Carioca estreante no Minas Trend, Claudia Chilaze faz sucesso com sua moda com sentimento e apresenta coleção inspirada na pluralidade social: “Estamos trabalhando a diversidade”


Na fashion week mineira, o site HT conheceu o trabalho do Atelier Chilaze, a marca de acessórios assinada por Claudia que hoje dá muito orgulho à empresária. Com brilho nos olhos ao contar sobre sua coleção, batizada de “Mundi”, a designer destacou o amor e o respeito às diferenças como elementos de inspiração e conceito por trás das peças

“E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu”. As belas palavras de Érico Veríssimo bem poderiam ser o resumo da história de Claudia Chilaze. Empresária e designer, a carioca trabalha há 20 anos com bijuterias e já viveu dois momentos na profissão. Hoje, no melhor deles, Claudia se orgulha do trabalho desenvolvido para o Atelier Chilaze e não esconde o material principal que agrega às cordas e resinas de seus colares e pulseiras. O amor à profissão e ao que está fazendo fez com que a empresária redescobrisse o prazer do dia-a-dia e, como consequência indireta, conquistasse o mercado de bijuterias. Aliás, foi isso o que aconteceu em Belo Horizonte. Pela primeira vez, Claudia Chilaze participou do Minas Trend e, após quatro dias de Salão de Negócios, a empresária voltou ao Rio com muitos elogios e vendas.

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Claudia Chilaze é o nome por trás das belas peças do Atelier Chilaze (Foto: Henrique Fonseca)

Na fashion week mineira, o site HT conheceu o trabalho do Atelier Chilaze, a marca de acessórios assinada por Claudia Chilaze que hoje dá muito orgulho à empresária. Com brilho nos olhos ao contar sobre sua coleção, batizada de “Mundi”, a designer destacou o amor e o respeito às diferenças como elementos de inspiração e conceito por trás das peças. Para o Verão 2018, Claudia apostou em muitas cores e alegria em um momento em que as múltiplas possibilidades estão ganhando cada vez mais espaço em nossa sociedade. “Nessa temporada, nós estamos trabalhando vários tipos de materiais com diferentes texturas e misturando muitas cores. Ou seja, estamos trabalhando a diversidade”, disse a designer que traçou um paralelo com o atual panorama social. “Nós estamos em um momento de aceitar o diferente. E isso não importa se estamos falando dos imigrantes, das diversas orientações de gênero, de cor ou credo. Hoje estamos vivendo tempos que precisamos aceitar as pessoas. E foi isso o que eu quis mostrar nessa coleção. Pode tudo: madeira, resina, corda, azul, laranja e verde”, detalhou.

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Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

E é bem isso o que Claudia Chilaze apresentou no Minas Trend. Em seu estande, a designer carioca garantiu charme ao espaço cru com acessórios coloridos e cheios de vida. Assim como ela. Animada em defender as suas criações, Claudia contou que o trabalho do Atelier Chilaze tem as cores como uma das identidades da marca. “Combinar cores é o que eu mais gosto de fazer. Eu vou escolhendo e quando eu vejo já está pronta uma nova paleta. É algo super orgânico e natural para mim”, explicou Claudia que, apesar das novas combinações, sempre tem uma como fundamental. O marinho, branco e vermelho, que trazem o mood dos mares para a coleção, é uma das paletas mais pedidas pelos clientes do Atelier e, por isso, todo verão o navy é garantia de sucesso. “Não importa se é tendência eu não, essa combinação de cores sempre está presente nas coleções da marca”, garantiu.

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Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

O que muda mesmo são as formas e técnicas de Claudia Chilaze em seus colares e pulseiras. Apesar de manter a identidade orgânica e artesanal da marca, que tem as cordas e os nós como algumas de suas características, a designer está sempre em busca de novidades para as coleções. “O nó é muita minha assinatura, assim como o colar de duas cordas com um elemento de resina embaixo. Eu tenho esses modelos de todas as cores e de diferentes jeitos, mas respeitando bastante essa identidade que eu criei. Foi assim que eu comecei a trabalhar com a corda. Eu não acreditava que fosse só pegar o material e pendurar um pingente”, explicou Claudia que, em relação aos novos modelos, nem sempre segue regras. “Às vezes eu desenho e em outras não. Eu começo a criar e vou fazendo até chegar a um resultado que eu goste”, contou.

