ID Fashion 2017 – O day 2 da semana de moda curitibana teve grife urbana e atemporal, design como objeto de vestir e antologia dos 10 anos de carreira do estilista Alexandre Linhares narrada como um livro de poesias


A grife Manhood fechou com chave de ouro esta edição do ID Fashion 2017. Os donos da marca, João Nunes e Marcos Vargas mostraram na passarela a coleção Los Ordinários que tem como sentido a valorização do dia a dia do homem e seus prazeres. A grife é de Apucarana e as camisetas são incríveis

No segundo dia do ID Fashion 2017, evento voltado para a moda autoral e contemporânea do estado do Paraná acompanhamos os desfiles das marcas H-AL, Reptília, Veine, Jacu, Marli Puertas, Taquion, Dona Fina e Manhood. Promotora da semana de moda, a Fiep – Federação das Indústrias do Estado do Paraná, por meio do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e Têxtil, em correalização com o Sebrae-PR, escolheu marcas com uma identidade muito forte, atitude de seus criadores e uma ênfase na sustentabilidade.

O line-up total do evento foi composto por desfiles de sete marcas que já participaram de edições anteriores – Garota ChicJacuLeveza do SerReptiliaVale da SedaNovo Louvre e Veine -, além de outras sete que estreiam nas passarelas – ReccoH-ALBe LittleManhoodTaquionDona Fina e Marli Puertas, sendo as quatro últimas do grupo TOP SEBRAE -, além de três da geração de novos talentos –SassyProjeto 01 e Arbol -, totalizando 17 marcas.

Na área Living Lab & Store, que reuniu exposição interativa das marcas participantes e showrooms marcaram presença Rocio Canvas, Novo Louvre, Projeto 01, Reptilia, Vale da Seda, Jacu, Recco, Veine, Leveza do Ser, Noiga, My Hat, Elyane Fiuza, Be Little e Garota Chic, além do grupo TOP SEBRAE composto por Manhood, Taquion, Brado, Marli Puertas, Tibi for Kids e Dona Fina.

Leia também: Todos os holofotes da moda para Curitiba – ID Fashion promove as grifes mais criativas do estado, imprime novos conceitos aos processos produtivos e de relacionamento com consumidores 

H.AL – Foi um dos desfiles mais incríveis logo de cara na abertura desse dia do evento. A marca tem 10 anos e investe em um trabalho autoral, que produz o mínimo impacto ambiental possível, gerando peças de arte vestíveis onde o tecido é usado como suporte de ideias e transformado em roupa através de técnicas artesanais e manuais. Distante do processo convencional de produção de moda, todas as peças são únicas e questionam a posição dos seres humanos perante o mundo e o tempo. O tema da coleção foi “Poesia desilusória”, uma antologia dos 10 anos de carreira do estilista curitibano Alexandre Linhares e resgata a complexidade no processo criativo da moda. “Espiritualidade, introspecção e sentimentos sublimados dão o tom para a coleção de roupas sóbria e diáfana, quase monástica, se não fosse a hierática transparência em diálogo ensurdecedor com a pintura sobre tecido. Brancos lavados contracenam com vermelhos intensos, harmonizados entre suaves azuis, amarelos e verdes, os cinco tons carregados de simbolismo das bandeiras tibetanas”, relata o estilista. Silhuetas abstratas; volumes esvaziados de sentido; construções do vestuário sem lado certo; peças de roupa com ocasião de uso indefinido; gênero-fluido; sem idades; nem identidade. Proposital? Na realidade, esclarece Linhares: “A intenção não é perturbar e, sim, acalmar”. Dissonante do que se espera de uma grande retrospectiva, Poesia Desilusória, ele explica: “É uma coleção ‘modestamente apolítica e sutil”. Resultado de um processo experimental, linguagem artística e desapego raro ao sistema, a marca H-AL de Alexandre Linhares, rebate tanto os cânones quanto os clichês da moda. As peças de roupa são acabadas com retalhos resgatados de histórias passadas, poemas escritos, porém não recitados, sentimentos sublimados com chance de voltar à tona.

