De “Ligações Perigosas”, Alice Wegmann faz balanço: “A repercussão foi uma surpresa muito boa e a trama tende a ficar ainda melhor”


A atriz, que tem chamado atenção na pele da curiosa Cecília, falou sobre sensualidade, feminismo e analisou: “As pessoas ainda encaram a palavra como algo assustador, como se fossemos melhores que os homens, não é assim”

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Alice Wegmann chamou atenção na pele de Cecília durante a primeira semana de “Ligações Perigosas” (Foto: Pino Gomes)

Ninguém brilhou mais do que ela na semana passada. Com sua doce Cecília, da minissérie “Ligações Perigosas”, Alice Wegmann conquistou ainda mais fãs. E, aos 20 anos de idade, sabe da importância de interpretar uma protagonista de um clássico francês junto a um elenco com nomes como Marjorie Estiano, Selton Mello, Patrícia Pillar e tantos outros talentos. “É uma responsabilidade muito grande, principalmente por se tratar dessa obra. Mas estar com esses atores maravilhosos e essa equipe prestigiada foi uma oportunidade deliciosa para mim. O melhor presente que eu ganhei ano passado, sem dúvidas. Tentei aproveitá-lo ao máximo”, disse ela, que leu o livro de Choderlos de Laclos e teve contato com os filmes inspirados por ele. “Eu assisti tudo para o teste, que acabei nem fazendo, mas fiquei com referências. Ainda assim, não me apeguei tanto a elas, quis construir a minha versão de forma boa e única. A minissérie é mais aprofundada do que os filmes porque temos dez capítulos, então tivemos mais tempo para os detalhes, os personagens são bem ricos. Foi uma construção nossa com muitos créditos para a Manuela Dias (autora), porque ela me deu toda liberdade de conversarmos”, contou.

E como chegou nessa versão tão única, Alice? “A Cecília não é uma coisa só. Ela tem muitos momentos, passa por uma fase de transição e cada uma das etapas tinha que ser muito estudada. No primeiro capítulo ela é uma menina e depois que a Patrícia Pillar corta o cabelo dela é uma mudança brusca. Ela deixa a curiosidade sobressair à ingenuidade e resolve, realmente, se abrir para o mundo. Fica mais ousada”, explicou. Em comum com a personagem, Alice tem a ingenuidade e a curiosidade aflorada. “Mas é diferente, a Cecília tem de saber o que é o mundo fora do convento, ela nem sabia o que era um beijo. A minha curiosidade é mais de querer conhecer a história das pessoas. Gosto muito de gente”, ponderou. Com a característica assumida, entende quando o público tem curiosidade sobre a sua vida: “Não tenho nenhum problema com isso. A minha relação é muito boa e eu amo quando me abordam nas ruas, dizem o que acham. Gosto de saber a opinião das pessoas e lido bem com isso. Pode ser que um dia me incomode, no futuro, não sei. Hoje, vivo a vida normalmente”, garantiu.

Prova disso é que, mesmo estando no ar, continua se dedicando à faculdade de publicidade. “Não é fácil, na verdade é bem complicado, mas eu gosto muito de fazer os dois. Na faculdade eu aprendo demais, debato sobre diversos assuntos, tenho contato com muita gente com opiniões diferentes. A publicidade é um complemento para a carreira de atriz. Tenho matérias que me ajudam a entender e me comunicar com o público. É fundamental para quem é formador de opinião”, disse. E nem a correria da rotina a impede de defender temas que acredita, como o feminismo. No final do ano passado, Alice chegou a participar de um projeto em que interpretou um texto ficcional inspirado em depoimentos reais sobre assédio. “Minha prima Clarice Rios é uma roteirista premiada e ela mesma teve essa ideia e chamou atrizes para representar casos frequentes que estão banalizados, que as pessoas já não ligam mais. Ela escreveu histórias que podem acontecer com qualquer uma de nós e a repercussão foi muito bacana”, contou.

E o que representa ser chamada de feminista no século XXI? “É querer direitos iguais, lutar pelos direitos das mulheres, para que não haja mais abuso, seja ele sexual ou verbal. Envolve muitas coisas, mas as pessoas ainda encaram a palavra como algo assustador, como se fossemos melhores que os homens, não é assim. Vale as pessoas se informarem, pesquisarem antes de julgar. Nas próprias entrevistas que dei, cheguei a ler comentários absurdos do tipo: ‘usa shortinho, como não quer ser assediada?’. É decepcionante. O feminismo é luta constante para termos nosso lugar, um lugar melhor. Luto por isso porque acredito que se a pessoa tem alguma influência, que use para o bem”, defendeu.

