Haute Couture: o estrelismo de Zuhair Murad, o híbrido de arte e moda na passarela da Viktor & Rolf e o bairrismo global da Valentino


O rescaldo da Semana de Moda de alta costura de Paris e um giro por Roma, onde Pierpaolo Piccioli e Maria Grazia Chiuri levaram seus convidados para assistir ao desfile que pretendia resgatar as origens da grife criada pelo mestre Valentino Garavani

Mostrando que o fôlego para a haute couture abrange diversas possibilidades e surtos criativos, a Semana de Moda de Paris se encerrou com muitos destaques. E precisamos contar ainda que a grife Valentino fez um séquito de fashionistas desembarcarem em Roma pra assistir ao desfile, enquanto Viktor & Rolf fizeram arte na passarela e Zuhair Murad pegou carona na cauda de um cometa para a sua coleção estelar. Os outros destaques, você confere abaixo:

Zuhair Murad, Viktor & Rolf e Valentino

Zuhair Murad, Viktor & Rolf e Valentino

Zuhair Murad:

Ao som de “Space Oddity”, do David Bowie, o estilista fez uma viagem sideral e trouxe as mais ricas constelações para os vestidos de noite desfilados em Paris. Acostumado a vestir estrelas e tendo se inspirado no universo sideral para sua primeira coleção lançada em 1999, não é uma grande surpresa que Zuhair tenha pegado carona na cauda de um cometa para seu outono 2015, mas o resultado impressiona. Os detalhes estelares se espalharam por longos e modelitos românticos, se alternando entre transparências, decotes generosos – como os que formavam os modelitos vestidos por Izabel Goulart – e ocasionalmente acompanhados por casacos de pele de raposa. O designer levou o termo ‘haute couture’ à mais alta patente, e dentre as criações lúdicas, fez um vestido de noiva com 10.000 cristais, que demorou mais de um mês para ser confeccionado por 20 pessoas, pesando 20 kg de puro luxo no final.

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Azzaro:

Tendo o infortúnio de competir em popularidade com o desfile de Valentino, que apenas algumas horas mais tarde apresentaria sua coleção em Roma, Arnauld Maillard e Alvaro Castejon apresentaram uma coleção inspirada nos anos 1970, onde além das franjas e ombros sólidos, tiveram a ideia de tentar renovar o lurex, que chegou a ganhar até bordado de beija-flor. A paleta de cores pouco instigantes e as peças repletas de referências diversas resumem um desfile em que a coesão não foi um ponto forte.

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Alexis Mabille:

Comemorando seu 10º aniversário como couturier, o estilista resolveu apresentar sua coleção como uma homenagem à figura feminina, reunindo os seus melhores traços e marcas em 15 de suas musas, fotografadas por Matthew Brookes. Entre laços, camadas de sedas, corsets, babados e aplicações, as peças resumiram o estilo maximalista de Alexis, ao mesmo tempo em que valorizaram as curvas e os detalhes das mulheres escolhidas a dedo por ele – e que consequentemente se traduzem em uma variedade de perfis que torna a heterogeneidade dos itens um grande charme.

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Viktor & Rolf:

Um debate antigo e que já foi até bordado por HT teve um de seus ápices na passarela da dupla: em uma mistura de performance, pinturas, esculturas e moda, Viktor Rolsting e Rolf Snoeren transformaram, literalmente, roupas em verdadeiras peças de arte, à medida em que os vestidos iam se desdobrando e revelando telas, molduras e vestuário. Da mesma forma que Fause Haten criou vestidos ao vivo durante sua penúltima participação na SPFW, a haute couture viu dois estilistas que fizeram arte bem diante de seus olhos.

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Valentino:

Prestando homenagem às raízes da grife, Pierpaolo Piccioli e Maria Grazia Chiuri levaram seus convidados para Roma, onde realizaram um tour especial por lugares que inspiraram coleções anteriores, onde peças únicas eram expostas como que em um álbum de fotos da família. Com acenos à história do Coliseu e ao romantismo que as praças, fontes e ruas da cidade transbordam, a coleção trouxe desde capas de cetim à aplicações de flores de couro. O intuito era mostrar a identidade da grife, mas ao mesmo tempo a dupla de designers conseguiu criar peças de apelo global. Tranças nos cabelos, sandálias de gladiadoras e vestidos tipo túnica se alternavam entre modelos com um ombro só, muitas rendas e transparências etéreas, tudo com predominância de preto. Piccioli e Chiuri mostraram com primazia que a mulher Valentino está tão pronta para amar quanto para entrar em guerra declarada.

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