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Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Ah, e esse é um ponto importante na criação do Atelier Chilaze. Tudo o que é desenhado e produzido por Claudia precisa passar por seu duro teste de qualidade e estilo. Com a designer, nada a satisfaz de forma incompleta. “Eu sou muito exigente e criteriosa com acabamento. Por isso, nunca vou desistir de um produto enquanto não estiver apaixonada por aquilo. Mais ou menos não existe. Eu amo o que eu faço. Inclusive, tenho ciúmes dos meus colares”, confessou Claudia que acredita que o sentimento que deposita em cada produto de seu Atelier chegue às clientes da marca.

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Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Prova disso foi o sucesso que a carioca fez na semana de moda mineira. No Minas Trend, Claudia Chilaze comprovou que, além de qualidade e design, seus produtos também carregam afeto e carinho. No Salão de Negócios do evento, Claudia ultrapassou as barreiras do Rio de Janeiro e conquistou clientes e admiradores de seu trabalho por todo o Brasil. “No Minas Trend, uma compradora de Belo Horizonte veio no primeiro dia, gostou do meu trabalho e comprou uma super quantidade de peças. No último dia, ela teve que voltar porque o estoque já estava acabando. E isso para mim é muito significativo. Eu sempre digo que a segunda compra é bem mais especial do que a primeira. Quando eu sei que o meu cliente vendeu e quer mais, que não foi algo só no impulso, eu sempre me emociono”, contou.

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Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

E esta paixão pelo que faz, sem dúvidas, é uma das melhores armas do Atelier Chilaze. Fora isso, Claudia traz a força de seu sobrenome no mercado de bijuterias no Brasil e o conhecimento que adquire há duas gerações sobre os negócios como estratégias. Com a designer, não existe pagamento atrasado e nem entrega fora da data. Daquelas que se antecipa aos contratos, Claudia Chilaze contou que a fama de “boa-pagadora” aos fornecedores também ajuda com que o Atelier Chilaze conquiste cada vez novos ares. “É difícil as marcas conseguirem bancar isso. Mas eu aprendi com o meu pai, que já trabalho com bijuteria desde 1946. Ele sempre me ensinou a ter capital de giro e cumprir com prazos e contratos com os meus clientes. É isso que faz eu continuar consolidando o meu nome no mercado. E, como Chilaze é um sobrenome diferente, que só tem uma família no Brasil, somos muito reconhecidos no meio da bijuteria. Eu sei que temos bastante credibilidade porque sempre pagamos tudo à vista e antecipado. Por isso, eu acredito que um dos mais importantes diferenciais que tenho no mercado é o meu nome, que vem desde o meu avô. Esse é o meu maior patrimônio”, disse.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

No entanto, a carreira de Claudia Chilaze como designer de bijuterias nem sempre foi tão honrosa e brilhante. Há 20 anos trabalhando neste setor, ela contou que no passado viveu a dualidade de dinheiro e felicidade. Com peças que não traduziam o que Claudia acreditava e nem a orgulhavam pelo trabalho, a designer ganhou dinheiro e bons negócios em um período que não tinha o mesmo brilho nos olhos de hoje. “Quando eu resolvi trabalhar com bijuteria, há mais de 20 anos, eu abri uma loja e revendia peças. Teve uma época, inclusive, que passei a atender os grandes magazines, como a Leader e tinha uma venda em massa. Então, foi um período que eu trabalhava com preço porque era muito volume por peça. Fora que eu precisava ter muito capital de giro para pagar os fornecedores à vista e só receber 90 dias depois. Ou seja, foi uma época que eu consegui ganhar dinheiro, mas tinha um trabalho do qual eu não me orgulhava. As peças que eu vendia não eram o que eu queria fazer. Eram o que eu podia dentro de um orçamento mínimo que eles me davam”, lembrou.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Além da infelicidade por trás das peças, Claudia lamentou não poder usar bons materiais e banhos para essas produções que, acima da preocupação estética e de qualidade, tinha a necessidade de preço como obrigação. “Eu fui ficando muito infeliz. Quando as pessoas me perguntavam se aquelas peças eram minhas, eu nem assumia. Era uma venda que eles exprimiam tanto o preço que eu não podia trabalhar com materiais de qualidade e nem um design mais bonito”, contou.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Mas isso mudou. Assim como Érico Veríssimo disse na frase que abriu esta matéria, Claudia Chilaze soube fazer uma pausa para olhar os lírios do campo e as aves no céu. Aliás, a vida a obrigou disso. Em um momento de crise em que este mercado sedento por preço começou a ser afetado e potencializado por um panorama muito pasteurizado de peças parecidas, a designer decidiu mergulhar em sua verdade e criar algo que pudesse se orgulhar de assinar. E foi isso o que ela fez. Há oito anos, Claudia Chilaze ouviu amigos e abriu seu próprio Atelier. “Alguns clientes que me conheciam pediram para eu desenvolver um trabalho especial. E aí eu comecei e sempre joguei limpo. Cobrava por um valor e explicava que tinham os custos dos materiais que são de qualidade, tudo da indústria brasileira e comprado com nota etc”, defendeu.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