Ela, que, ainda no ano passado esteve na lista das 100+ sexy de uma revista masculina, revelou que sua sensualidade tem momentos. “A ordem dessa lista é meio absurda, mas não levo essas coisas tão a sério. Sou uma menina, que, como todas, tem horas mais sexy e outras menos”, declarou. Em cena, por outro lado, não teme explorar seu lado mais ousado. “’Ligações Perigosas’ é uma série muito sensual, carregada de cenas apimentadas e é linda esteticamente. Só pelas chamadas o público já se sentiu muito atraído e tudo contribuiu para ser muito envolvente”, disse ela, com consciência de que o horário das 23hs permite mais mistério e sensualidade. “Na verdade, todas essas minisséries de verão já trazem um nome só por serem lançadas em janeiro. Antes tiveram ‘Felizes para sempre?’ e ‘Amores roubados’, que já tiveram muito reconhecimento. Estávamos com uma expectativa enorme em relação a isso, mas, para mim, já foi superada. Batemos 26 pontos no Rio, foi surpreendente tanto no ibope como a repercussão nas redes sociais. Vi muita gente comentando, postando memes, fomos ‘trending topic’ (assunto mais falado). Foi uma surpresa muito boa e a minissérie tende a ficar melhor ainda”, adiantou.

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Hanna Romanazzi e Alice Wegmann protagonizaram um beijo sutil na minissérie (Foto: Reprodução/Gshow)

O entrosamento do elenco vai além do set. “Nós temos um grupo e ficamos mandando tudo isso que comentam nas redes sociais. Todo o elenco é divertidíssimo e sério ao mesmo tempo. Eles tem senso de humor, então o clima era leve no set, o que me deixou mais confortável. No início eu estava com um pouco de medo, não sabia bem onde estava pisando, mas eles me acolheram muito bem e consegui me encaixar ali”, disse. A cena de beijo na colega Hanna Romanazzi também seguiu o clima leve. “Foi uma cena legal e divertida de mostrar. Muitos adolescentes passam por isso, de aprender a beijar, treinar no espelho. Retratamos de uma maneira bacana. A Hanna é uma pessoa superquerida, boa atriz, já admirava o trabalho dela e estamos no mesmo barco. Tivemos uma preparação antes e na hora foi tranquilo. Foi sutil, não um superbeijo, mas muita gente comentou, né? A repercussão foi surpreendente para mim também”, analisou.

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2016 será intenso profissionalmente para Alice Wegmann (Foto: Pino Gomes)

“Ligações Perigosas” não é o primeiro trabalho de época, já que Alice interpretou Daniele em “Boogie Oogie”, novela que se passava nos anos 70. Ainda assim, o desafio de viver Cecília foi enorme. “A Dani era muito moderna, agora muda tudo. A postura, a maneira de falar, de se portar em público, as cartas, os hábitos diferentes. Foi legal fazer caligrafia, ver a letra da época, quanto tempo eles demoravam para escrever cada carta. Eu passei um sufoco na caligrafia. É muito bom fazer época, porque já te tira do comum, é um figurino diferente do dia a dia, tem que se portar de outra forma em cena, é muito bacana”, comemorou, com motivos de sobra: 2016 já começou com tudo para Alice e promete mais. “Vai ser um ano muito bom profissionalmente. Vou fazer um curso de interpretação na New York Film Academy e quando voltar já tenho projetos engatilhados, mas ainda não posso contar”, disse.

Olhando para trás, desde sua estreia em 2011, ela é só alegria. “Fico bem emocionada porque tive muita sorte todo esse tempo. Foram bons papéis e oportunidades. Estou, aos poucos, conquistando meu espaço e o respeito que desejo como atriz. Comecei o ano com o pé direito e espero que continue me sentindo realizada nos próximos anos”, desejou. Se “Ligações Perigosas” só chega ao fim nessa sexta-feira, 15, Alice já sabe que colheu bons frutos. “Amadureci muito artisticamente. Essa série me fez crescer até em relação às escolhas que faço dos outros trabalhos”, garantiu. Nós também sabemos: Alice ainda brilhará muito por aí.