Uma vez pronta a peça, inquietações levam à novas intervenções, em gestos anárquicos, carregados de afeto. Tinta aplicada a mão sobre o tecido, bordados interrompidos sobre o pano, aplicações desconexas que geram padrões decorativos, vazios substituídos por hiatos, transparências opacas, brilho mordaz. Poesia Desilusória revela o criador de moda como elemento provocador, disruptivo, articulador de imersões investigativas nos campos da subjetividade. Aqui, sem qualquer pretensão de entregar-se seja à esta ou aquela causa, nem despertar nada demais, desde que seja pura poesia, páginas folheadas de um livro em construção, o conto de uma história sem fim.

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Reptília –  É uma marca que tem como base a experimentação contínua do vestir, propondo novos tingimentos e intervenções em tecidos, assim como materiais e aplicações que estimulam o desejo do consumidor. A marca aposta nas silhuetas contemporâneas, criadas e produzidas no atelier-modelo, localizado em Curitiba, a partir de um sistema ético e sustentável e uma equipe comprometida com uma produção qualificada. Em 2013 a marca conquistou o prêmio BtoBe sendo convidada a apresentar suas criações na “Who’s Next”, em Paris, iniciando exportações para o Kuwait, Japão e Estados Unidos. Em 2015, abriu atelier próprio, onde desenvolve e produz coleções periódicas, além de projetos especiais que transitam livremente entre moda, arte e arquitetura.

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Veine – Lançada em 2015, após quase um ano de planejamento, a Veine foi criada durante a primeira edição do Manoo, um dos principais eventos de design autoral de Curitiba, participando ainda, uma semana depois, da 1ª edição do LAB MODA, que possibilitou o contato da marca com a cena de moda autoral da cidade. A grife, moderna e comprometida socialmente, investe em cinco características que definem seu DNA criativo e perfil de público: contemporaneidade, design minimalista, moda sem gênero, coleções seasonless e atemporalidade. A inspiração para essa coleção vem de um contraponto entre contemporaneidade versus dissolução da trama social. Alternativas à banalização da solidão causada pela servitude à tecnologia. Propostas de ação para que nos utilizemos do tecnológico em busca de nosso conforto, praticidade e mobilidade, sem que nos esqueçamos de aspectos humanos de sociabilidade como festejar, conviver e viver. Esquecer o celular. Dentre as referências estéticas se inspiraram em artistas contemporâneos como Alexandre da Cunha, Alejandro Leonhardt, Keith Sonnier e Geryy Bonetti que trabalham com objetos urbanos como cimento, lona, neon e faixas refletivas e discutem através de escultura, pintura e instalações questões referentes ao espaço contemporâneo.

Com tecidos tecnológicos e/ou leves, cortes práticos que seguem a linha minimalista e peças que se empregam a uma grande diversidade de usos bem como a uma ampla gama de fatores climáticos. Essa coleção conta com o uso de tecidos impermeáveis, rip stop, lonas, elásticos nas extremidades das peças e elásticos ajustáveis proporcionando maior conforto, adaptabilidade e ergonomia. Com a busca do único e diferenciado nos looks somado à ludicidade de materiais, acessórios e detalhes em cores e produção visual vamos de encontro à celebração do humano e do vivo num sentido mais amplo. A paleta se serve blocos de cores sólidas com uso assíduo de branco e preto permeados de cores vivas como vermelho e verde fluorescente ou técnicas de impressão avançadas que permitem efeito holográfico. Foram usadas texturas lisas de toque macio e por vezes com aspecto amassado que contrastam com a planicidade e estrutura do neoprene, marca registrada da Veine. A peça chave é um macacão em estilo workwear inspirado nos modelos clássicos de chão-de-fábrica todo coberto em foil furta-cor de efeito holográfico.

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Jacu – Em contraponto ao nome da marca, associado ao “estar fora de moda”, a Jacu se caracteriza por celebrar as individualidades em cada peça de roupa que é inspirada pela liberdade obtida pelas referências urbanas, como ruas, praias e calçadas. Assinada por Edson de Medeiros, a marca mantém distância dos meios de produção em massa, buscando novas formas de relação na urbanidade e refletindo o comportamento brasileiro com um olhar irônico e irreverente. Com um público eclético, definido como bem resolvido e que privilegia uma roupa confortável e ousada, a Jacu integra o coletivo Trama, composto por seis marcas locais – HAL, Jacu, Reptilia, Veine, Pine-Ax e Bruna Bomfim -, grupo que promove um trabalho de posicionamento e divulgação do design de moda na cena fashion curitibana. E foi Edson que colocou à venda em seu estande no showroom das marcas uma T-shirt protesto contra o preconceito tão forte ainda nos dias de hoje.

