Instituto Rio Moda promove exposição e reúne nomes de peso em talkshows e mesas de discussão sobre a influencia da música na moda em pleno Fashion Mall. Vem saber!


Alessandra Marins, fundadora do IRM, foi a mediadora de um bate-papo informal com a DJ Yasmin Vilhena, o stylist Antonio Schuback e a stylist e cantora Marina Franco: “A gente cria, através das roupas, personagens de pessoas que existem. É uma amplificação”, disse Antonio

Começou semana passada, o “A música que você veste”, do Instituto Rio Moda. O projeto, que reúne exposições com curadoria de Hiluz del Priore, bate-papos e talkshows, foi aberto por uma mesa de discussões para lá de especial, com direito a nomes como Antonio Schuback, stylist do Dream Team do Passinho, Yasmin Vilhena, DJ, gestora de marketing digital e sócia da multimarcas online Altlaw, e a stylist e cantora Marina Franco. Mediados por Alessandra Marins, fundadora do Instituto Rio Moda, os três profissionais que têm, em seus DNAs relações intensas com a música e o meio fashion, falaram sobre a convivência entre os dois universos em plena praça central do Fashion Mall para todos os interessados. “A proposta do IRM sempre foi buscar lugares criativos, então, mesmo os workshops, são em fábricas de moda, em locais como a Casa Ipanema e outros. Trazer para o shopping pela primeira vez foi demais. Eu adoro o Fashion Mall e gosto muito disso de ser uma mesa aberta, para quem quiser. Além disso, tivemos mais espaço para a exposição e agora temos liberdade de estender. Nós realizamos o evento pela Lei Rouanet justamente por que a proposta é trazer a exposição para o público. Adoraria que ela caminhasse pelo Brasil”, disse Alessandra.

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Antonio Schuback, Alessandra Marins, Marina Franco e Yasmin Vilhena (Foto: Bruno Ryfer)

A quinta edição do evento lança uma luz sobre a música como fonte de inspiração para criação de coleções e lançamento de tendências da moda. “No primeiro ano fizemos sobre sustentabilidade, no segundo falamos sobre novos formatos de apresentação de coleção – e ainda nem estávamos nesse período em que se discute tanto isso. Depois, começamos essa série com ‘a arte que você veste’ e ‘o esporte que você veste’. A ‘música que você veste’ fecha a trilogia e foi o meu projeto de formatura na faculdade de jornalismo”, contou ela, que sempre quis ser estilista. “Me formei e fui fazer moda. Mas pesquisei muito no rock ‘n roll brasileiro. Depois disso, escrevi o esporte e a arte e acabou começando ao contrário”, explicou ela, que escreveu seu projeto de música em uma “época de ouro do Brasil”. “Era o momento que tínhamos a oportunidade de ir para o Circo Voador e ver uma nova geração de músicos e bandas fazendo aquilo tudo… tinham os grupos de Brasília, Capital Inicial, Legião Urbana e outros vindo para cá. Além disso, vivi o auge da MTV entrando no país com a possibilidade de ver videoclipes. Queríamos vestir o que víamos mais ou menos e acho que isso foi muito importante na hora de cruzar a moda com a música”, declarou.

Com tanta paixão pelo projeto, Alessandra, claro, não ficou de fora da curadoria. “É um trabalho conjunto, sempre foi. Eu amo o que eu fiz, então não dá para ficar de fora. Vira uma troca. A pesquisa foi do Jackson Araújo, que entende muito de música e moda e trouxe as opiniões dele, mas o IRM é feito por muitas mãos”, destacou.

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Marina Franco, Antonio Schuback e Yasmin Vilhena (Foto: Bruno Ryfer)

Falando na curadoria, ela foi cuidadosa. A DJ Yasmin Vilhena, por exemplo, lançou sua marca própria ao lado da sócia e melhor amiga Cix e contou que o trabalho sempre a influenciou. “Eu assisto a um clipe, gosto e acabo usando roupas parecidas. São imagens que entram e a gente nem percebe”, analisou ela. Pensando nisso que ela fez questão de promover, muito mais do que vendas, um “lifestyle” em sua Altlaw. “Eu nunca separei minhas paixões em gavetas. Amo moda, amo música e sempre vivi tudo isso. A marca agrega e transmite o meu universo da melhor forma. Lá não vendemos só roupa. Sempre me perguntavam de onde era meu fone, uma capinha, detalhes… então juntamos tudo que nossos consumidores queriam”, explicou.

Marina, que, além de trabalhar como styling e figurinista, tem sua própria banda de rock Glass and Glue, que ela encara de forma “despretensiosa”, explicou que se inspira nos ícones da música. “O encontro com a moda vem desde Elvis Presley com seus ternos lindos. Mas é muito difícil fazer o styling de um cantor, porque o palco é diferente. Em um show, a pessoa é um personagem de si mesmo”, opinou. Não é seu caso. “No começo da banda, eu até fiz algumas experiências com roupas, mas não achei que estavam refletindo a minha música”, disse ela, que, a partir daí, resolveu adotar seu próprio estilo no palco. “Faço o básico. Eu estava vendo uma discografia do Kurt Cobain e ele usava no palco a mesma roupa que em casa. Isso me inspirou”, disse. Para Marina, “um figurino monta um quebra-cabeças de significados”. “A Katy Perry, por exemplo, tem como objetivo atingir crianças e adolescentes, então ela usa candy colors, vinil, se comunica com o vintage, os anos 50, mas também com a Disney”, analisou, emendando que “cada artista se posiciona no nicho que quer através da moda”. “A simbologia da roupa está nas entrelinhas”.

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Os quatro debatem sobre a influencia da música na moda (Foto: Bruno Ryfer)

Antonio Schuback, que assina o styling do Dream Team do Passinho, sabe bem disso. “Às vezes chega uma roupa para a gente e a Lellêzinha pergunta: ‘é para mim na vida ou para mim no palco?’”, revelou ele, que cria a imagem do grupo ao lado de todos os integrantes. Com apenas 21 anos, Antonio destacou que “aprendeu com Dream Team o que é ser stylist”. “E eles aprenderam comigo o que é ter um styling”, emendou. “A gente cria, através das roupas, personagens de pessoas que existem. É uma amplificação. E tem que haver diferença entre a pessoa na vida e o artista no palco”, afirmou.

Que de fato a música influencia diretamente na contribuição de padrões estéticos – sejam estampas, cartelas de cores e formas de modelagem, ela também dialoga claramente com a imagem de alguém. “Sempre identificamos que a moda é o primeiro espaço de manifestação cultural. Na minha época de estudante falávamos que que tudo era em São Paulo e é muito importante termos esse tipo de discussão por aqui, também. A moda dialoga com todo tipo de cultura”, defendeu Alessandra. A gente assina embaixo.