Em Veneza, Prada lança a exposição sensorial “Arte ou Som” e mostra como as duas vertentes se complementam


Através de obras que vão do Renascentismo ao Dadaísmo, Miuccia Prada mostra como o som se torna arte através de instrumentos, pinturas e instalações

*Por João Ker

Miuccia Prada expande mais uma vez o seu domínio pelo território italiano e dessa vez é através da arte. A designer lançou, por meio da Fondazione Prada, a exposição “Art Or Sound”, no Ca’Canto della Regina, em Veneza. A abertura para o público acontece hoje à noite, mas o coquetel de inauguração para convidados rolou na noite do dia 04 e contou com presenças ilustríssimas, como a do diretor do Tate Modern, Chris Dercon, e da “máfia artística” italiana, representada por arquitetos e artistas que tinham suas obras espalhadas pelos dois andares da galeria.

Apesar de ser intitulada “Arte ou Som”, a exposição foca sua atenção em mostrar os aspectos em comum desses dois manifestos culturais, evitando encará-los como se fossem heterogêneos. Miuccia quer mostrar ao público que o som trona-se arte a partir das várias interseções presentes no design cuidadosamente pensado de alguns instrumentos ou em melodias dadaístas, renascentistas e futuristas que marcaram vertentes de uma época e formam uma linha do tempo inigualável no meio artístico .

Para isso, ela reuniu um time de peso que, com 180 peças expostas (relógios, instrumentos, pinturas, esculturas e outras manifestações), ilustra tanto o desenvolvimento do som como o de ideologias por trás das artes: o pai do Dadaísmo, Marcel Duchamp, aparece na mostra, ao lado de nomes como Bartolomeu Veneto, Luigi Russolo (que “emprestou” seu famoso Intonarumori  para a cerimônia de abertura), Pierre Jacquet-Droz (com seus célebres relógios-gaiolas)  e outros artistas que, desde o século XV, foram renovando e inovando as tecnologias e expressões artísticas do som.

“Art Or Sound” ainda promete trazer experiências sensoriais para o público, que será capaz de tocar, sentir, ouvir e ver a arte como nunca antes, através de instrumentos e instalações desenvolvidos especialmente para a ocasião. Arte se transforma em som e o som, na sua forma mais pura ou mais ruidosa possível (beijos dadaístas pela falta de sentido), se transforma em arte palpável e degustável. A exposição prova-se um marco artístico, criativo e, acidentalmente (ou nem tanto), histórico. Afinal, Miu Miu sabe melhor do que ninguém como unir o melhor de dois mundos para criar um terceiro que seja ainda mais formidável.

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Fotos: Divulgação