Saia da caixa de Helen Pomposelli com Raphael Kras: o homem que criou o primeiro hambúrguer vegetariano carioca


Do menino que era chato para comer ao empreendedor de hambúrguer vegetariano, o carioca caminhou muitos quilômetros na areia quente das praias da Zona Sul carioca. Com uma proposta divertida e sem medo dos desafios, Raphael hoje possui nove lojas próprias e franqueadas e mais duas a caminho. “Sei que existem contas para pagar, mas acredite na dedicação necessária para fazer o negócio acontecer”

*Por Helen Pomposelli

Quem disse que os sonhos são como a realidade? Assim conclui nosso “Saia da Caixa” de hoje, com o querido Raphael Kras, 30 anos, virginiano, morador do Leme e criador do primeiro hambúrguer artesanal e vegetariano do Rio. Logo ele que, por incrível que pareça, desde pequeno, era chato para comer. “Engraçado pensar nisso porque eu sempre fui péssimo com comida e depois de vinte anos o destino me levou a criar um produto vegetariano. Ou seja, comer vegetais, coisa que eu odiava fazer”, diz Rafael que hoje possui nove lojas próprias e franqueadas e está prestes a inaugurar no próximo dia 31 de agosto sua primeira filial em São Paulo e outra no Aeroporto Santos Dumont.

Leia Mais: “Saia da Caixa”: Helen Pomposelli assina nova coluna do site HT e abre espaço para quem pensa e age diferente. Saiba mais!

Raphael Kras é o nome por trás do HareBurguer (Foto: Miguel Moraes)

“Desde pequeno, não gostava de cozinhar e nem sabia fazer nada relacionado à comida. Quando virei vegetariano, encontrei várias opções mais saudáveis. Na verdade, tudo começou porque eu tinha amigos que eram vegetarianos e eu quis fazer uma experiência. E, assim, me deparei com um universo incrível de novos sabores. Senti que estava com uma alimentação mais leve e que havia ganhado uma oportunidade de não contribuir com o processo de abuso de animais, unindo assim o útil ao agradável”, explica Rapha que se diz a pessoa mais estranha do mundo, um virginiano totalmente desengonçado.

Leia Mais: Saia da Caixa de Helen Pomposelli apresenta Daniel Chor: o nome por trás do Bazzah, que vem dando o que falar no universo virtual – e real

Raphael Kras (Foto: Miguel Moraes))

Rapha diz que a criação da marca HareBurger foi feita no desenvolvimento do seu próprio caminho. Na realidade, ele sempre teve muitas dúvidas no que iria estudar. Quando criança, chegou a pensar em ser astronauta e depois tentou vestibular para Direito, Engenharia e até Biologia. Mas foi à faculdade de Comunicação que Rapha se dedicou por algum tempo. “Para você ver a cabeça da minha figura, realmente eu não sabia o que queria da vida”, brinca.

Leia Mais: Saia da Caixa de Helen Pomposelli conta a história de Nina Corrêa, criadora da Bordu, marca na qual ela borda com linha, monogramas, palavras e símbolos em algodão cru

Antes de empreender, Raphael cursou três períodos de Comunicação na faculdade (Foto: Miguel Moraes))

“O Hare surgiu em 2006, em um momento de questionamento da minha vida em que tinha 19 anos e nunca havia trabalhado. Estava começando a faculdade de Comunicação à noite, ainda no primeiro período. Sempre quis fazer uma grande mudança no DNA da minha vida, fazer algo novo e revolucionário. Mas foi tudo de forma espontânea. Não sabia o que queria fazer no meu dia a dia, nem para construir meu futuro e o sentido disso tudo que vivemos. Surgiu numa oportunidade de criar um hambúrguer vegetariano e assim construir a minha própria história”. diz.

Leia Mais: Saia da Caixa de Helen Pomposelli apresenta Chloé d’Archemont: Que tal descobrir uma maneira de viver melhor experimentando um “Detox de Alma”? 

Raphael Kras (Foto: Miguel Moraes)

Com uma atmosfera lúdica através de uma comunicação diferenciada, o HareBurguer, que tem o bom humor como marca registrada em suas frases e nomes dos sanduíches, surgiu como uma brincadeira para aproximar as pessoas de um estilo de vida com comida mais saudável. “Eu ganhei R$ 50 da minha avó e comprei isopor e ingredientes para oito sanduíches. Foi como tudo começou. Vendi todos e voltei com o dinheiro para comprar mais ingredientes e fazer os sanduíches na casa dos meus pais”, explica Rapha que contou que a família sempre o apoiou e que, depois do terceiro período de aula, passou a se dedicar exclusivamente ao empreendimento. “Nunca mais voltei para a faculdade”, completou.

Leia Mais: Saia da Caixa de Helen Pomposelli com Tati Lund, a chef que fez da natureza arte gastronômica 

Raphael Kras (Foto: Miguel Moraes)

Do Leme a Ipanema. Era essa a sua rotina diária. Rapha acredita muito no seu crescimento por causa da forte relação com os clientes. “Eu fazia tudo sozinho. Comprava os ingredientes, tocava flauta, atualizava o Facebook, fazia hambúrgueres e queimava os pés na areia da praia. Trabalhava todos os dias”, conta.

Raphael Kras (Foto: Miguel Moraes)

Segundo Rapha, por mais cansativo que seja o trabalho, você sempre se acostuma com ele. Então, ele percebeu que tinha as habilidades necessárias para dar um passo maior e ter um planejamento bacana para a marca. Até que em 2010 veio o momento da grande virada do Hare. “Eu senti um grande potencial em dar certo e encarar um choque de realidade muito positivo. De perceber que sozinho você não consegue o crescimento da empresa desejado. Precisava de ajuda e de dividir para poder somar. Cresci muito com o coletivo, com a vontade de aprender e dividir tarefas. Então, busquei sócios para a abertura da primeira loja na galeria River. O povo saía da praia para ir no Hare”, lembra.

Raphael Kras (Foto: Miguel Moraes)

E afinal, como Sair da Caixa? “Na verdade é muito complicado dar esse conselho, pois cada pessoa é um universo e tem uma história para contar. Tudo tem que ser desenvolvido e construído. Parece fácil dizer que deve ser perseverante e ter força de vontade, mas o que é isso diante de tanta coisa acontecendo na vida? Acho que o principal é o desenvolvimento da capacidade de lidar com os nossos sofrimentos e saber resolver os desafios. Existem impactos na vida. Você acredita em uma ideia, um sonho, e ai, vê que a realidade é outra. Acima de tudo, o importante é uma busca individual de cada um no sentido da própria vida. Ou seja, daquilo que realmente quer, qual o papel dela no universo e a partir daí a pessoa querer fazer o que realmente gosta, sem se preocupar com o retorno. Sei que existem contas para pagar, mas acredite na dedicação necessária para fazer o negócio acontecer. Se não conseguir pagar as contas, não importa. Pelo menos você tentou e fez o seu melhor para isso!”, destaca.