Coletivo Moda Alagoas: a autoralidade como protagonista em voo para o mundo


Em tempos da verdadeira revolução da empatia, que está quebrando todos os padrões, a economia criativa alagoana faz a diferença, incluí, se manifesta politicamente, enfatiza a sustentabilidade e o Sindivest Alagoas fecha 2019 com evento realizado na Casa da Indústria Napoleão Barbosa, sede da Federação das Indústrias do Estado do Alagoas (Fiea), em Maceió

Foram três dias de uma verdadeira imersão no universo da moda alagoana. Depois de acompanhar a chegada e o crescimento do Coletivo Alagoas, no Minas Trend, semana de moda e maior salão de negócios da América Latina, vim a Maceió conferir in loco e conversas com os designer, verdadeiras mentes criativas repletas de autoralidade e que estão em genuíno voo para a internacionalização de suas criações. Desde 2010, tenho levantado a bandeira da brasilidade, em meus textos sobre moda, constando que esse é um fenômeno de convergência. E foi incrível ver o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário, da Confecção de Roupas Íntimas e da Fabricação de Bijuterias e de Joalheria do Estado de Alagoas (Sindivet Alagoas), Francisco Acioli, comemorando 2019 com tantos designers que forman uma verdadeira corrente, valorizando a essência e a cultura da economia de moda.

Essas palavras repletas de ênfase só corroboram o que aconteceu no auditório da Casa da Indústria Napoleão Barbosa, sede da Federação das Indústrias do Estado do Alagoas (Fiea), na capital Maceió. A cada dia a indústria da moda nacional liberta-se das amarras do alter ego eurocentrista e a maximização do artesanato brasileiro afasta a nossa arte de uma armadilha letal. Neste movimento progressivo de maneira globalizada. As cores, o traço, a leveza, representam cada vez mais a possibilidade de alcançar algo que nos parecia inatingível. Francisco Acioli compartilhou com designer, player das indústrias de moda alagoana, integrantes que apoiam a moda nordestina que a diversidade de tipologias do nosso artesanato só faz crescer mais e mais a adesão de novos talentos ao Sindivest.

Nunca se falou tanto em práticas de autoconhecimento e quanto mais você se conhece mais é capaz de apoiar novos empreendedores regimentando esse exército de formiguinhas. Para quem não é insider da moda alagoana vale ressaltar que o filé é patrimônio cultural e imaterial do estado, um ícone do handmade brasileiro repleto de ancestralidade, já que a mulher rendeira é parte integrante do imaginário desse país. Só em Maceió existem quase mil artesãs registradas pelo Programa do Artesanato Brasileiro, que tem como redutos as regiões de Marechal Deodoro e Pontal da Barra, onde existe o Instituto do Bordado de Filé de Alagoas. “Expandir os negócios, valorizar a produção cultural e os nomes que fazem a roda da moda girar são as tônicas do Sindivest de Alagoas. Fechamos um 2019 que, só no Minas Trend, para vocês terem uma ideia, tivemos 70% de aumento das vendas em muitas de nossas marcas”, ressalta Francisco Acioli.

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Durante o evento Coletivo Moda Alagoas 82 fui convidada para compartilhar minhas experiências sobre ‘O futuro da moda e o contexto da autoralidade’. Estamos em tempo high tech, o tão aguardado momento de convergência em que as máquinas não levantam apenas dados, mas passam a tomar decisões. No entanto, essa revolução ocorre em tempos também que os laços humanos estão sendo valorizado e em que a sustentabilidade impulsiona a economia criatividade. O grande recado é que estamos em sintonia com o mundo e todos somos capazes de ter uma transformação digital ligada ao meio ambiente. Vi e vejo mentes repletas de ideias em processos produtivos circulares e relações de consumo mais conscientes na cadeia produtiva.

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O jornalista Rafael Moura em sua oficina ‘A comunicação como uma ferramenta de varejo’ propôs a plateia uma reflexão e novas formas de encantar seus clientes. “Atualmente são tantas possibilidades e ferramentas, que os gestores das marcas ficam perdidos na hora de se comunicar. O que acaba causando um grande ruído com os clientes”.

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O evento encerrou com uma performance inspirada na Ilha do Ferro, no interior de Alagoas, a mesma apresentada na edição de Outono-Inverno 2020. Com os mesmo olhos brilhantes daqueles que chegaram pedindo licença no Expominas, em Belo Horizonte, lá estavam no auditório os designers de 11 marcas do coletivo – Aquas Beachwear, Alana Tenório, Atelie Criar, Caleidoscópio, Endy Mesquita, Estudio Montereferro, Leila Monteiro, Lucia Bastos, Maneka, Manu Mortani e Sandra Cavalcante. No Minas Trend, o coletivo já bebeu das fontes do artesanato alagoano e mergulhou na obra de Graciliano Ramos.