E, aos poucos, Claudia foi consolidando sua identidade criativa e conquistando mais espaço no mercado. Até que uma visita deu novos rumos ao caminho do Atelier Chilaze. “Em 2013, uma moça entrou na minha loja e gostou muito do meu trabalho. Foi então que começamos a vender em Paris quando eu participei da feira Le Bon Marché porque tinha um trabalho bem diferenciado. Como consequência dessa experiência na França, passei a atender a H.Stern no Rio. Por mais que seja uma grife só de joias, eles têm uma parte para turistas que reúne outras marcas”, explicou Claudia que foi parceria durante quatro anos da grife de joias em uma dobradinha que tinha as contas de madeira e resina como principais elementos de moda e design.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Depois disso, os negócios da marca alavancaram e hoje Claudia Chilaze tem um prédio para seu atelier no centro do Rio de Janeiro. Na região da Saara, famoso mercado popular carioca, a empresária vende suas belíssimas peças no primeiro andar e comanda a produção do terceiro. “Eu sou do Saara e, também por isso, acredito que eu consiga praticar um bom preço. Onde eu tenho a minha loja, consegui comprar um prédio que hoje também tem o atelier de produção. Ou seja, eu não começo o meu mês devendo um montante de dinheiro para pagar aluguel. E isso é muito importante para a gente sobreviver à crise”, comemorou.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Outro ponto importante que garante a sobrevivência e o sucesso do Atelier Chilaze são as pessoas que Claudia tem como parcerias. “Além dos meus funcionários que me ajudam no atelier, também tenho muitas famílias que colaboram com o trabalho da marca de casa. Eu ensino como faz a técnica de handmade, dou a matéria-prima e terceirizo essa prática. Assim, eu sei que também estou ajudando pessoas que não podem trabalhar fora porque têm filho pequeno ou estão em busca de um complemento para a renda da família”, contou sobre o trabalho que faz com cerca de 50 mulheres.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Desta forma, além de otimizar os negócios do Atelier, Claudia Chilaze ainda contribui para a renda de famílias cariocas. “Eu não posso ter todas essas pessoas na minha folha de pagamento. Seria inviável e eu teria que começar a repassar para o valor final das peças. Então, desta maneira, eu sei que estou ajudando diferentes famílias e garantindo a qualidade e o preço dos meus produtos”, afirmou.

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

Assim, o Atelier Chilaze segue em um crescente e sem freio. Depois do sucesso no Minas Trend, Claudia contou que tomou gosto por feiras e agora quer desbravar um evento internacional. Para além das fronteiras brasileiras, a designer disse que quer expandir o mercado da marca e voltar a ter suas peças conquistando Paris e outras capitais pelos quatro cantos da Terra. “Eu estou de olho no mercado internacional. De vez em quando eu viajo para conhecer e pesquisar mais. Eu gosto muito disso, acho que toda experiência agrega. Então, quando estou lá fora, gosto de bater perna, ir nas feirinhas de rua e conhecer os diferentes trabalhos pelo mundo. E, nisso, eu vejo que o que eu faço não tem em lugar nenhum. Até porque, eu não me repito. Estou constantemente em busca de novas técnicas e produtos. Por isso, eu acho que tem espaço para mim neste mundo”, disse Claudia Chilaze. O mundo é seu!

Coleção do Atelier Chilaze na 21º edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)