Dragão Fashion Brasil #15: em dia de moda autoral, um espaço para gente de fora e o estilo setentinha da Florinda!


O italiano Nico Didonna e Ivan Aguillar – o brasileiro radicado em Nova York – fazem bons desfiles, mas Jonathan Scarpari impressiona com seu masculino!

O terceiro dia da 15ª edição do Dragão Fashion Brasil, em Fortaleza, teve como destaque Ivan Aguillar, que desfilou no Brasil a coleção feminina que apresentou há cerca de dois meses na Mercedes-Benz Fashion Week, em Nova York. Antes dele, o catarinense Jonathan Scarpari estreou no evento cearense, após passar pela Casa de Criadores e o Movimento HotSpot. Apaixonado por equações e fórmulas químicas, ele aposta em modelagens inventivas, materiais tramados à mão e beneficiamentos de matérias-primas e muito couro. Ele apresenta coleção masculina com pegada minimalista e urbana, com espaço para incursões conceituais em meio a boas peças de alfaiataria. Assim, macaquinhos e macacões ganham visibilidade entre boas camisas, calças, bermudas, alguma malharia e até uns sobretudos – bacanérrimos, em maxi pied-de-poule feito com tirinhas de couro – tudo em cartela enxuta, de preto, branco e vermelho, para homem que gosta de ser contemporâneo, mas não abre mão de macheza. Por isso, algumas poucas peças, como uma blusa cropped, são dispensáveis.

Rebeca Sampaio investe em códigos que a brasileira adora. Pernocas de fora em vestidos curtinho, com saia godê e modelagem de lolita, longos com fendas, decotes pronunciados que apontam para o umbigo. A designer provavelmente sabe o que vende e, em cima disso, brinca com listras, grafismos espertinhos, recortes, contrastes e aplicações. Funciona? Sim, feminino e bem festivo.

Importado da London Fashion Week, o italiano Nico Didonna causa boa impressão nesta primeira incursão brasileira, com sua moda sexy, com o sangue pulsando nas veias e os cabelinhos na venta. Vestidos e macacões fluidos e viscose, jérsei e crepe ganham amarrações de drapeados que o estilista faz na hora, pouco antes de as modelos entrarem na passarela, tipo moulage express, com ênfase em cores limpas: preto, branco, carbono, azul bic, vermelho. Perfeita para a mulher se vestir rápido e sem neuras para festas onde, claro, ela vai assumir a postura de vestal atraente, pronta para levar os homens à loucura, mas com boa dose de respeito, sem exagerar.

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Outro nome lá de fora é brasileiro, capixaba, mas mora em Nova York. Ivan Aguillar é conhecido por sua boa alfaiataria masculina, mas agora penetra no universo feminino com coleção já de inverno 2015, a mesma que apresentou na Big Apple, inspirado pela arquitetura catalã e pelo barroco. Daí as peças com certo quê de construção e com arabescos barrocos nos jacquards, em cores secas: off white, bege, preto, ouro velho. O destaque fica por conta das golas e lapelas, além dos vestidos e casacos com abotoamento militar, que lembram a Rússia Imperial.

 

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Em seguida, mais uma dupla apresentada pelo Atelier Criativo, a iniciativa do Sebrae: Ivanildo Nunes (moda festa) e Cláudio Quinderé (joias). Vestidos longos, curtos e até um midi em tules e renda comparecem com acabamento refinado e aplicações, tudo muito bem modelado, em cores como azul anil, vermelho, nude e uma sequência grande de pretos.

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Morando na França, mas vindo regularmente ao Brasil, Lizzi desenha lá, confecciona aqui eprocura estabelecer uma ponte entre esses dois países, sem se deixar levar por arquétipos tão óbvios como caipirinha e croissant ou samba e chanson com acordeon. Dessa vez, ela envereda por uma noite perversa, quando todos os azuis viram cinzas, para apresentar uma boa moda, um tanto conceitual, mas com possibilidades, adornada por ombros super estruturados, golas-jabô e mocassins. E ainda dá destaque à decoração artesanal desenvolvida junto a comunidades brasucas, como os vidrilhos bordados do Bumba-meu-boi da Floresta de São Luis, no Maranhão. Cool.

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Fechando este terceiro dia, Dona Florinda se rejuvenesce mais ainda e passa a se chamar apenas Florinda, muito mais de acordo com seu estilo jovial. Dessa vez, ela lava a alma com banhos de cachoeira e pisa o pé na grama, cabelos ao vento, bem natural, com levada de casamento de Tatiana Santo Domingo e Andrea Casiraghi ou de Fiorella Mattheis e Flávio Canto. Sua primavera tem essa levada setentista, com passarela de madeirinha circundada por floradas e guirlandas nos cabelos soltos das modelos, daquelas que fariam Lana Del Rey trepidar de desejo. É aquela moda usável, que vende bem, mas que nem sempre funciona com pompa e circunstância em uma passarela (sobretudo em uma plataforma de novos talentos), sob o risco de ficar comercial demais, com jeito de desfile de shopping, mesmo com toda a produção. Mas, claro, o corolário da próxima temporada está todo lá: cores clarinhas, jeans, flores, prints étnicos, franjas, maxi babados do babado, fendas, rendas, transparências. E a sequência do final, com as flores sobre fundos pretos ou rosa clarinho, deve vender feito água, de tão linda.

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