Levi’s Music Week Rio: tudo sobre o evento que uniu música, arte e moda como catalisador de múltiplos talentos


Label criadora do jeans transforma o rooftop do IED em celeiro de novos talentos em noite que reuniu o rapper BK, o neodesigner Marlon Santos customizando T-shirts, fotografias de Jessica Senra, o som das DJs Tamy e Glau Tavares e um talk com o tema ‘A moda transforma’

O rapper BK usando um look Levi’s customizado pelo neodesigner Marlon Santos (Foto: Leo Marinho)

Com Rafael Moura

Música e movimentos culturais influenciam a moda de gerações e mais gerações. E, a partir da edição Levi’s Music Week Rio, realizada no fim de semana, o site Heloisa Tolipan foi beber nessa fonte de inspiração para mais uma vez aplaudir a iniciativa da label de realizar em sinergia com ações globais um evento no rooftop do IED-Rio, na Urca, unindo arte, inovação, moda, música, sustentabilidade e troca de ideias em sintonia com as causas defendidas pela marca centenária que criou o jeans. Para marcar esse olhar para a contribuição cultural, manifestações se empenham em produzir os signos de identificação como uma tentativa de registrar um repertório estético inovador. Fatos históricos podem ser compreendidos em determinado tempo e espaço, cada vez mais acelerados, se olharmos para a cultura, música e moda, que estão sempre interligadas. E a união de pessoas e seus laços estéticos são de uma criatividade prazerosa de se poder acompanhar.

Temos o exemplo de um jeans com 140 anos, criado por Levi Strauss para atender os mineradores no século 19, que se tornou até hoje uma chancela de pura democracia. O jeans é considerado um marco em diferentes movimentos culturais, injetando energia para criar o “novo”. Sempre. Mentes pensantes de ontem, hoje e sempre expressaram e expressarão identidade social através da roupa, música, estética, arte, ressignificando códigos e valorizando memórias afetivas, solidariedade, inclusão, troca de conhecimentos com muita sinceridade.

O que conferimos in loco foi um verdadeiro happening com pocket show do rapper BK, talk sobre moda, música, arte, exposição de fotos, som de DJs, e customização do neodesigner Marlon Santos.

O designer Marlon Santos, 22 anos, é reconhecido pelo trabalho forte e autoral à frente da sua DNZL (Foto: Leonardo Marinho)

A Levi’s firmou uma parceria com o estilista Marlon Santos que, na Tailor Shop montada ao ar livre, pôde customizar T-shirts, jaquetas e o look completo que o rapper BK usou no pocket show. Uma sintonia perfeita e harmoniosa. Não dá para pensar em moda sem música. E vice-versa. Cada movimento musical está associado a um visual específico e é esse um dos pilares da Levi’s. “A marca desde sempre esteve comprometida com processos de cultura inovadora. A música é um dos três pilares, que se soma à sustentabilidade e diversidade. São parte integrante do nosso DNA. A música transforma e inspira, por isso faz todo o sentido a união”, comenta Asindayle Apangesy, analista de Marketing e que coordenou a ação da Levi’s junto ao IED-Rio. E a escolha foi perfeita; BK é um grande representante do rap nacional.

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O designer Marlon Soares, aos 22 anos, é uma revelação. Yamê Reis, coordenadora do máster em Design de Moda do IED, afirma que o rapaz é “uma potência criativa”. O talento, a sinceridade e o sorriso, mesmo ele ressaltando que é “tímido”, reverberam em criações fortíssimas e com uma identidade única do street style. Ele já idealizou uma coleção batizada “A primeira infância“. Os desenhos remetem a um jovem imerso em um mundo de indagações, frustrações, dores, sonhos, mas que pode trilhar um caminho e se tornar um gigante na sociedade com voz e identidade em todos os campos, incluindo moda e música. “Sempre crio a partir de uma música. Parece que o mundo gira em torno de uma música. Tá ligado?”, afirma Marlon.

O rapper BK, 30 anos, conta que conheceu Marlon pelo Bloco7, um coletivo de Mc’s, beatmakers, designers, modelos e “principalmente uma família que, unida através de vivências, cria identidade e difunde ideias e lifestyle por todos os cantos. Gostamos de misturar o rap, o hip hop, a arte e de trocar referências. O Marlon é um moleque que eu gosto de trabalhar, gosto da estética dele, por isso estamos juntos”, pontua BK.

Marlon nos conta que a moda mudou sua vida. “É uma parada que eu sempre gostei desde novão. Eu sentia necessidade de ter que criar algo que me representasse e a moda foi esse caminho”. O estilista firmou essa parceria com a Levi’s por conta de uma curadoria do ‘Master de Marketing de Moda’, do IED-Rio. “Falo com sinceridade. Desde de pequeno, em São Gonçalo, onde moro, eu sempre quis ter uma calça e uma jaqueta da Levi’s, mas eu nunca tive condições. Isso hoje para mim é um prêmio. Em um dia você sonha em ter o jeans. No outro, você acorda customizando camisetas, calças e jaquetas”, comemora. E acrescenta: “Eu e o BK somos amigos há um tempo, sempre absorvi suas letras. É amizade sincera. Da mesma forma que eu inspiro ele… BK me inspira”.

O rapper acredita que essa união entre a gigante do jeans e o universo do rap é “maneiro”, porque o mercado de moda lança luz para a cultura do gênero musical. “É um processo forte na nossa profissionalização e ter esse apoio da Levi’s é sensacional. Uma união perfeita que vai colher vários frutos e gerar novos trampos”, afirma BK.

DJ Tamy, que vai estar no Rock in Rio (Foto: Leo Marinho)

Conferimos também as performances das DJ Tamy e Glau Tavares. “No Rio de Janeiro vemos muitas identidades incríveis. É uma cidade pulsante”, pontua Asindayle Apangesy. Tinha ainda a exposição fotográfica mostrando todo o processo criativo registrado em câmera analógica pela fotógrafa Jéssica Senra, além de bate-papo sobre arte, música e representatividade a partir do tema “A moda transforma”, com a presença de Glaucia Neves, do IED-Rio, Yamê Reis, Ligia Parreira, do Coletivo Afrocriadores, Rerbert Souza e Larissa Souto. Durante o talk, houve a apresentação do minidoc que conta a história de vida de Marlon Santos, todas as etapas de seu processo criativo para esse projeto, e um relato exclusivo de BK.

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BK fez um show incrível e conversou com o site Heloisa Tolipan sobre o reconhecimento adquirido nos anos de estrada como um dos grandes do rap. “Eu fico feliz com o que está acontecendo, porque consigo apresentar meu trabalho de maneira real, criando uma relação forte com o público. Procuro entregar ao público obras consistentes. Eu sempre fui muito observador do rolé do Rio de Janeiro, de toda essa vivencia da cidade, da questão latente do racismo e do grito da cultura das ruas. O Rio é sempre vendido por extremos, ou muita violência ou muita diversão. Eu tento equilibrar esses lados e chegar às raízes dessas duas pontas. O ‘lado B’, do Rio para mim é o mais interessante e original, além de rico culturalmente e que começa a se expandir e ocupar a cidade”, afirma.

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Sobre artistas independentes, BK ressalta que “a maioria das pessoas tem acesso à internet. Nós (Bloco 7) começamos lançando nossas músicas e nossos clipes no Youtube e o rap se transformou por conta disso. Fomos desenvolvendo maneiras de nos divulgar, formando uma rede, mas as plataformas digitais deram uma forma e legitimaram o trabalho de quem quer ter um rolé independente. Assim, elas conseguem fazer o seu trabalho girar”.

Confira quem passou por lá:

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