Dragão Fashion Brasil # 15: o talho estelar de Gisela Franck, o estilo sideral da 2/Dois e o buraco negro de Vitorino!


Em noite diversificada que teve moda praia, constelações de joias e roupa de festa, o evento prima por line up para todos os gostos da galáxia!

* Com Alexandre Schnabl

O 4º dia de desfiles da 15ª edição do Dragão Fashion Brasil alternou desfiles de novos designers com as coleções consagradas da Água de Coco e Vitorino Campos, vistas no início do mês na SPFW. A primeira a se apresentar foi a jewel designer Eliana Alcântara, cearense residente em Barcelona, que buscou nas constelações estelares a inspiração para a nova coleção. Ela se formou na renomada Central Saint Martins, University of the Arts London, e também passou pela Escola Masana Centro de Arte e Design em Barcelona. A top negra Carmelita puxou um desfile no qual as joias comparecem como construções geométricas sobre bases negras, perfeitas para valorizar as criações da estilista.

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Em seguida, a Viori apresentou uma moda comercial adequada para aquelas mulheres de corpos esguios, já que as formas secas não favorecem quem não estiver perto do shape idealizado pela grife. Uma sequência que começa com boas peças em renda branca que vão se desdobrando na parte final preta, com inserções de ouro e blush. O estilo da marca é chique, para aquela mulher que curte ser sexy, através de transparências, aplicações e materiais que brincam com certa levada boudoir, mas que não abre mão daquelas formas elegantes que não deixam quem usa com cara de embalada a vácuo, ao contrário. É sensual como a brasileira gosta, mas ninguém, felizmente, fica com levada de Geisy Arruda.

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Gisela Franck desfilou boa moda, que segue a releitura do minimalismo noventista com os acabamentos desfiados, tipo destroy, aliado à alfaiataria precisa, como os belgas faziam no início dos anos 1990. Ela usa praticamente as mesmas cores – branco, off white, bege, cáqui – e materiais – linhos e alguns telados, em destaque – que Wagner Kallieno evocou em seu desfile de estréia nesta SPFW. Ambos, de fato, perseguem o mesmo tipo de cliente. Mas, como cada um está no seu quadrado, ela abusa um pouco mais de texturas, enquanto o outro brinca com brilhos e aplicações. E, assim como o estilista potiguar, Gisela merece atenção. Vamos ver como ela evolui nas próximas coleções, já que a modelagem é bacana, com paletós lindos de morrer!

 

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Liana Thomaz trouxe para o evento cearense a mesma coleção da sua Água de Coco, baseada no fundo do mar e que foi vista na SPFW. Comparecem estampas de corais e escamas de peixe, assim como prints em azul e verde que aludem às profundezas marinhas, um tema que está na ordem do dia. Agora, a diferença está em desfilar em casa, na cidade onde a marca está sediada, o que gera mais calor humano.

Confira abaixo a análise publicada no HT por ocasião do desfile nesta última edição da SPFW:

Água de Coco mergulhou nas profundezas oceânicas em companhia de um time de sereias de responsa, daqueles que definem o final da partida: Izabel Goulart – estrela da campanha – Ana Claudia Michels, Aline Weber, Bárbara Fialho, Bruna Tenório, Renata Kuerten, Lovani Pinow, Thairine Garcia, Juliana Imai, Debora Muller, Bárbara Berger, Isabel Hickmann, Alicia Kuczman, Carol Francischini, Marcelia Freesz, Viviane Orth e até Carol Trentini em única aparição surpresa, fechando o desfile. Dream team, sem dúvida. A marca também investiu em cenografia mais poderosa, com arquibancada na boca de cena para compor o impactante tableau vivant, marcação coreográfica com as modelos compondo um grupo em diferentes alturas e posições, em resultado que sempre causa ótimo efeito.

A coleção versou pelo animal print, com estampas fazendo as vezes de escamas de peixes e cascos de tartaruga, além de estampas do fundo do mar, corais e cardumes de peixinhos coloridos, tipo “Procurando Nemo.” No geral, três grupos de cores predominaram: coral, amarelo, e a dupla azul com verde, o que imprimiu um colorido lindo na fila e no final. E a trilha sonora, um deep house, serviu belamente para pontuar o show. Redondo o show de Liana Thomaz.

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Kallil Nepomuceno é outro designer de roupa de festa a enveredar pela temática do barroco nesta temporada. Mas, como o assunto rende (literalmente) pano para manga, ele consegue imprimir sua própria visão para a opulência dramática deste estilo artístico, inserindo hot pants, shorts, blusas, pantalonas e calças com recortes vazados em meio aos inúmeros vestidos da coleção. E segue brincando com as cores do ouro usado na arquitetura e na ourivesaria deste período. Para isso, ele conta com a ajuda das jóias de Jussara Regás que – milagre! – até conseguem sobressair entre as rendas, malhas metalizadas, volumes repolhudos e tecidos adamascados da coleção, através de brincos e tiaras.

 

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O toque conceitual da noite ficou por conta da 2/Dois, de Weider Silveiro e Jadson Raniere, dupla de queridões que curte pensar moda. Por trás dos looks com máscaras cuja base lembra o capacete do icônico personagem dos quadrinhos Rocketeer (será proposital?), eles exibiram uma coleção com destaque para paletós, casacos e jaquetas, muitos deles cheios de bossa, como zippers e lapelas usados de forma decorativa, quase sempre derivando do perfecto. Em meio a cores neutras, um coral acende o conjunto da obra.

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Por fim, Vitorino Campos fechou a noite com a bela coleção, quase inteiramente preta, criada a partir da observação de buracos negros. O resultado, entretanto, nem é tão Star Trek assim, mas ideal para mulheres que querem estar elegantemente estelares, gostem de astrofísica ou não. Peças sexies, com muita transparência, brilhos siderais e maxi paetês convidam mulheres do espaço fashion a embarcar nesta viagem aos confins da galáxia, “indo audaciosamente onde nenhum homem jamais esteve”, como diria a introdução do famoso seriado do Sr. Spock e Cia.

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Confira abaixo a análise da mesma coleção publicada no HT durante esta última edição da SPFW:

Vitorino Campos apresenta agora talvez sua melhor coleção. Focado em uma mulher de 30/40 anos, ele imerge em “2001″, de Stanley Kubrick, e transforma sua moda em um buraco negro. Como assim? Explica-se. O colapso gravitacional de uma estrela é seu ponto de partida para apresentar peças sofisticadas e sexies, com muito preto, naturalmente. Daí a luz negra utilizada no show e que imprime efeito furta-cor em maxi paetês. Com uma bermuda ciclista usada como base em várias montagens , looks assimétricos apresentam transparência e franjas – um dos hits da temporada, de novo. Os prints comparecem em telas e brilhos surgem com textura de fios de lurex e aplicações de metais.  E, claro, dentro desta proposta, materiais com certa levada sci-fi – como neoprene bordado, seda com poliamida em aspecto plastificado e cetim duchesse – contribuem para esse minimalismo sideral. No mais, é agradável ver que alguns pequenos problemas de modelagem que o estilista apresentava em coleções anteriores parecem sanados.