Questionando a maneira que nos relacionamos com o mundo e as pessoas em tempos marcados pela individualidade virtual, a Jacu retorna ao line-up do ID Fashion com a coleção “O Presente”. A marca aposta na tecnologia para refletir a moda urbana e contemporânea, prometendo uma verdadeira experiência audiovisual em seu desfile. As peças da coleção foram criadas a partir de uma perspectiva evolutiva da tecnologia – passando pelo mecanismo memória como ferramenta de projeção, representada na passarela em tecidos fluidos; e indo até as evoluções tecnológicas atuais, que se apresentam em forma de texturas e tecidos mais estruturados. As cores aparecem guiando a trajetória da linha do tempo que a coleção expõe: nas projeções da memória são aplicadas cores vibrantes, enquanto as novas possibilidades que a tecnologia viabilizou se materializam numa paleta escura e forte, uma alusão à projeção do ego.

Para garantir sensorialidade aos convidados, a Jacu conta com a parceria tecnológica da Beenoculus – insights high-tec prometem movimentar o desfile – com trilha sonora executada ao vivo por Gustavo Fracesconi. Além disso, a marca traz em sua coleção estampas desenvolvidas pela artista curitibana Eva Giller Parisi e, como fio condutor das criações, os acessórios de Bruna Bomfim.

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Marli Puertas – A grife teve como inspiração a mulher contemporânea. Para atender a este conceito, a equipe de criação conta com nomes especializados em design e inovação que busca, constantemente, soluções criativas para o desenvolvimento de coleçõe. Marli Puertas também é reconhecida por seus trabalhos manuais evidenciando em suas produções o regate cultural do produto artesanal.

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Taquion – Em 1993, a marca surgiu com propósito de criar peças de moda praia para atender a demanda do mercado local. O sucesso foi tão grande que a empresa começou a expandir suas fronteiras e seus segmentos, como o lançamento das coleções de natação e fitness, desenvolvidas com conceitos inovadores e produtos com alta tecnologia, com foco nos praticantes de atividades físicas e atletas. Desta forma, a Taquion tornou-se uma marca de referência em moda praia, fitness e natação distribuindo seus produtos em todo o território brasileiro através de lojas próprias, varejo, atacado pronta entrega e e-commerce B2B e B2C. Direcionada para uma mulher madura, na faixa de 30 anos, mas que pratica atividade física para manter uma boa forma e cuidar da saúde e, ao mesmo tempo, cuida de seu lar e precisa estar sempre bem vestida para eventuais emergências, a Taquion investe em produtos que proporcionem bem estar sem esquecer-se de características importantes, como durabilidade e praticidade, para que as peças atendam as expectativas de funcionalidade exigida por seus clientes. Todas as matérias-primas utilizadas são minuciosamente escolhidas e testadas para melhorar a performance do consumidor com especificações para cada linha de produtos.

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Dona Fina – A Dona Fina surgiu em 2010 como faccionista, produzindo para marcas renomadas e, assim, obtendo experiência e excelência em qualidade, iniciando posteriormente o desafio de ouvir o consumidor, buscar o que faltava no mercado, fazendo vendas de loja em loja e, principalmente, ouvindo e anotando críticas e elogios de cada cliente. Dessa forma, identificaram uma certa frustração da mulher brasileira em encontrar roupas que realmente vestissem consumidoras reais, aquela que não está inserida na medida padrão imposta pela moda. Assim, estabelece-se o perfil e objetivos da marca que é vestir a mulher de verdade e quebrar o paradigma de que determinadas peças são para determinados manequins.

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Manhood – A grife fechou com chave de ouro esta edição do ID Fashion 2017. Os donos da marca, João Nunes e Marcos Vargas mostraram na passarela a coleção Los Ordinários que tem como sentido a valorização do dia a dia do homem e seus prazeres. A grife é de Apucarana e as camisetas são incríveis. A marca Manhood é direcionada para um homem que se destaca pelo humor, aparência e comportamento, priorizando nos momentos de lazer os amigos, seu animal de estimação e a degustação de cervejas. Vaidoso, gosta de, frequentar barbearia para cuidar das longas barbas, é eclético quando o assunto é música e adora conversar sobre carros e jogos. Criada em 2016, a marca traz como diferencial a estamparia exclusiva que resgata conceitos do universo masculino de uma maneira cômica e arrojada.

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