Vira que eu vou! Em clima de carná, Casuarina e Bangalafumenga começam a comemoração da virada com ajuda de Serjão Loroza!


O carioquês divide espaço com outros sotaques na já tradicional festa pré-Réveillon da Fundição Progresso, dando adeus ao velho ano e ensaiando o alô para 2015

*Por Yuri Hildebrand 

O ano dá seus últimos suspiros e, com Copa do Mundo, Eleições e algumas das maiores temperaturas da história – não só no Rio de Janeiro, por incrível que pareça –, 2014 não merece terminar sem reconhecimento. Nesta terça (30/12), a Fundição Progresso deu início à festa que o ano merece. Antes de dar as boas vindas a 2015, o público presente na casa liberou toda a tensão acumulada durante os últimos 12 meses e pôs-se a sambar, cantar e esvaziar o corpo de problemas.

A dobradinha Casuarina-Bangalafumenga já é tradicional – acontece há cinco anos – e tem o feedback necessário para continuar por mais algum tempo. “Os dois grupos formam um casal expressivo. A festa compõe”, disse Rodrigo Toigo, gaúcho que mora em São Paulo e está no Rio de Janeiro para festejar a virada de ano. Responsável pelo gerenciamento de carreira da Ford Models Brasil (como HT mostrou aqui), ele foi acompanhado de seu amigo e colega de trabalho, Gustavo Grota. Ambos falaram sobre as expectativas para 2015 que, apesar de festejado, não é visto com bons olhos. “Ano que vem vai ser complicado em todos os setores, com o país entrando em recessão e enfrentando diversos problemas políticos”. Também preocupados com o que vem por aí, Luís Carlos e João Camargo, ambos atores, torcem por uma melhora, apesar de terem a certeza nas dificuldades do próximo ano. “O país precisa se adaptar às novas mudanças políticas. Espero que essa polarização diminua e que ambas as partes se entendam”, disse João. Na Fundição para ver o show do Bangalafumenga, os dois exaltam o clima tranquilo da Lapa nesta noite. “Bem mais calmo que no Carnaval”, concluiu Luís, que já deve ter sido amassado e espremido pelas multidões dali durante os blocos da Festa da Carne.

Quem também conversou com o site foi o Casuarina, que em 2016 completa 15 anos de existência. Como contou Rafael Freire (cavaquinho), o nome do grupo tem origem na rua em que morava com os pais no início do projeto. Os primeiros ensaios, as primeiras batucadas e tudo o mais acontecia na Rua Casuarina. Tão importante quanto aquilo que os batizou, é o que os projetou. A Lapa foi e continua sendo essencial para os sambistas. Durante os primeiros anos, tocando em bailes no bairro da boemia, o grupo acabou pegando o ritmo necessário para engrenar como banda. A participação na carreira do Casuarina é tamanha, que o grupo lançou o DVD 10 anos de Lapa”,  em 2013.

“Ponto de Vista” – DVD “10 anos de Lapa”

Atualmente, eles lançaram o CD em homenagem a Dorival Caymmi, No passo de Caymmi”. O reconhecimento é bastante positivo. “Por ser um show mais conceitual e realizado em teatros, com arranjos elaborados pelo Daniel [Montes, violonista] e pelo João [Fernando, bandolinista], o público tem gostado muito”, falou João Cavalcanti sobre o disco que comemora o centenário de Caymmi. Além da homenagem, o Casuarina também saiu em uma turnê mundial, voltando à Europa e desbravando terras norte-americanas, visando sedimentar a presença da cultura brasileira lá fora. “Com o reaquecimento da economia, os americanos acabam consumindo mais cultura, e é aí que nós entramos”, disse Gabriel Azevedo (pandeiro). Aproveitando esse maior interesse estrangeiro na nossa música, a festa de pré-Réveillon deste ano prezou justamente pelos turistas presentes na Cidade Maravilhosa para a virada de ano. Como o Rio está recebendo milhares a mais do que em outros anos, o Casuarina e o Bangalafumenga investem bem na imagem para colher os frutos nesta noite.

Casuarina – “É Doce Morrer no Mar”
Com bastante animação e músicas conhecidas pelo público, A Lapa” dá início à noite de cantoria do Casuarina na Fundição. Além de algumas homenagens como a João Nogueira, músicas como “É isso aí (Isso é problema dela)” e “Dissimulata” conseguem colocar todos para dançar, misturando a virtuosidade do choro com a praticidade do samba e aquela maestria conhecida de sempre. Após anunciar seu retorno à Fundição em show com Maria Rita, no próximo dia 23,  o Casuarina recebeu Rodrigo Maranhão (Bangalafumenga), promovendo uma mistura dos dois grupos: a bateria de “calouros” do bloco carnavalesco entrava aos poucos, fazendo uma troca de bandas condizente com o clima de amizade reinante.

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O Bangalafumenga ficou responsável por lembrar o Carnaval de Rua do Rio de Janeiro ao público presente ali na Fundição. De Novos Baianos a Jorge Ben, passando por Gilberto Gil e Tim Maia, a bateria do bloco deu show, com direito a solo no final do espetáculo. Já com os “veteranos” da bateria, o grupo tocou “Hoje é dia”, “Andar com fé”, entre outras. O destaque ficou por conta da participação mais do que especial de Serjão Loroza, lembrando Tim Maia em músicas como “Leme ao Pontal”, “Não quero dinheiro” e “Primavera”. Com uma bateria efusiva e um público animado, o show passou facilmente das 3h30, sem que ninguém se preocupasse com isso.

Em um dos últimos espetáculos do ano, a festa prevaleceu, enquanto as preocupações ficaram para 2015. Após o show, Rose Silva, gerente comercial, mostrou animação para esse período transitório, de tantas apostas e promessas: “Apesar das dificuldades, espero muitas realizações nesse próximo ano. 2014 foi positivo, mas ano que vem será ainda melhor!”. A combinação de shows animou os presentes, colocou todo mundo para dançar e transformou um dia tradicionalmente “morto” em uma data festiva. O Réveillon na Lapa, agora, começa um dia antes que o normal. Dia 30/12, para o Casuarina, o Bangalafumenga e seus fãs, já faz parte das festas da virada.

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