Renata Castro Barbosa: roteiro para o cinema, humor na TV e novo “Zorra”: “aquela forma de fazer humor se desgastou”


Em entrevista exclusiva ao HT, Renata disse que, junto da roteirista Luciana Fregolente, deve começar a escrever o filme das ‘Alucinadas’, peça teatral que ganhou a TV por assinatura. E enquanto aguarda a estreia do longa “Menina índigo”, a atriz bate ponto nas noites de sábado da TV Globo, mas não se fecha ao analisar o humor do canal

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(Fotos: Paulo Sabugosa)

Renata Castro Barbosa não vê mais tanta diferença entre se fazer humor na TV aberta ou na TV por assinatura. “Acho que isso vem mudando. Fiz programas em TV fechada e lá também tem suas restrições. Independente de aberta ou fechada ainda vivemos um tempo de politicamente correto que dificulta bastante o humor”. Uma prova de que os tempos são outros?  “O novo ‘Zorra’ e o ‘Tá no ar’ são alguns exemplos de que as coisas estão diferentes na TV aberta”. Em entrevista ao HT, Renata, carioca de 41 anos, é presença semanal no “Zorra”, que abandonou o “Total” do nome e foi vendido pela Rede Globo como uma novidade pós-reformulação. “Depois de 15 anos acho que aquela forma de fazer humor se desgastou. Com a entrada do digital, as coisas vêm ganhando um ritmo mais ágil e naquele formato não cabia essa velocidade”, opinou.

Fazendo questão de frisar “um respeito enorme pelo antigo ‘Zorra'”, Renata acredita que o diferencial do produto entregue está de dentro para fora.  “Além da agilidade, tem o fato de estarmos – direção, atores, roteiristas e equipe – nos divertindo de verdade fazendo o programa. Isso faz com que o público sinta essa alegria em casa”, atribuiu. Sem viver um papel fora do humor desde 2013, quando encarnou a Marilda de “Amor à vida”, e com um currículo abarrotado de comédias, Renata gosta desses momentos “drama” como em “Fina estampa” e “O profeta”. “Acho que seria ruim se só me chamassem para coisas cômicas, se isso limitasse meu trabalho. Fico feliz de poder transitar por várias emoções. Eu adoro um drama!”, riu.

Confessando não ter “a menor ideia” do porque, ao contrário de muitos colegas do humor, ser chamada para interpretar personagens com outro foco na dramaturgia, Renata acha que o seu começo – lá em “Vale Tudo” – ajudou. “Acho que como não comecei fazendo graça as pessoas me viram fazendo outras coisas”, disse. Mas então por que ser tão lembrada para fazer rir? “Não sei se isso chega a se confundir com minha imagem. Realmente tenho feito mais personagens cômicos de uns anos pra cá. Não sei se tem algo de ruim nisso”. Questionada se há realmente um preconceito contra os atores de comédia, no que se diz respeito a complexidade do trabalho dramático, Renata rebateu: “Acho fazer graça tão difícil quanto fazer drama. Não entenderia alguém ter preconceito com alguém que faz graça. Se ela faz só isso, mas faz bem, qual o problema?”.

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Corroborando com sua dualidade interpretativa, Renata Castro Barbosa se prepara para estrear o longa “Menina índigo” que também tem no elenco Priscila Assum, Giovanna De Toni, Deborah Kalum, Paulo Figueiredo, Luiz Antonio Pillar, Murilo Rosa e Eriberto Leão. “O filme fala dessa nova geração que está aí: crianças com formas e capacidades diferentes de ver a vida e de se colocar nela. Fala de como cresceu o número de crianças medicadas por não se ‘encaixarem’ nos padrões conhecidos. Uma discussão que é necessária”, adiantou. “Faço uma repórter que na loucura por uma matéria acaba expondo uma menina nos jornais e transformando a vida dela e da família num inferno”. Renata ainda não conseguiu assistir ao longa pronto, mas se derrete pelo diretor e roteirista Wagner de Assis. “O Wagner fala disso com leveza e de uma maneira que as pessoas possam começar a entender melhor desse assunto. O filme levanta várias discussões importantes nos dias de hoje”.

Enquanto “Menina índigo” não chega às salas de cinema, Renata Castro Barbosa adianta outra grata novidade ao HT: ” Eu e a Luciana Fregolente (roteirista) devemos começar a escrever o filme das ‘Alucinadas’“. O projeto é uma continuação do que já foi feito no teatro e no Multishow onde elas entregaram esquetes engraçadíssimas sobre o comportamento feminino. “O momento profissional mais desafiador da minha carreira com certeza foi produzir ‘Alucinadas’. Era um projeto meu, da Luciana Fregolente e do Victor Garcia Peralta, não tínhamos patrocínio, nem teatro e conseguimos estrear na raça e ainda fazer ela virar um programa de TV. E Foi a primeira vez que escrevi profissionalmente”, lembra. Fora o filme, alguma outra novidade? “Estou com saudade dos palcos e tenho algumas ideias para voltar. Estou lendo vários textos pra escolher o que quero montar e devemos voltar com um texto novo, com ‘Alucinadas’“. Chega? “De resto é curtir com o filhote e o maridão, que é onde reponho minhas energias”. Isso se der tempo né, Renata?