#SaiaDaCaixa de Helen Pomposelli apresenta Carol Feichas e sua vontade de mudar o mundo com seu trabalho e o modo de pensar a vida


Depois de ser jornalista, fotógrafa, designer e estudiosa de reiki, ela, hoje, produz desidratados em uma fábrica em Petrópolis com aproveitamento de sementes e sobras de feira de produtos fora de padrão de comercialização, que normalmente é jogado fora e vira compostagem

*Por Helen Pomposelli

Carol Feichas por Miguel Moraes

Carol Feichas, agora, mora em Posse, Petrópolis, mas já morou em vários lugares. Quem sabe o próximo? É formada em Comunicação Social, com ênfase em jornalismo pela Faculdade da Cidade, e, como fotógrafa, participou do XIV Curso Abril de jornalismo em Revistas. De lá, trabalhou em publicações como Caras, Época e Estadão… Hoje, produz desidratados em uma fábrica em Petrópolis com aproveitamento de sementes e sobras de feira de produtos fora de padrão de comercialização, que normalmente é jogado fora e vira compostagem. “Eu aproveito, desidrato e faço snacks de legumes com verduras e sementes, ou faço somente com legumes desidratados para serem hidratados, depois. Por exemplo, faço um desidratado de mix de berinjela com ervas para a pessoa jogar no molho de tomates”, explica Carol, empresária da Manaca Orgânicos, marca que nasceu em 2011, quando os pais começaram a produzir orgânicos. Os desidratados vieram depois, há cerca de dois anos, desenvolvidos por Carol.

Segundo ela, o processo de desidratação existe desde 1700, mas quase ninguém ainda usa. A idéia é usar as verduras e legumes e buscar uma forma de aproveitamento melhor, mas que não tenha processo industrializado. “Não tem adição de nada químico, uso muito pouco sal e nenhum açúcar. O sabor sai do produto mesmo. Semente que tem sabor que vem da semente. Tenho biscoito de banana com canela e cacau 60% que não leva farinha, snacks de chia, menta com beterraba, espinafre com gengibre, abóbora com tempero… Não uso fritura e nem cozinho. Eu queria criar um produto onde no rótulo existisse palavras que todos entendessem a origem e assim pudesse identificar o que iriam comer”, diz.

Carol Feichas por Miguel Moraes

Mas como Carol chegou até ai? Uma longa história… Depois de ser fotógrafa, curtia muito o que fazia, mas ficou economicamente inviável, partiu para estudar design e marketing na ESPM, e, com cinco anos como designer de web na Petrobras, largou tudo… “Nesse meio do caminho, comecei a estudar Reiki e ai veio uma revolução!”

“Meus últimos seis meses na Petrobrás, eu produzia tudo muito rápido e trabalhava muito pouco, porque tinha poucos projetos. Aí, entre um job e outro, eu ficava aplicando Reiki nos funcionários e amigos. Chegavam pessoas na minha baia pedindo para fazer reiki e desabafando os problemas e stress”, conta Carol, que é formada em Reiki e hoje pratica o Jikiden Reiki, o tradicional japonês.

Em 2015, do reiki para a gastronomia, Carol foi em busca de autoconhecimento. “O que aconteceu é que chegou um momento que rolaram uns gaps financeiros e diminuíram meus atendimentos. Minha irmã foi morar fora e me convidou para dar continuidade ao projeto dela de fazer chips de aipim frito. Eu tentei, mas como era frito, eu passava mal, ficava enjoada de fritar o negócio. Descobri que existia uma maneira mais saudável de fazer chips e descobri que existia a desidratadora, uma máquina super simples. Me apaixonei! “, lembra.

Carol Feichas por Miguel Moraes

“No final de 2015 fiz um curso de meditação no Vipassana, em Minas Gerais, e fiquei durante 10 dias sem falar, aí eu pirei no cabeção, porque eles te dão um outro conceito, uma nova maneira de pensar a técnica. No curso você fica imerso dentro da meditação de 4h30 da manhã até 21h30 da noite, com intervalos curtos e a alimentação é vegana. Você medita, escuta o ensinamento e medita de novo. Dentro desse ambiente, o seu corpo se abre e se disponibiliza a receber uma purificação muito intensa e se entrega. O resultado é a resposta que está sempre dentro de você”, relembra.

Quinze dias depois que chegou desse retiro, Carol recebeu um convite para ajudar na bioconstrução de um centro de meditação Vipassana no Peru. Ela não só foi, como levou seu filho, que, na época, tinha 9 anos. “Me deu um estalo, queria aprender a fazer bioconstrução e escrevi para lá dizendo que queria morar, ajudar a construir e meditar e eles autorizaram o meu filho ir, agilizei a documentação e fui!”, conta feliz.

Carol Feichas por Miguel Moraes

“Doei meus cristais todos, meus móveis, só a prancha e skate que não consegui me desapegar, mas deixei emprestado. Fui para o Peru, ficamos 10 meses, chegamos lá e tava rolando a construção e começaram a esvaziar o acampamento com 20 pessoas de cada países do mundo”

Recado de Carol para o Saia da Caixa? “A felicidade está dentro de cada um e o grande aprendizado é desfrutar tudo na vida. Não é fácil seguir o que seu coração dita, mas tenho orgulho de conseguir tomar decisões sem nenhuma razão. Eu não quero saber opinião de ninguém. A gente se deixa se influenciar o tempo todo. Não se deixar se influenciar pelo outro e abrir o seu coração para você mesmo. Não caia nos padrões. Tem gente que só ama se sofrer, precisamos fazer coisas para ser feliz, doar de maneira mais feliz e amorosa para os outros. A aversão é consigo mesmo, e não com o outro. Buscar dentro de si,tem gente que precisa de uma religião para despertar espiritualmente, o despertar e a busca é muito pessoal. Cada dia é uma nova descoberta, o universo é muito generoso”, responde.

Carol Feichas por Miguel Moraes

Obrigada, Carol!