#SaiaDaCaixa de Helen Pomposelli apresenta a arquiteta sensorial Juliana Neves: “um projeto mal executado pode afundar um empreendimento promissor”


Juliana descobriu que através da criação de uma atmosfera rica em estímulos sensoriais conseguia envelopar, abraçar o cliente em qualquer ambiente. Assim criou a Kube, escritório focado em projetar espaços que se conectam emocionalmente às pessoas, por meio de sua expertise em Arquitetura Sensorial e Design e Emoção.

*Por Helen Pomposelli

Foto: Miguel Moraes

Crescem cada vez mais os profissionais no mercado que unem a sua profissão com outras leituras mais profundas do comportamento, como o estudo da emoção, afeto, autoconhecimento e o sensitivo, como a moda e a arquitetura. Nosso “Saia da Caixa” de hoje é um exemplo desses: Juliana Neves, 38 anos, mãe de Marina, empreendedora,  budista, praticante de meditação, que divide seu tempo entre a empresa Kube de arquitetura sensorial com seu hobby de tocar tamborim no Bangalafumenga.

“Eu estudei na escola Britânica e, por ser bolsista, sempre fui muito dedicada. Com 16 anos fiz um estágio pela escola, no escritório da arquiteta Lia Siqueira onde lá eu vi que realmente queria ser arquiteta. Mais tarde, entrei na UFRJ, fiz a faculdade de arquitetura, chegando a trabalhar com Cristiane Lacour e com a Bel Lobo”, enumera.

Foto: Miguel Moraes

“Quando eu trabalhava com a Bel, um dos clientes que eu atendia era a Farm, que pediu para a loja de Ipanema, um projeto para  todos os sentidos. Foi naquele momento que me motivou a estudar o assunto no mestrado e em projetar espaços para os demais sentidos além da visão. Queria estudar essa percepção sensorial das pessoas com as marcas, que eu como arquiteta pudesse projetar um ambiente que impactasse, envolvesse o cliente positivamente e de uma forma acolhedora”, explica a sua trajetória.

Durante seus estudos na área de Design e Emoção da PUC, departamento focado na relação entre pessoas e o meio construído, Juliana descobriu que através da criação de uma atmosfera rica em estímulos sensoriais conseguia envelopar, abraçar o cliente em qualquer ambiente. Assim criou a Kube, escritório focado em projetar espaços que se conectam emocionalmente às pessoas, por meio de sua expertise em Arquitetura Sensorial e Design e Emoção.

Foto: Miguel Moraes

“Quando criança, eu sempre pensei em ser arquiteta, adorava brincar com bloquinhos de madeira, mas a minha maior lembrança era quando meus pais saíam de carro para me fazer dormir. Lembro que eu ficava deitada no banco de trás e ficava olhando as fachadas das lojas e prédios. Minha primeira recordação do pensar na arquitetura com um olhar carinhoso”, se recorda Juliana, que sempre teve apoio dos pais.

O maior desafio atualmente para Juliana é fazer com que o cliente entenda a importância de você/ marca se mostrar para o mundo de forma alinhada e concisa, inclusive sensorialmente. “Aliada ao posicionamento correto das marcas, a arquitetura sensorial tem recebido cada vez mais atenção da mídia e dos varejistas e não é à toa: um projeto mal executado pode afundar um empreendimento promissor, ao passo que um projeto arquitetônico bem formulado e condizente aos valores da empresa pode conferir credibilidade e levá-la a novos horizontes”, diz a arquitet,a que hoje assina projetos como a nacionalização de 20 projetos para a Hugo Boss no Brasil e dois dos novos ícones do turismo do Rio de Janeiro: a loja de souvenir do AquaRio e do Centro de Visitantes Paineiras, com os quais ganhou dois prêmios no A’ Design Award, maior competição de design do Mundo, com sede na Itália. Voluntariamente, fez o projeto do Centro Budista de Meditação Kadampa, em Botafogo, RJ.

Foto: Miguel Moraes

E para Sair da Caixa, Juliana? Desde que eu terminei a faculdade, não voltei a estudar mais arquitetura e sim matérias que tangenciavam a minha pratica diária. Meu conselho é investigar outros temas que possam ampliar os horizontes do olhar e fugir do fazer o que todos reproduzem todos os dias”.

Boa, Ju!