Arezzo Juntas: Família Gil mostra a importância da rede de apoio feminina


Preta, Bela, Flora, Maria, Marília, Nara, Dona Nair, Laura, Flor e Sol de Maria estrelam campanha “Somos todas love, love”, que enfatiza a sororidade e o amor. “O exemplo é diário na nossa família. Cuidando, incentivando, apoiando e dando colo uma para a outra. É um hábito natural”, frisa Preta Gil

As mulheres da família Gil praticam a sororidade há, pelo menos, quatro gerações (Foto: Paulo Vainer)

Bem antes de a palavra sororidade ganhar tanta expressividade em nossas vidas, as mulheres da família Gil já exercitavam a união, solidariedade, fraternidade e empatia de geração a geração. Nada mais expressivo, portanto, do que serem as estrelas da campanha “Somos todas love, love”, que tem como base o conceito do movimento Arezzo Juntas. Preta, Bela, Flora, Maria, Marília, Nara, Dona Nair, Laura, Flor e Sol de Maria reforçam os laços femininos de troca, afeto e crescimento, que permeiam tanto a campanha quanto a vida. “O exemplo é diário na nossa família. Cuidando, incentivando, apoiando e dando colo uma para a outra. É um hábito natural”, fala Preta Gil. “As mulheres da nossa família sempre se ajudaram. E o mais importante: respeitando cada uma do jeito que é”, acrescenta Bela Gil.

O que temos hoje são mulheres reconhecidas irmãs e que lutam juntas e não largam as mãos umas das outras em prol da ética, do respeito e da justiça (Foto: Paulo Vainer)

A campanha, dirigida por Giovanni Bianco, foi fotografada antes da pandemia causada pelo novo coronavírus atingir o Brasil. Pela primeira vez, quatro gerações da família Gil se reuniram em uma ação para mostrar a força e a união das mulheres – a Arezzo, aliás, trabalha esses temas desde 2018 e temos mostrado todas as ações aqui, no site. Na ação, Preta, Bela, Flora, Maria, Marília, Nara, Dona Nair, Laura, Flor e Sol de Maria, cantam a música  do grupo Gilsons, trio musical formado por José, Francisco e João, todos integrantes da família Gil.

Para Preta, não há como falar de força feminina sem lembrar de duas grandes referências em sua vida: a mãe, Sandra Gadelha, e Flora Gil, casada com Gilberto Gil desde 1988. “Tive essa sorte na vida, de ter nascido filha de uma mãe tão poderosa, tão emblemática, tão forte, tão incrível, que emana uma luz, um carisma sem igual. E de ter tido uma boadrasta, porque não consigo chamar a Flora de madrasta, uma segunda mãe, também com uma potência agregadora, de força, de acolhimento, de cuidado muito grande com todos”, pontua Preta. “Em várias situações da vida a gente se apoiou umas nas outras. Eu em minha mãe, minha mãe em mim, eu em Flora, Flora em mim. É um privilégio ter duas mães e agradeço a Deus todos os dias”, afirma.

“Juntas” manifestando o amor e cuidando de quem sempre cuidou de você (Foto: Paulo Vainer)

A coleção de sapatos e bolsas “Love, love”, da Arezzo é integrada por modelos clássicos e atemporais, perfeitos para mulheres dos mais variados perfis, como são as da família Gil. Nas mãos ou nos ombros, chamam a atenção nas fotos modelos elegantes e funcionais como a Satchel média de couro vermelha, com textura snake, que inclui três alças: uma de mão em tira dupla, outra do tipo tiracolo e uma na parte traseira superior.

Mulheres de uma mesma família, mas com histórias e vivências distintas mostrando a união como tônica que permeia suas vidas (Foto: Paulo Vainer)

Nos pés, os queridinhos são os block heels, saltos mais encorpados que garantem o conforto, sem abrir mão do charme. Destaque para a sandália preta em couro com texturas, que prende no tornozelo e vai bem em produções diurnas ou noturnas, e os modelos com amarração, fetiche fashion para mostrar que o lugar de mulher é onde ela quiser.

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E, abordando temas como liberdade feminina e a desconstrução de preconceitos, Preta lembra que ela e Bela levantaram assuntos como corpo livre, autoaceitação, veganismo, biodiversidade, macrobiótica muito antes desses temas serem amplamente discutidos no Brasil. “Há 18 anos, quando lancei meu primeiro disco e assumi minha bissexualidade, falei abertamente sobre corpo livre, era uma época em que nada disso existia, não se falavam as palavras empoderamento feminino, sororidade e empatia. Lembro que fui muito atacada, muito julgada, chamada de louca, exibicionista, polêmica. E a gente vê hoje que eu abri caminho para muitos movimentos e muitas mulheres se libertarem e se aceitarem”, diz Preta. “Cada uma de nós fez sua revolução e construiu seu legado. Essas práticas são absolutamente naturais em nós. A gente não pensou, não planejou. Somos assim”, observa.

