As engrenagens da moda rodam: enquanto Fashion Rio pula inverno, Fenin Fashion anuncia edição de alto verão na Cidade-Maravilha


No vuco-vuco dos acontecimentos, feira de negócios que abastece cadeias de varejo e lojas de departamentos confirma presença no Rio em agosto de 2015

Após a confirmação, nestes últimos dias, dos rumores de que o Fashion Rio pulará a edição de inverno 2105 – que seria realizada em novembro próximo – para retornar em março com os desfiles de verão, uma notícia sacode o mercado: Julio Viana, responsável por feiras de cunho comercial, voltadas para o abastecimento de multimarcas, cadeias de varejo e lojas de departamento Brasil afora, confirma a novíssima versão da sua Fenin Fashion no Rio de Janeiro, de 4 a 7 de agosto de 2015, no Riocentro. HT conversou com o empresário da Fenin Feiras sobre sua nova iniciativa e a quantas ele anda vendo o mercado de moda no país. Confira!

Para ele, o caminho era natural. Após 18 anos realizando a Fenin em Gramado, RS, no ano passado ele começou a expandir seus domínios, capitaneando duas empreitadas de verão em Fortaleza (maio) e São Paulo (junho), mantendo no Sul apenas a edição de inverno, que neste ano retornou a outra cidade, Bento Gonçalves, RS. Ele explica a nova estratégia: “A mudança de Gramado para Bento foi providencial porque não estava satisfeito com a estrutura do Serra Park, parceiro de muitos anos, mas que cujo pavilhão carecia de investimentos. Aí, optamos por fazer a edição de verão de 2013 em Fortaleza e em São Paulo. Este ano, com o bom resultado das feiras de verão em São Paulo e Bento, mesmo com todas a conjuntura desfavorável – recessão, comércio desaquecido, Copa do Mundo – resolvi que o negócio para 2015 era manter São Paulo no verão, Bento Gonçalves nas duas temporadas e uma feira de alto verão no Rio de Janeiro, em agosto, ao invés de investir no Nordeste”.

Julio Viana, ao lado de Beto Simões, diretor comercial da Carta Editorial, na recente edição da Fenin Fashion Bento Goçalves, RS (Foto: Vinicius Dalla Rosa / Divulgação)

Julio Viana, ao lado de Beto Simões, diretor comercial da Carta Editorial, na recente edição da Fenin Fashion Bento Gonçalves (Foto: Vinicius Dalla Rosa / Divulgação)

Para ele, a substituição do evento em Fortaleza pela Fenin Fashion Rio é crucial: “Percebi que o pessoal do Norte e Nordeste pode ser muito bairrista, mas que o Rio é uma marca forte e todo mundo de lá quer vir para a cidade que é cartão postal do Brasil. Se continuasse investindo em uma feira lá para cima, ia demorar umas cinco edições até conseguir fazer o evento bombar, e no Rio a coisa é outra. Quem não quer vir para a capital fluminense, ainda mais com a estrutura de viagem, traslado e hospedagem que sempre ofereço aos meus compradores?”, lembra ele, ressaltando que o cadastro poderoso de CNPJs que tem nas mãos garante o retorno para seus expositores.

Julio é categórico quando afirma que o objetivo do expositor é vender, e que eventos de moda muitas vezes são bons para formação de imagem institucional, mas que o formato atual talvez possa estar desgastado, precisando ser repensado: “O objetivo é faturar. Muita firula sem resultado comercial é investimento danoso”. E ele vai mais longe: “Claro que vou continuar priorizando as vendas do meu expositor, com estratégias que vão do fornecimento de uma ótima logística de viagem, mas quero ampliar o potencial das minhas feiras, abrindo espaço para os clientes menores e mais fashion, que também precisam desesperadamente escoar sua produção”.  O empresário se refere às confecções de caráter mais sofisticado, que comercializam em escala mais exclusiva, mas que também têm espaço junto a fornecedores como a Loft, de São Paulo, que fornece produtos de tendências fabricados em âmbito mais amplo para cadeias como a Leader.

fenin final

Estande da Modelan na Fenin Bento: moda de fácil acesso para abastecer o mercado nacional (Foto: Divulgação)

Ele cita a espanhola Desigual, que tem participado de várias feiras pelo país, inclusive as diversas Fenin, com bom desempenho, ou a Levi’s, que participou desta edição de Bento Gonçalves em julho e ficou satisfeita: “O Caio, o representante da marca em Porto Alegre, comentou comigo que eles fecharam uma venda enorme, de 5000 peças, para um único comprador com o qual nunca sequer haviam conversado antes”, justifica, mencionando também a presença da Ralph Lauren na mesma empreitada no Sul. “O fato de termos expositores de bala comercial na agulha,  mas que investem em produtos de moda dentro do segmento difusion, colabora na visibilidade que meus empreendimentos estão começando a ter junto às confecções de cunho mais fashionista. O leque de ofertas e tipos de produtos tende a aumentar, e vou ter farta opção de vestuário e acessórios”, completa, ressaltando que já está com uma demanda grande de clientes pedindo para ver a planta da feira, que ainda nem ficou pronta.

Quanto à situação do país pós-eleições, Julio é cauteloso: “Olha, temos uma candidata forte aí, a Marina Silva, que se não fosse o ocorrido no último mês, não estaria com essa bola toda. Tudo pode acontecer, mas acredito que, independente de quem quer que ganhe a corrida presidencial, o Brasil ainda vai precisar de uns dois anos pelo menos para arrumar a casa”.