Força no kanekalon! Fiszpan comemora 80 anos com badalo em torno de garota com obsessão por perucas!


Para soprar as velinhas, Solange e Daniela Fiszpan organizam agito em torno de Sophie van der Stap, autora da autobiografia “A Garota das nove perucas”, uma história de coragem!

A Fiszpan faz 80 anos e, por isso, organizou agito em sua loja do Shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro, convidando amigos e clientes para badalar a holandesa Sophie van der Stap, autora da autobiografia “A Garota das nove perucas“, lançada agora no Brasil e que também virou filme. Sophie é uma espécie de obcecada por perucas, mas em uma versãozinha bem mais light da tara que Imelda Marcos tinha por sapatos. A diferença está no fato de que, enquanto a ex-primeira dama filipina foi descoberta no auge do seu TOC (e de sua vaidade descabida), a lolita de Flandres ainda era quase ninfetinha, com 21 anos, quando iniciou sua coleção. E o mais sério de tudo: a saga de Sophie começa porque ela descobriu que tinha câncer nos pulmões, precisando se tratar com quimioterapia. Como os cabelos caíam durante o tratamento, ela acabou desenvolvendo nove personalidades, cada qual com sua peruca, conseguindo superar tudo, se tornando escritora, morando em Paris e atuando como modelo para poder auxiliar entidades que lutam contra a doença. História de coragem e superação, daquelas que Hollywood adora. Por isso mesmo, após o encontro na loja, os convidados, entre eles gente bacana como Luana Piovani,  subiram para o cineminha do mall e foram assistir uma sessão privê do filme oferecida pela marca. Luana, aliás, brincou e experimentou vários modelitos, e ficou show com o chanelzinho básico tipo Isabella Rossellini em “Veludo Azul”, pérola da sétima arte concebida por David Lynch.

Mas, falando em história que rendem filme, a própria Fiszpan tem trajetória que poderia tranquilamente virar enredo no cinema. Quando chegou ao Rio de Janeiro, em meados de 1933, vindo de uma Polônia pré-horrores da Segunda Guerra Mundial, Maurício ainda se chamava Motel Fischpan (amores, nome local, nada a ver com a bobagem que vocês pensaram!) e já trazia em sua bagagem a arte de confeccionar belas perucas, aprendida em ofício com seu pai, Hercko. Em pouco tempo, abriu loja na rua Sete de Setembro, no centro histórico do Rio, construindo uma longeva grife e contrariando uma máxima que afirma que as marcas no Brasil dificilmente duram. Mauricio acabou se naturalizando brasileiro, passou a assinar Fiszpan e, em uma boa sacada, percebeu que valia a pena se aproximar das artes e da cultura, apoiando várias peças de teatro, espetáculos, filmes, novelas, desfiles e exposições, ajudando na caracterização de diferentes figuras e aparências. Entre muitas participações, algumas emblemáticas como o filme “Dona Flor e seus dois maridos” e diversos personagens de Chico Anysio em seus programas de tevê, além de vinhetas publicitárias. A grife também pôs as mãos – encharcadas de laquê – em sucessos teatrais, como o “O mistério de Irma Vap”, no qual Marco Nanini e  Ney Latorraca se desdobravam em uma infinidade de personagens caricatos, e “Cócegas”, de Heloisa Perissé.

A exposição em homenagem à ex-primeira dama americana Jacqueline Kennedy, no Palácio da Cidade, e inúmeros editoriais de moda para diferentes veículos também fazem parte das incursões da marca pelo mundo da moda. Recentemente, inclusive, a marca preparou as madeixas louras – e curtinhas – envergadas pela modelo Paula Baltar para um fashion shooting sobre Lady Di, realizado no cais do porto durante o Festival do Rio, por ocasião da pré-estreia da ficção sobre os últimos anos de vida da Princesa de Gales  – “Diana”, dirigido por Oliver Hirschbiegel e estrelado por Naomi Watts. Prova de que, quando pintam essas rabudas de caracterização, os produtores de todas as artes correm para a Fiszpan.

Com o passar das décadas, Mauricio e sua família perceberam que o negócio de perucas, embora continuasse, estava se tornando mais restrito com os novos hábitos de consumo, sobretudo no Rio, onde o calor africano nem sempre permite que este tipo de vaidade possa eclodir. Assim, a Fiszpan precisou se modernizar. Hoje, com Daniela Fiszpan à frente do business, a grife também comercializa apliques e é uma referência bacana no ramo de acessórios, com uma variedade enorme de bijoux, bolsas, lenços, cintos, pashiminas, echarpes, arcos, cintos e o que mais vier na cabeça dela e de sua mãe, Solange. Sim, a empresa cresceu, mas continua com essa levada familiar e, talvez, esse seja o segredo de sua longevidade. Daniela recorda que tomou gosto pela coisa quando, novinha, começou a vender presilhas de cabelos para suas colegas. Acabou deixando a vida fácil de executiva e foi estudar na Parsons School for Design e na FIT, ambos em Nova Iorque e referências nos estudo da moda. Desde então, nunca mais parou de beber dessa cachacinha fashion, lembrando que já curtia tudo quando era criança: “Adorava levar perucas para Jô Soares, Chico Anysio e os Trapalhões! Achava o máximo”.

A nova coleção de acessórios vem repleta de clutches, as bolsinhas de mãos que estão com tudo! A grife investiu no sortimento e apostou em acessórios de ponta, como modelos impressionistas em resina pintadas a laser, além de lenços de seda étnicos, maxi crucifixos de várias voltas, peças cravejadas com pedras brutas ou cristais austríacos, bijoias com aplicações de bichos metalizados e influências mood wild fashion. E, claro, novíssimos modelos de perucas e apliques para as fashionistas e para quem precisa de um gás na coragem, por estar em um período difícil como aquele que passou Sophie van der Stap, não é mesmo?

Para completar a comemoração, foi desenvolvido um catálogo especial com fotos de Daniel Mattar e peruquetes cortadas, em edição limitadíssima – tipo gravura numerada de galeria de arte – pelo bamba Fernando Torquatto, que se inspirou em divas Isabella Rossellini, Nastassja Kinski, Meg Ryan, Rooney Mara e Ines de La Fressange. E aí, vai liberar sua porção estrela?

Além das fotos do badalo, aproveitamos para exibir algumas imagens históricas garimpadas pelo site no acervo da marca.

Fotos do evento: Divulgação/AGi9 Fotografia