Um papo com Jarbas Homem de Mello: “Corrupção e descaso da classe política me fazem perder a cabeça”


Uma entrevista exclusiva com o ator que faz dobradinha com Cláudia Raia no espetáculo Crazy for you em cartaz em São Paulo

* Por Junior de Paula

Quem só acompanha a vida dos atores brasileiros pelas revistas e sites de fofocas, pode pensar que o ator, bailarino, coreógrafo, diretor, sapateador e cantor de mão cheia, Jarbas Homem de Mello é uma revelação recente do teatro musical brasileiro. Ou ainda pode só se lembrar dele como o namorado bonito de Claudia Raia, sua parceira fora e dentro dos palcos, já que eles são os protagonistas absolutos do espetáculo Crazy For You, em cartaz em São Paulo, no Teatro Tomie Ohtake.

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Jarbas Homem de Mello

Em qualquer um dos dois casos é quase uma covardia limitar alguém que tem um talento ilimitado e se destaca em tudo o que faz. Desde o início de sua trajetória no Rio Grande do Sul, sua terra natal, até a ida para São Paulo em busca do sonho de trabalhar com arte, Jarbas nunca teve medo de desafios. Trabalhou como garçom para custear os estudos, fez peças infantis, grandes produções, como Les Miserables e Rent, dirigiu peças, como Moscas Mortas Num Copo de Conhaque e Comunitá, foi dirigido por grandes nomes, como Miguel Falabella, Rubens Ewald Filho, Tania Nardini e Ken Kassuel, fez televisão, cinema, integrou companhias de dança, foi indicado ao Prêmio Shell e mais um monte de outras empreitadas no currículo que se a gente for ficar enumerando vai ficar chato.

Claudia, portanto, é só um detalhe no currículo poderoso de Jarbas. Um detalhe, claro, irresistível e iluminado, que ele não tem o menor pudor em dizer que morre de orgulho. A fórmula para lidar com isso? Ele diz que é não ter fórmula, mas uma receita básica: “Existe respeito muito carinho, cuidado, e, acima de tudo, bom humor”, conta. Para celebrar a retomada da temporada do badalado Crazy For You em São Paulo – em cartaz de quinta a domingo -, fomos bater uma bolinha rápida com Jarbas, que, no espetáculo, interpreta o playboy Bobby Child.

– O que o deixa maluco hoje em dia (no bom e no mau sentido)?

– Um ato de amor ao próximo é o que me enche os olhos e a corrupção e o descaso da classe política me fazem perder a cabeça.

– Se você fosse um playboy herdeiro como Bobby, acha que estaria no mesmo lugar que está hoje?

– Com certeza a minha trajetória teria sido diferente, um pouco mais fácil talvez. Mas não gostaria de estar em nenhum outro lugar no mundo e fazendo outra coisa que não que faço.

– Quais as suas mais antigas lembranças desse universo da dança? E quais as mais recentes?

– O meu encantamento quando criança por qualquer manifestação folclórica, como as danças tradicionais gaúchas! As mais recentes acho que são as dores, resultado das aulas e apresentações da última semana!

–  Se o  Jarbas estrela de musicais Brasil afora pudesse dar dois conselhos para o Jarbas de Lomba Grande do começo da trajetória, quais seriam?

– Calma, vai dar tudo certo! Saia daí imediatamente!

– Você é um cara reconhecido na cena teatral de São Paulo, ganhou prêmios, protagonizou grandes produções. O que ainda falta para você?

– Creio que tenho ainda um longo caminho de aprendizado e realizações! Quero novas experiências, novos caminhos!

– Se você pudesse voltar no tempo e trabalhar em qualquer produção do passado (teatro, cinema ou televisão) qual seria o seu papel dos sonhos e por que?

– Nunca fiz um personagem de Shakespeare! Adoraria ter um na minha história. Se pudesse voltar no tempo, faria Romeu na montagem original, por exemplo.

– Como tem sido a temporada em São Paulo de Crazy For You?

– A temporada tem sido uma celebração. Ter nosso trabalho e esforço ovacionados todos os dias por uma casa lotada, que sai do teatro feliz, cantando e experimentando passos de dança é um deleite. É o espetáculo mais alegre que já fiz. Todas as idades se divertem e se identificam. Fazer Crazy for You é um prazer.

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Jarbas em cena de Crazy for You com Claudia Raia

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.