Exclusivo! Prestes a estrear “O último virgem” no cinema, Guilherme Prates fala sobre o diálogo com o público jovem e revela: “Demorei para perder a virgindade. Sempre fui tímido”


O ator, que já foi protagonista de “Malhação” e fez peças como “Confissões de adolescente” e “Na real”, acha importante desmitificar temas como virgindade, álcool e homossexualidade: “Muitas vezes, eles ficam no lugar-comum, no clichê. É difícil quebrar preconceitos e mitos. Falar desses assuntos é bom sempre, e, para o adolescente, é difícil encontrar alguém”

Guilherme Prates tem facilidade em falar com o público jovem. Depois de viver o protagonista Dinho na 20ª temporada de “Malhação”, em 2012, o ator participou da peça “Confissões de adolescente”, realizou o espetáculo “Na real” – que ganhou a Batalha de Esquetes 2015 por voto popular – e, agora, será visto no cinema vivendo um jovem tímido em “O último virgem”. “Gosto bastante do público teen. Assim que acabou ‘Malhação’, eu fiz uma peça batizada ‘Na real’, que eu idealizei com alguns parceiros. É importante falar sobre os temas e desmitificá-los, porque, muitas vezes, eles ficam no lugar-comum, no clichê. É difícil quebrar preconceitos e mitos que giram em torno de virgindade, álcool, homossexualidade, drogas. Mas é uma tentativa minha desmitificar acontecimentos naturais da vida. O filme é mais uma tentativa”, contou. E das grandes! Escrito por Rilson Baco e Felipe Bretas, o longa é uma superprodução, que tem, no elenco, além de Guilherme, nomes como Fiorella Mattheis, Bia Arantes e outros.

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(Foto: Faya)

Falar sobre a famosa e temida “primeira vez” é um desafio que Guilherme enfrenta com naturalidade: “Todo adolescente passa por esse conflito, faz parte da vida essa pressão, tanto para perder a virgindade, como o medo também. É um lugar desconhecido. Sempre existe isso. Por mais que o filme tenha referências dos longas da década de 80, como “Mulher nota 1000”, “Clube dos cinco” e até “American pie”, de 90, ele é um filme que fala sobre o jovem brasileiro de 2016. Tem uma linguagem e um vocabulário próximos, além de tratar de um tema universal”, disse ele, que acredita veementemente que a arte tem como função levantar discussões. “Tomara que os adolescentes venham desabafar comigo. Falar desse assunto é bom sempre e para o adolescente é difícil encontrar alguém. A relação com os pais é tímida, com os amigos também têm dificuldade às vezes, porque eles acabam criando um personagem para si próprios. É função da arte dar vazão aos sentimentos que não conseguimos falar com ninguém. É importante discutir. Mas acho que os adolescentes vão se divertir também. É um produto de entretenimento, serve para relaxar, rir”, afirmou.

E como é a relação do intérprete com o tema? Aos 22 anos, será que Guilherme também viveu essas dificuldades que retrata na telona? “Eu também passei por isso. Demorei para perder a virgindade. Sempre fui tímido, então até o momento acontecer demorou”, revelou ele, que é a favor da desmitificação do tema. “O importante é falar sobre isso, tirar essa pressão, fazer com que o jovem entenda que tudo tem seu tempo e não adianta tentar atropelar. Tem uma frase da Adriana Calcanhoto que eu adoro que diz assim: ‘a vida voa baixinho, você vai ver, já é’”, disse.

Vivendo uma fase totalmente voltada para o cinema, Guilherme Prates acabou de rodar “O vendedor de sonhos”, longa baseado no livro de Augusto Cury. “Sempre quis fazer cinema, era uma ambição como ator. No cinema há a possibilidade de desenvolver todo o arco dramático do personagem de uma vez só. Isso é muito interessante. Além, é claro, do diálogo com outras artes, a montagem, o movimento de câmera que pode dizer mais do que uma palavra. Entender a cabeça do diretor para chegar em uma unidade, em um todo, sempre foi uma vontade. Tive a oportunidade de fazer ‘Confissões de adolescente’ com o Daniel Filho depois de ‘Malhação’ e os convites foram surgindo, graças a Deus”, contou ele.

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(Foto: Faya)

Agora, com o novo projeto, Guilherme sai do tema adolescência. “Aí também foi um presente, porque fala sobre outros assuntos. Tivemos uma conversa com o Augusto Cury e é muito interessante, porque o livro que o Jayme Monjardim adapto, são histórias que o Augusto viveu em consultório, que falam de suicidas e outros temas. O autor criou uma história em que ele desenvolve quase que uma tese psicológica. O filme e o livro tentam de alguma forma explicar ou abrir uma possibilidade para percebermos que nossa cabeça é muito complexa e que quando a gente entra em conflitos realmente pesados a gente precisa de tempo para entender, repensar. O Augusto fala que em toda situação de risco e tensão do ser humano, os primeiros 30 segundos são completamente inconscientes. Só depois de 30 segundos que retomamos a consciência. É a história dos suicidas, de se colocar à beira do abismo. Viver isso como um personagem é interessante. Espero que o público compre, foi interessante demais viver essa história como ator e como pessoa também”, analisou.

Estrelar um filme que talvez seja menos pop do que “O último virgem” não o amedronta, pelo contrário. Fã de cinema independente, Guilherme acha que é importante fomentar essa cultura no país. “Não é o caso de ‘O vendedor de sonhos’, mas eu amo filmes independentes. Como público, assisto poucos blockbusters, procuro ir a filmes que me tocam, mais do que os que entretem. Eu frequento mais o lado alternativo, quero dialogar com produções que não são só blockbusters, que tem funções além. Tem uma divisória entre cultura e entretenimento e eu acho que os filmes de cultura têm que ocupar cada vez mais salas de cinema. Óbvio que não vão tomar lugares de blockbusters, mas que se tenha cada vez mais salas para o cinema independente, alternativo. No Brasil nós nos inspiramos no cinema novo, que sugou o neorrealismo italiano, então temos a cultura brasileira de cinema de arte e devemos batalhar por esse espaço. Ocupar salas de cinema durante mais tempo, porque porque o que acontece é que os filmes de arte entram nas salas comerciais, ficam um pouco, não dá público e saem de cartaz. É importante fomentar, fazer com que o público frequente os filmes artísticos”, defendeu.

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(Foto: Faya)

Totalmente imerso no cinema, Guilherme tem o desejo de voltar para a televisão. Seus últimos trabalhos nas telinhas foram em “O rebu” e “Em Família”. E será que tem algum personagem específico que Guilherme deseja viver? “Não. Quero tudo. Fazer televisão já é muito difícil. É um jogo entre o ator, autor, diretor, e o público também. O público tem função dentro da trama. Rege à história com a aceitação. Não tem personagem especifico, o que surgir vai ser bem aproveitado. O que eu quero mesmo é entender mais desse jogo”, revelou. Falando em outra plataforma, para os palcos, os projetos são muitos: “Escrevi a peça ‘Roma’ em parceria com a Companhia de Teatro Íntimo e agora queremos viajar com ela, rodar o Brasil e, quem sabe, uma turnê internacional. Além disso, no segundo semestre devo voltar com ‘Lucrécia’, o espetáculo com o qual fiquei em cartaz no Sesc Tijuca com direção do Alexandre Mello. Já tem conversas nesse sentido. E tem outro projeto de teatro para o segundo semestre”, adiantou. Nós ficamos esperando.