Exclusivo: fotógrafa Giselle Dias divulga ao HT os cliques do ensaio do próximo vídeo do projeto UnDragged, que mostra através da arte a essência das drag queens


Desta vez, as estrelas do editorial foram fotografadas na praia em Angra dos Reis. Diferente daquele esteriótipo de que as drags são personagens de boate, Giselle as apresenta à luz do dia. “Eu acho que essa ideia de que elas são personagens da noite se criou por elas só conseguirem divulgar sua arte neste meio”

O que é ser drag queen para você? Em uma mistura de força, autenticidade e muita arte, a fotógrafa Giselle Dias é autora do projeto UnDragged, que mostra a verdadeira face, livre de preconceitos, dessas personagens plurais da nossa sociedade. Em um ensaio exclusivo para o HT, Giselle Dias foi a Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, fotografar a energia e a vivacidade de drags que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não vivem só dentro de boates. Desce mais para se encantar e conhecer o trabalho da artista que faz poesia e manifesto com seus cliques.

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

Com um ano e meio de estrada, o projeto UnDragged surgiu com a proposta de desconstruir a arte e mostrar as drag queens de maneira natural e sem os estereótipos criados pela sociedade. Na autoria, Giselle Dias tem o apoio das comunidades LGBT e das drags do Rio de Janeiro e algumas de São Paulo e traduz, através de seus cliques, o conceito do projeto. Ao HT, a fotógrafa contou que seu trabalho tem a função de ser uma arte informadora e de transmitir às pessoas a mensagem de forma clara e compreensível. “A gente vive em uma sociedade na qual as drags não são compreendidas. Muitas vezes, essas pessoas são diretamente associadas à questão sexual, mas não é assim. Por isso, eu tive a ideia de registrar drags nuas para mostrar que aquela personagem é, na verdade, um ser humano. Eu acredito que se montar da forma como elas se vestem é uma arte, como se fosse uma personagem. No fundo, somos todos iguais por dentro. Por trás de todo aquela purpurina, maquiagem e roupas extravagantes, existe um corpo e uma pele, como de todo mundo”, comentou.

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

Para traduzir todo o conceito e a proposta de seu projeto, Giselle foi à paradisíaca Angra dos Reis fotografar essas personagens de forma diferente. Desta vez, as drags não estão em boates ou na vida noturna. O sol, o mar azul e a vivacidade do verão brasileiro entram em cena e mostram essas pessoas de forma inovadora e cheias de energia. “Eu acho que essa ideia de que as drags são personagens da noite se criou por elas só conseguirem divulgar sua arte neste meio. Mas eu acredito que elas são, essencialmente, atrizes e performers, que se vestem de uma personagem para expressar sua arte”, analisou Giselle que contou que o ensaio foi consequência de um novo vídeo do projeto que será lançado no carnaval.

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

No entanto, em uma sociedade que ainda tem o preconceito guiando muitas relações, o trabalho de Giselle Dias não é uma missão muito fácil. Segundo ela, apesar de esta arte ainda não ser compreendida de forma essencial por todos, a aceitação está em processo crescente. Bom para as drags e para a sociedade, a fotógrafa consegue introduzir um novo discurso através de sua arte. “Eu acho que para essas personagens, o UnDragged é ótimo para ajudar a mostrar que ser drag queen não é só aquela ideia da qual estamos acostumados a associar. Com essas fotos e vídeos, elas têm um outro tipo de divulgação de seu trabalho. Já para o público, o retorno que eu tenho percebido é que todo mundo tem gostado bastante. Eu acho que hoje em dia está até na moda você aceitar e receber novas manifestações”, revelou Giselle que não escondeu a comemoração e a satisfação ao ver seu trabalho crescendo e sendo cada vez mais compreendido por todos.

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

Aurora Black (Foto: Giselle Dias)

Como adiantamos, Giselle Dias é uma profissional que não disfarça sua força, autenticidade e caráter artístico em suas fotos. Mas, quem vê os cliques da genial fotógrafa, não imagina que, atrás das lentes, há uma jovem de apenas 23 anos. Como prova de que, para a arte, idade não é o mais importante, Giselle nos contou que sua paixão pela fotografia vem desde a infância. “Com 13 anos, eu comecei a fotografar muitos shows. Desde então, eu não larguei mais a câmera. Mas meu trabalho como fotógrafa de fato começou há uns três anos, quando eu me profissionalizei naquilo que eu já gostava”, contou Giselle que nasceu em uma família de artistas. Como nos disse, seu avô e seu tio também são fotógrafos.

