#SaiaDaCaixa de Helen Pomposelli apresenta a estilista Flavia Rodrigues


Flávia é estilista da marca Pari, cujo nome significa borboleta em hindu, que veio quando estava finalizando uma viagem à India, depois de uma trajetória de sucesso como advogada

*Por Helen Pomposelli

(Foto: Miguel Moraes)

Essa é uma daquelas histórias que eu adoro contar! Uma verdadeira experiência de vida  “Saia da Caixa” ou “ jogada de toalha” com força e coragem para a gente se inspirar. Conversei com Flavia Ferreira Rodrigues, advogada, que, atualmente, trabalha exclusivamente com moda na sua grife chamada Pari. Certo dia, Flavia decidiu, aos 30 e poucos anos, que não poderia virar os quarenta ainda advogando e virou a mesa!

 “Eu não queria mais isso. Não era feliz e radicalmente fui transformando a minha vida através do meu estilo de trabalho”, desabafa Flavia, que era gerente jurídica de um Fundo de Pensão, previdência complementar, por 7 anos, sua última atuação como advogada, pois antes trabalhava em escritórios e com dia-a-dia jurídico bastante estressante. 

“Eu tinha todo dia horário fixo para trabalhar em Niterói. Chegava lá com mais desgaste e stress. Uma correria! Nessa época eu questionava muito a minha falta de tempo. Sempre achei que estava presa ali. Com a mudança de diretoria, eu saí, e automaticamente fui para outro escritório com cargo de gestão , mas em três meses vi que ia se repetir a mesma  rotina e que não era aquilo que eu queria e ai, abandoei tudo”, lembra.

(Foto: Miguel Moraes)

Hoje, Flávia é estilista da marca Pari, cujo nome significa borboleta em hindu, que veio quando estava finalizando uma viagem à India. Segundo a estilista, a marca é dirigida para a mulher brasileira que gosta de se vestir de forma mais despojada e elegante com muitas cores, fluidez, que oferece uma liberdade. “Uso seda, linho e viscose. Em breve chegará uma coleção de camisa masculina todas produzidas na India”, conta Flavia, que, à época de transição já tinha montado  um brechó “ caseiro” para vender roupas usadas para amigas do trabalho.

“Sempre comprei muita roupa, sempre fui muito compulsiva e eu tinha tantos ternos que a maioria eu nem usava. No inicio, achei meio estranho vender a minha própria roupa. Levei uma mala e vendi tudo. Aí, uma amiga me pediu para vender as roupas dela, comecei a vender para ela e nisso começou um formato para eu receber dinheiro. Com as minhas roupas e com as dos outros. Com o tempo eu efetivamente comprei sacolas, cabides, araras, começou a ficar personalizado. Formatei a Flavia Rodrigues Brechó”.

(Foto: Miguel Moraes)

Flavia já estava vivendo do brechó, foi aí que recebeu um convite para ser vendedora da Animale da Ipanema. “Sempre tive um perfil de moda e eu era o que a gerente de lá queria. Por dois anos trabalhei como vendedora da loja e eu também continuava com meu brechó”.

Foi quando em 2016, a estilista conheceu o guru Swamiji Kapri, que veio ao Brasil a convite da  sua irmã , que é assistente dele. “Ele olhou em meus olhos e falou que eu deveria ir para India e criar meus modelos de roupas porque isso ia ser meu futuro. Ele disse que eu ia ter a minha própria marca. Passou o tempo, e em fevereiro de 2017, fui passar vinte dias de férias lá na India”.

Chegando lá eu comecei a perceber e descobri a possibilidade de ter a minha marca. Me encantei com as cores, o lugar, as pessoas e vi efetivamente que podia criar as minhas roupas e trazer para vender. Comecei com investimento bem pequeno e de forma modesta. Voltei par ao Brasil e vendi tudo! Meses depois voltei pra a India e produzi muito mais que o dobro e com perfil mais profissional”. 

(Foto: Miguel Moraes)

Maior desafio? “Ter reconhecimento efetivamente e fazer com o que negócio tenha sucesso. A dificuldade é desenvolver bom trabalho, se manter firme, focada e superar os obstáculos, que vão aparecendo. Você não vende mais como antigamente. A concorrência é boa e tem muita gente boa no mercado de moda. O  desafio é você se destacar”, enfatiza.

Conselho de amiga? “Se você tem um sonho que não se encaixa hoje, se organiza financeiramente, antes de sair, porque você passa a ter trabalho e não emprego. É a organização financeira é necessária e fundamental para que  seu sonho possa ser botado em pratica. Para fazer essa transição, é necessário estar preparado emocionalmente e financeiramente. Deixei de ser gerente jurídica para ser vendedora e o  peso emocional é grande. Tinha um trabalho para ter um status e deixei de ter, sem preconceito. As pessoas te avaliam com o que você é. Na Animale eu sentia várias clientes que me admiravam profundamente pela minha coragem, larguei um emprego mais profissional, com status para poder viver meu sonho. Tinha muito orgulho de ser vendedora de loja. Isso era uma coisa que me fazia muito bem”, finaliza.

Maravilha!