “Quando você está com a saúde financeira da empresa mais estabilizada consegue ter uma articulação melhor em momentos de crise”, acrescenta Tatiana.

Parte da equipe da Íntima Passion Lingerie, empresa de Tania Rezende (Foto: Reprodução Instagram)

A parceria com os funcionários também é importantíssima para atravessar a turbulência e manter a empresa funcionando. Tania revela que já cuidava do emocional da equipe, com encontros periódicos com uma profissional especializada, e fez questão de ser sincera quando a crise provocada pela Covid-19 começou. “Fui muito clara com toda a equipe e avisei exatamente o que iria fazer e por quê. Conforme os dias foram passando, teve gente que rendeu mais trabalhando em casa, outras pessoas não. Respeitamos quem queria ficar em domicílio e quem queria voltar, dando toda a segurança possível. Estamos o tempo todo ouvindo os funcionários”, conta. “Foi importante ver que a equipe está junto para o que der e vier. Todo o acolhimento que dei durante a construção da marca recebi de volta agora”, emociona-se.

Outro ponto a favor da Íntima Passion Lingerie é o fato de já ter uma estrutura online consolidada. Enquanto vários negócios precisaram se adaptar às vendas em tempos de isolamento social, desde 2013 a empresa de Tania Rezende trabalha com e-commerce. “Mais de 70% das vendas já eram online. Temos 115 empresas que fazem parte do nosso cadastro”, revela a CEO. “Nossa ferramenta permite que a revendedora tenha catálogo online de acordo com o pedido dela, com as peças encomendadas saindo com fotos e preços. Está para ser lançada uma ferramenta mais avançada, como se fosse uma miniloja virtual”, antecipa.

Um bom líder está atento aos seus funcionários (Imagem de Free-Photos por Pixabay)

Tania frisa que já praticava o capitalismo consciente muito antes de ser apresentada ao conceito, pautando suas ações pela ótica de atitudes simples, como a preocupação em servir um lanche saboroso aos funcionários. “Fazer o bem é o melhor negócio. O lucro vem como resultado de todas as outras ações que você faz, de tudo que você constrói”, afirma. “Um líder consciente não se preocupa em ser quem dita as regras, mas alguém que contribui para o bem-estar da sociedade dentro e fora do ambiente corporativo”, acredita.

Tatiana e Tania são unânimes na defesa do capitalismo consciente. Ambas concordam que conduzir os negócios levando em consideração todos os elos da cadeia produtiva e de consumo traz resultados melhores a longo prazo. “As empresas que seguem essa prática terão um futuro assegurado”, afirma Tania. “A crise ensina, mas as pessoas vão levar um tempo para aprender todas as lições desse período de pandemia. Quem está construindo seu negócio provavelmente irá trabalhar em cima desses novos pilares, sem priorizar exclusivamente o lucro em primeiro plano”, frisa a empresária. “É preciso promover a união de forças e fazer a roda da economia girar com consciência social e em prol de um mundo melhor”, conclui Tatiana.