Palloma Maremoto (Foto: Giselle Dias)

Palloma Maremoto (Foto: Giselle Dias)

Seja em fotos de show, de drags ou de qualquer outro tema, Giselle Dias não esconde sua identidade artística. Segundo ela, muitas pessoas sentem a necessidade de categorizar o trabalho de um fotógrafo. Mas, para a jovem e talentosa profissional, essa rotulação não é necessária. Até por que, Giselle não se restringe a um tipo de fotografia. “Eu gosto e acredito que posso tirar foto de tudo. Para mim, o que é bonito merece sempre ser registrado. Eu comecei com fotos de shows, mas depois isso ficou um pouco monótono. Hoje, eu faço muitos ensaios de moda e com as drags. Mas não me limito a esse universo. Se eu vir algo que me inspire, eu tiro foto. Eu acredito que não é só apertar o botão, tem que haver uma emoção e um sentimento interior. Ou seja, eu tenho que passar uma mensagem através daquela minha foto. Afinal, a emoção é a melhor maneira de transmitir arte”, disse Giselle que divide seu trabalho fotográfico em dois pontos. “Quando eu sou contratada, eu faço fotos que atendam o que me pedem. Quando tem amor é no momento em que sinto vontade de por aquela arte no mundo. Em comum, eu acredito que minhas fotos possuem um caráter agressivo que transmite e explicita a realidade daquele clique”, apontou.

Palloma Maremoto (Foto: Giselle Dias)

Palloma Maremoto (Foto: Giselle Dias)

Para conseguir divulgar os dois lados de sua trajetória profissional, Giselle Dias tem a internet como aliada. Com quase cinco mil seguidores e fãs em seu Instagram, a fotógrafa destacou a importância das redes sociais. “Hoje, no meu Instagram, eu tenho a chance de dar ainda mais visibilidade ao UnDragged, que é um projeto tão especial e que dá espaço à pessoas que merecem esse destaque. É como uma libertação pessoal poder trabalhar com algo que eu acredito. Ainda mais hoje em dia, em que a arte se perdeu e ficou um pouco confusa na cabeça das pessoas”, disse.

Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Por falar no avanço das tecnologias, Giselle Dias acredita que os novos equipamentos fotográficos ajudam e complementam seu trabalho profissional. No entanto, apesar de incentivar o uso das câmeras de celulares ultra modernas a seus amigos, Giselle confessou que não é muito amante dos cliques mais fáceis. “Por mais que a qualidade da câmera do iPhone seja indiscutível e que eu fale para todo mundo usar, eu mesma não consigo. Eu me sinto um pouco refém do que ela quer mostrar. Enquanto com o meu equipamento profissional a foto é toda manual em que eu escolho o que quero evidenciar, com o celular o clique é automático, quem escolhe é o aparelho. Eu não digo para a câmera o que eu quero fotografar, ela que me impõe o que será registrado. Mas também, se no momento eu só tiver meu celular na mão, eu tiro com ele mesmo. Eu acho que qualquer tecnologia é bem-vinda e que tudo hoje em dia ajuda a complementar o trabalho. O importante é conhecer a funções e ferramentas de casa equipamento”, explicou Giselle.

Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Por fim, a poucos dias de começar 2017, Giselle Dias nos contou que é só gratidão ao ano que passou. Com a vontade de seguir crescendo com o UnDragged, a fotógrafa revelou que tem um novo projeto sendo idealizado. “Eu estou muito ansiosa para estrear o vídeo que fizemos em Angra dos Reis no carnaval. Fora isso, tenho vontade de fazer um novo projeto com os transexuais. Depois daquela recente discussão do uso do banheiro para essas pessoas, eu acredito que este seja um tema importante. No entanto, nos Estados Unidos não há a necessidade tão grande desta discussão como aqui no Brasil”, contou a fotógrafa que há oito meses mora em Los Angeles, na Califórnia.

Yan Chi e Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Yan Chi e Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Por lá, Giselle nos disse que o trabalho é muito mais profissional e competitivo. “Eu acho que tem muitos aspectos prós e contras em relação à fotografia no Brasil e nos Estados Unidos. Enquanto aqui o nosso trabalho nem sempre é valorizado da forma que deveria ser e que as pessoas muitas vezes preferem o preço mais barato à qualidade, lá fora a arte é o destaque. No entanto, por isso, para você conseguir trabalho é preciso ser muito bom e muito mais dedicado naquilo que você faz. Outra diferença é que nos Estados Unidos, quando você contrata um profissional para determinada tarefa, ele se restringe àquilo que está sendo pago. Aqui, nós somos mais camaradas e tentamos sempre ajudar na medida do possível”, destacou. De todo modo, Giselle Dias é sucesso no Brasil e nos Estados Unidos. E nós do HT desejamos ainda mais trabalhos e realizações para você, querida!

Yan Chi e Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Yan Chi e Katrina Bouganville (Foto: Giselle Dias)

Para acompanhar o trabalho de Giselle Dias com as drag queens, basta acessar o site e a página do projeto UnDragged.

http://www.undragged.com/stripped
https://www.facebook.com/pg/undragged/videos/

Milka (Foto: Giselle Dias)

Milka (Foto: Giselle Dias)