Bela ressalta a importância da herança tropicalista que ela e a família carregam no DNA. “Temos no sangue um forte ímpeto revolucionário, de liderar e mostrar caminhos e alternativas, atitudes que mexem muito na estrutura da sociedade. É algo muito bom. Meu pai fez bastante isso, então acho que herdamos esse lado dele”, pontua.

Exemplos de mulheres libertárias, independentes, que trabalham o respeito à diversidade, o combate ao racismo e à intolerância religiosa na educação de seus filhos (Foto: Paulo Vainer)

Por falar em genética, ser filha de Gilberto Gil ajuda ou aumenta a responsabilidade em uma sociedade que trata os desiguais como iguais? “A cobrança sempre vai existir, mas quando você descobre o valor da sua identidade, essa cobrança se minimiza. Para sempre vou ser a filha do Gilberto Gil e as pessoas vão me cobrar, algumas vezes me exaltar e outras me diminuir por isso. Ele é uma fonte de luz e eu tenho a minha história, minha trajetória, as minhas lutas. Tenho admiração e um respeito absoluto em relação a ele, mas não a pretensão de ser igual. Trilhei o meu caminho. Foi difícil quando eu era adolescente, mas hoje não tem nada mais prazeroso na vida do que ser filha de Gilberto Gil”, garante Preta.

Bela concorda com a irmã. “Quase cheguei a ter questões com isso em momentos em que queriam me atacar. Mas entendi que sim, graças a Deus sou filha do meu pai e só estou aqui porque fui criada por ele desse jeito, com os valores que ele me passou. Isso, para mim, é insubstituível. Tenho muito orgulho e muita noção do que é ser filha do Gil. Que eu possa usar essa oportunidade para fazer algo pela sociedade”, frisa.

Mulheres que cuidam, ensinam, lutam e vibram por uma sociedade melhor (Foto: Paulo Vainer)

As gerações que vieram depois de Preta e Bela também já nasceram sabendo o que querem. “Tenho dois filhos com personalidades bem diferentes. A Flor, de 11 anos, é superextrovertida e sociável, quer estar fora com amigos, acho que sente bastante essa falta de sociabilidade provocada pela quarentena. Então, ela tem focado em cantar, fazer as aulas de canto e de piano, tudo por celular”, explica Bela. “Já o Nino, com 4 anos, é bem caseiro, então não sentiu muito. Mas tem dias em que ele fala: ‘queria que esse coronavírus acabasse logo'”, comenta Bela.

Preta cita o exemplo como um dos grandes legados da família Gil. “Meu filho, Francisco, é um homem muito empático, bastante combativo a todos os tipos de preconceito, porque ele viu isso em mim. Acho que a Sol de Maria vai ser igual, ela vê isso no pai e na avó. Quando você é uma célula familiar que luta contra opressões – e opressões vêm de várias vertentes, como o machismo, a homofobia, a gordofobia, o racismo -, você acaba influenciando seus filhos a terem a consciência de também terem voz contra preconceitos”, pontua.

A união e diferentes histórias de vida e mulheres que juntas se inspiram, se ajudam, se divertem, se fortalecem, ensinam, aprendem, sonham e dividem experiências (Foto: Paulo Vainer)

Em relação ao racismo, Preta Gil faz questão de se manter vigilante e combativa. “A pauta antirracista é minha desde que me entendo por gente. Após a tragédia que aconteceu nos Estados Unidos com George Floyd vimos nascer uma onda antirracista que movimentou tantas pessoas ao redor do mundo. É hora de a branquitude tomar consciência dos seus privilégios e de comportamentos racistas estruturais que estão com a gente. Sempre fiz a minha parte na minha desconstrução, na minha evolução e na dos que estão ao meu redor. É um caminho sem volta. Temos que ir rumo às conquistas de equilíbrio em ambiente de trabalho, em empregos, enfim, tantas coisas que a gente ainda tem para lutar”, argumenta Preta.

Os brasileiros sempre foram pautados pelo mito da democracia racial, que nos fez acreditar ao longo de décadas sermos um país supostamente menos racista. E Bela, como foram e/ou são as experiências com relação ao tema discriminação etnorracial? “Trabalhando com culinária, ensinando pessoas a ter uma refeição mais saudável, com receitas que incluem alimentos e ingredientes da biodiversidade brasileira, talvez a história do churrasco de melancia tenha mostrado esse racismo estrutural e não tivesse virado um meme se um chef homem e branco que tivesse feito ou até mesmo uma mulher branca. No meu caso, virou uma grande polêmica, que não necessariamente merece todo esse bafafá”, conclui.

Uma relação repleta de amor, cumplicidade, sororidade, empatia, Mulheres que passam legado de mãe para filha, de avó para neta, de tia para sobrinha, de madrinha para afilhada (Foto: Paulo Vainer)