DFB Festival: Projeto Olê Rendeiras apresenta criações das rendeiras de bilro do Trairi (CE), cuja arte ganha o mundo


O projeto coletivo Olê Rendeiras é alinhavado junto às bilreiras do Trairi, no Ceará, pela Catarina Mina, label que tem Celina Hissa como fundadora e diretora criativa + a QAIR Brasil, empresa produtora independente de energia renovável com muitos trabalhos pelo socioambiental. O DFB Festival, entre os dias 25 e 28, no Aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza, vai proporcionar a visibilidade ao trabalho das rendeiras, mulheres que comemoram conquistas ao compartilharem saberes, força e garra e fazem a sinergia entre passado, presente e futuro da arte da renda de bilro

“Renda de bilro é memória, sim, mas principalmente futuro. Nossos saberes contam nossa história e é preciso que afirmemos essa bagagem olhando pra frente. Tecer sempre, ensinar o ofício a quem chega agora, como um dia aprendemos como nossas mães”. Esta é a filosofia do projeto coletivo Olê Rendeiras, alinhavado junto às bilreiras do Trairi, no Ceará, pela Catarina Mina, label que tem Celina Hissa como fundadora e diretora criativa + a QAIR Brasil, empresa produtora independente de energia renovável com muitos trabalhos pelo socioambiental. O DFB Festival, evento multiplataforma com a sinergia entre moda, cultura, empreendedorismo e música, realizado na capital cearense, entre os dias 25 e 28, acolheu de braços abertos a iniciativa e Olê Rendeiras mostra em grande estilo na passarela o magnífico trabalho de dezenas de artesãs, cujo trabalho é sinônimo 100% de moda brasileira autoral com visibilidade internacional.

“Esse encontro é incrível, um movimento que resiste, apesar de todos os desafios que incluem atuar no Ceará, uma região fora do eixo Rio-São Paulo. O DFB consegue fazer um evento autoral, inclusivo, gigante e que faz frente a outros nacionais e internacionais”, afirma Celina Hissa.

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Coleção do projeto Olé Rendeiras: missão de repensar os laços que envolvem essa arte, fortalecer uma cultura, movimentar a economia de um lugar de uma forma sustentável (Divulgação)

Cada peça do projeto é assinada pela artesã que a fez, e assim podemos pode chegar mais perto da história de quem esteve envolvida no processo de feitura (Foto: Divulgação)

“A Olê Rendeiras é um projeto que procura valorizar a renda de birlo, repensar os laços que envolvem essa arte, fortalecer uma cultura, movimentar a economia de um lugar de uma forma sustentável, que dá força e que terá vida longa, porque conta com muita gente para essa trama. O projeto teve início em 2019, com a chegada da QAIR, empresa de energia renovável, no Trairi, município do Ceará. Com a vontade de impactar socialmente a região, a empresa convidou a Catarina Mina, marca já conhecida por trabalhar o consumo consciente e a economia local, para desenvolver um projeto junto às mulheres (e homens) da região”, conta Celina.

Mulheres artesãs do Olé Rendeiras: projeto que valoriza a arte e cultura locais desfila no DFB suas peças (Divulgação)

Mulheres artesãs do Olê Rendeiras mostram com orgulho as suas criações em renda de bilro (Foto: Divulgação)

E Celina ainda destaca: “É uma honra participar do DFB desde as primeiras edições, e com mais intensidade a partir de 2015. O evento valoriza o artesanal, novos designers, projeta aqueles que estão na tentativa e intuito de fazer brilhar quem nada contra a corrente. Esse abraço que o DFB dá à moda cearense e nordestina merece o respeito e gratidão de todos nós”.

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O litoral Oeste do Ceará guarda um dos saberes mais valiosos do artesanato local: a renda de bilro. Em torno dela o projeto trabalhou, durante meses, com mais de 100 rendeiras, de 14 comunidades, para que fosse desenvolvida uma coleção. Vestir uma peça  de renda de bilro é ressignificar e valorizar saberes seculares. O Projeto Olê Rendeira surge com o intuito mostrar a força e potência criativa das mulheres que têm essa arte fazendo parte de seu cotidiano e de seu sustento. Um trabalho minucioso, delicado, sofisticado, cujas ferramentas para execução vêm da própria natureza. “A inspiração para a coleção que apresentamos, também vem de paisagens, desenhos geométricos, conectados com o olhar moderno e cartelas de cores contrastantes, que estão fazendo a renda de bilro chegar a lugares inusitados”.

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O resultado do trabalho das bilreiras é fruto de uma história antiga de mulheres que há décadas vêm aprendendo o ofício observando suas mães e avós trabalhando com as mãos capazes de criar verdadeiras obras de arte em forma de roupas, toalhas, acessórios. “Recentemente, o projeto Olê Rendeiras foi escolhido ao lado de outras sete marcas pelo Brasil Eco Fashion Week para mostrar o poder da moda sustentável brasileira em Milão, na Itália. Acho que mais do que nunca o design se propõe a ser algo que regenera o mundo, no lugar de explorar. Como a moda pode estar a serviço de um mundo melhor? São as perguntas que toda nova marca deve se propor a responder”, propõe Celina Hissa.

Olê Rendeiras (Foto: Nicolas Gondim)

Celina Hissa conta ainda que, o projeto utiliza o método das Oficinas Catarina Mina para fortalecer o artesanato e conferir longevidade às tipologias, e observa que os dois anos de pandemia foram sinônimo de pensar em inovação e empreender. “Para seguir firme nesse período foi preciso muita reinvenção. Isso nos fez entender mais sobre a nossa força e também nossas possibilidades de trabalho em grupo. Crescemos, duplicamos. Esse mês de maio marca a inauguração do nosso Ateliê Aberto, um novo espaço da Catarina Mina, que vai muito além da loja. É uma experiência com todos os nosso processos, histórias, com um espaço para exposição, onde queremos compartilhar conhecimento”.