Suzana Trajano e mais quatro produtores cariocas lançam a “Infame”: “É meio inferninho, sem ser conceitual ao extremo”


Responsáveis por baladas como “Pool Me In”, “Catch”, “Chá da Alice”, “BOHO” e “SOPA” se unem para um novo conceito de irreverência e liberdade de expressão na cena noturna carioca, inspirado na vibe da Berlim de 1930

Imagine se cinco produtores responsáveis por algumas das melhores e mais criativas festas da cena noturna carioca se unissem e criassem um projeto em comum. Ok, agora não precisa mais imaginar, porque o Rio de Janeiro recebe nesta sexta-feira, no Clube dos Democráticos, a primeira edição da festa “Infame”, balada organizada por um grupo de primeira, que já vem fazendo com que a noite na capital fluminense fuja da mesmice há alguns anos.

O projeto é tocado por Suzana Trajano, que entre muitos trabalhos tem refrescado o verão carioca com as edições épicas da “Pool Me In”Dani Vieira, uma das cabeças pensantes por trás da “Catch”Márcio Lima, responsável por reunir a galera hype com a música pop da “BOHO”; Pablo Falcão, que mantém a tradicional e queridinha do público LGBT “Chá da Alice”; e Armando Babaioff, quem comanda a “Festa SOPA”, uma das preferidas de quem curte eletrônica de qualidade e que muitas vezes faz edições incríveis ao ar livre, com destaque para aquelas que ocupam o pátio do CCBB de vez em quando.

Pablo Falcão, Suzana Trajano, Márcio Lima, Dani Vieira e Armando Babaioff comandam a “Infame” (Foto: Reprodução Facebook)

Pablo Falcão, Suzana Trajano, Márcio Lima, Dani Vieira e Armando Babaioff comandam a “Infame” (Foto: Reprodução Facebook)

Todos esses agentes da vida noturna unem suas melhores qualidades para lançar a “Infame”, que chega inspirada na cena da Berlim de 1930 – ideia magistral de Babaioff -, com uma identidade sonora que pode ser descrita como ‘pop caviar’. Para quem conhece alguma das festas citadas acima, com certeza já sabe que o novo evento será um daqueles onde tudo pode acontecer e o inusitado vai desde o dress code dos convidados à música e à atitude dos presentes. Se o próprio nome da balada deixava alguma dúvida, a descrição do evento trata de sanar esse problema: a festa será infame sim, e um de seus conceitos é prezar pela liberdade de ser, agir, pensar e se expressar. A musa de toda essa infâmia também já entrega o clima geral: Anita Berber, artista, bon vivant e figura icônica da noite alemã, que levava aos extremos tanto seu estilo andrógino e a sexualidade desinibida quanto a sua relação com as drogas e o álcool.

Pablo Falcão, Suzana Trajano, Márcio Lima, Dani Vieira e Armando Babaioff comandam a “Infame” (Foto: Reprodução Facebook)

Pablo Falcão, Suzana Trajano, Márcio Lima, Dani Vieira e Armando Babaioff comandam a “Infame” (Foto: Reprodução Facebook)

HT aposta: a festa tem tudo para ser sucesso certo na noite carioca, daquelas que geram lembranças e comentários por tempo indefinido. E, para saber mais sobre o evento, batemos um papo com Suzana Trajano, que fala sobre o projeto, a atual fase da cena noturna no Rio e como o feeling é essencial para um produtor de qualidade. Você lê tudo abaixo:

HT: De onde surgiu a ideia para esse novo projeto?

ST: Nós começamos a ver algumas cenas de Berlim e pensamos em criar algo que fosse diferente do pop tradicional de sempre. Algo legal e dançante, cujo objetivo não é ser super pop como o “Chá” e a “BOHO”, mas também não ser muito conceitual ou extrema. Então, unimos esse coletivo da noite carioca, por uma iniciativa que fosse meio inferninho, meio loucura.

HT: E como vocês chegaram ao Clube dos Democráticos como lugar de estreia?

ST: Não dava para fazer em um lugar com capacidade para 200 pessoas, senão ficaria ruim. Então, pensamos em resgatar o Democráticos, que é espaçoso e consegue acomodar tanto uma decoração criativa quanto os convidados.

HT: Qual é a sonoridade da festa?

