Balanço: Mercedes-Benz Fashion Week reafirma os anos 1990 e reduz a presença de blogueiros!


Com menos oba oba, a semana de moda em Nova York põe Michael Kors – o novo bilionário da moda – em destaque!

O circo da moda anda a passos largos. Enquanto Londres já começa sua semana de moda hoje (12/2), Prouza Schouler ainda desfilava nesta noite passada na Mercedes-Benz Fashion Week, em Nova York, pouco antes de o relógio dar as doze badaladas e virar o dia. Isso revela o caráter frenético pelo qual vem passando a moda autoral – hoje atingida pela concorrência com o fast fashion, pela recessão e outras agruras de mercado. E, enquanto o bonde das passarelas não termina (já que Paris começa no dia 25), já é possível tirar algumas conclusões por tudo aquilo que foi visto na Big Apple. Foram 67 desfiles em sete dias de evento, o que caracteriza, de fato, uma maratona. Entre as principais apostas, preto e cinza continuam como estratégia para dar um drible na crise, coral e azul bic são highlights e a presença de grafismos faz o minimalismo flutuar, além do retorno aos noventa e as décadas de 1960/1970 permanecer no topo.

E, como novidade de verdade, uma nova diretriz aponta para a moda, com o evento apostando na redução de público, mais seleto e voltado para quem trabalha no meio – entre jornalistas e profissionais da indústria e varejo – e menos oba oba, com filtragem de blogueiros. Ao que parece, essa pode ser a principal tendência exibida, não nas passarelas, mas nas platéias e áreas de convivência. Vamos ver.

Em destaque Michael Kors, o novo bilionário da moda, segunda a Forbes, com suas ações subindo cerca de 20% no mercado e sua empresa valendo a fabulosa quantia de 18,5 mil milhões de dólares. Por isso também, o seu desfile, ontem, deu o que falar. Dessa vez, ele abusou da dupla preto & cinza – quase unanimidade na semana, perfeita para o momento atual – em looks com muitas peles sobre tecidos fluidos e transparentes, comprimentos curtos e midi, saias godê e tricôs que terminam em barras franjadas.

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Fotos (Divulgação)

Outro desfile que chamou atenção foi o de Diane Von Furstenberg, que acaba de comemorar os 40 anos de seu icônico wrap dress. Com shapes secos, ela trouxe grafismos em cinza & preto, toques de azul bic, coral e telha, blusas com decotes cachê-coeur usadas com saias e casacos, macacões e combinações de vestidos com sobretudos, tudo numa levada que evoca os cartazes das décadas de 1930/1970.

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Nicole Miller tem um séquito de clientes-admiradoras que curtem seu estilo, inclusive aqui no Brasil. Por isso, precisa se manter fiel a essas consumidoras, mas, mesmo assim, conseguiu dar uma renovada no seu estilo, com menos cor que o habitual, misturando os prints abstratos em cores neutras com penas de pavão e gamas de azuis e verdes acinzentados, trabalhando em cima de uma silhueta seca onde o negro é a base.

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Carolina Herrera reinterpretou os sessenta iluminando os looks com azul cobalto e coral – duas importantes cores neste inverno 14/15 – e salpicou maxi estampas gráficas em uma coleção com casacos usados com calças cigarrete, bem sixties, e vestidos longos midi. E arriscou nos maxi brincos para levantar um geral minimalista.

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E, se a onda agora é o revival dos anos noventa, Hervé Leger by Max Azria faz a festa que nem pinto no lixo. A grife volta à origem, pesquisa o minimalismo contemporâneo noventista do qual foi um dos seus artífices e atualizando looks repletos de recortes e grafismos em silhuetas econômicas, com valorização de texturas.

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Outra que resgata os anos 1990 é Vivienne Tam, que impregna seus looks bem comportados – mas imensamente atraentes – com prints que têm um quê de oriental. No fundo, seu desfile é uma volta aos anos 1970 o que, no fundo, é bem noventa, já que as bússolas, nesta década, apontavam com constância nessa direção. O resultado impressiona na passarela e, ao mesmo tempo, tem boa levada comercial. Os detalhes em renda, pele e couro conferem à sua moda atmosfera plena de feminilidade retrô.

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Outra que, menos minimalista, também brincou com o orientalismo foi Anna Sui, com montagens onde as estampas com cara de chinoiserie imperavam, lembrando as capas de livros, almofadas em jacquards, papeis marmorizados ou florais das décadas de 1920/1930, tudo bem condizente com o espírito da estilista. E, mesmo sem arroubos de cores muito fortes, foi uma das que preferiu abrir mão do excesso de preto e cinzas comerciais, apostando mais nas floradas.

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Quem também abriu mão do minimalismo futurista para investir na etnia foi Dennis Basso. O designer usou o luxo da aristocrática Rússia czarista – marcado por casacos e estolas de pele sobre vestidos com volume nas saias rodadas – para evocar deliciosas Annas Kareninas, em colorido exuberante.

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Charlotte Ronson acertou mais nas montagens midi do que nos looks curtinhos, com horríveis alças em “X” e composições de gosto duvidoso. Apesar disso, vale à pena mostrar os vestidos com comprimentos logo abaixo do joelho, difíceis de emplacar em geral, mas em resultado que ficou sexy, acima do esperado. Esses são bacanas!

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Zac Posen trouxe vestidos de festa onde verde-petróleo, bordô e laranja contracenaram com neutros como preto e cinza. Entre silhuetas secas e longas ou vestidos volumosos, com golas trabalhadas e enormes saias godê, ele prefere investir na simplicidade de texturas e minimizar no conjunto, optando por detalhes pontuais. Nada de novo no front, mas funciona muitíssimo bem no red carpet.

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Ainda na levada dos vestidos de festa, Badgley Mischka escolheu trazer bonequinhas russas, com levada art nouveau, para o catwalk. Suas delicadas czarinas fashion, em nude, ouro e preto, com muita renda e comprimentos longos e fluidos, lembram aquilo que Samuel Cirnansck apresentou (com shapes mais curtos) em outubro passado.

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E Betsey Johnson reafirmou sua estrela oitentista-noventista, indo na contramão do minimalismo com aquela moda com jeito de starlet que dá pinta na noite, tão copiada em décadas passadas. Sua periguete fashionista, que encontrava eco em marcas brasileiras que fizeram história (como Yes, Brasil), ainda circula por aí, dando o que falar, relendo os anos 1970 e introduzindo um sopro de irreverência na moda feita para causar. É mais do que tendência, mas espírito de uma tribo atemporal, que insiste em aparecer, nem sempre para o bem, nem sempre para o mal. Por isso mesmo, até estampa de vaquinha está valendo!

 

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Fotos: Divulgação