ST: Convidamos o Andrei Yurievitch, da “Manie Dansante”, para abrir a festa com músicas que não têm nada a ver com a própria Manie. Teremos também o Arthur Zampolli, da “Le Garçons”, que é uma festa muito legal por lá e acontece na rua com um som meio house, mas sem bate-cabelo. E a Ani Haze, da “Funfarra”. As músicas não serão exatamente flashback, mas é um pop leve, cheio de hits que todo mundo conhece. Estamos tentando evitar o Top 10 da rádio: será mais voltado para um pop eletrônico, com uma levada disco e chique, que dá para cantar junto, mas é meio house, tipo Disclosure. Uma espécie de hit-pop-caviar.

HT: E no quesito ambientação, como vocês pretendem colocar a identidade da festa no Clube dos Democráticos?

ST: Pensamos em algo meio Red Ligh District, de Berlim, com muita gente diferente e uma decoração especial – o Pablo [Falcão] não vai deixar que seja nada menos do que algo majestoso. Não é só mais uma festa do Democráticos: essa é uma festa de produtor e não de DJ. Somos cinco produtores, juntos, que sabemos fazer uma balada boa e pretendemos realizar tudo o que não dava para fazer nas outras, sem ser muito conceitual. É tudo bem possível.

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HT: Muita gente na cidade tem dito que, atualmente, o Rio sofre de uma carência de boas opções para quem curte uma balada, alegando que a noite carioca caiu na mesmice. Você concorda com isso?
ST: A noite do Rio está em uma boa fase, acho que até melhor do que a de São Paulo. Lá, as festas acontecem muito em lugares fechados. Por outro lado, aqui não tem nenhum lugar novo, porque simplesmente não se constroem novas boates. E eu também nem sei se é necessário construí-las. O Rio tem muito lugar que precisa ser aproveitado, como o Democráticos. No geral, estamos com uma cena boa. Hoje em dia, você não sai só se não quiser. A noite está indo bem, não acho que o público precise se apegar a reativar festas antigas, porque nunca vai ser a mesma coisa. Existe uma certa faixa etária, boa parte da galera, que não quer nada novo. As pessoas não entendem a transformação da cena e não se desapegam. Acho que isso sim é um problema.
HT: E o que você tem visto de novo na noite carioca?
ST: As festas na rua são uma opção dentro da crise econômica. Mas, ao mesmo tempo, elas meio que matam as festas fechadas: entre ir a uma balada que cobra R$50 na entrada e uma onde entro de graça, boa parte vai na que é grátis. Mas eu não sei como virar esse cenário, porque as festas da rua não se sustentam. Não adianta se apoiar no bar, porque a pessoa não vai deixar de comprar uma bebida que é 50 centavos mais barata no camelô só para apoiar a produção da cena. De qualquer forma, acho que o clima está mudando e passamos hoje por uma fase muito interessante. Em São Paulo, por exemplo, eles conseguem apoio da prefeitura para fazer as festas na rua e, assim, conseguem um esquema para cobrar entrada. Se o governo daqui ajudasse mais, a qualidade dos eventos seria bem melhor, mas a prefeitura carioca não libera o alvará de evento provisório.

HT: O que você acha que é imprescindível para fazer uma festa boa no Rio de Janeiro?

ST: O feeling da hora. Acho que agora, como é inverno, uma coisa meio Berlim seria ideal. É como aconteceu também na época que a gente fez a “Pool Me In”: tinha 20.000 pessoas falando no Facebook que queriam festa com piscina, então nós fomos atrás disso. É bom acreditar num projeto animado e diferente, tipo essa nova onda de festa na rua. O carioca é muito particular no quesito festa. É um povo completamente diferente dos paulistas ou do Brasil. No Rio, o camarote é brega até dizer chega, por exemplo.

HT: Na sua opinião, o que faz o carioca sair de casa para ir a uma festa?

ST: O que atrai é o amigo. O carioca ‘vai’ muito. Por exemplo, todo mundo já foi ao Baile do Viaduto de Madureira uma vez na vida. O Rio tem muito desse estilo low profile.

Serviço:

INFAME

Sexta-feira, 5 de junho

Clube dos Democráticos – Rua Mem de Sá 91 – Lapa

Abertura da casa – 23h

Ingressos:

Antecipados:R$ 30

Na hora (pagamento somente em dinheiro):

Com nome na lista, R$40 até 0h30 / R$50 após

Sem nome na lista, R$ 60 a noite toda.