Exclusivo! Pedro Luís lança DVD na Miranda Brasil e fala sobre sonhos na carreira, influências e o atual embate sobre direitos autorais


Cantor e compositor já teve músicas gravadas por gente como Elba Ramalho, Roberta Sá e Adriana Calcanhotto e, no palco, contou com as presenças de Mart’nália e Zélia Duncan

Com 25 anos de carreira, passagem por bandas como A Parede, Monobloco, Urge e Boato, além de composições gravadas por gente como Fernanda Abreu, Roberta Sá, Bruna Caram, Nina Becker e Adriana Calcanhotto esta é a primeira vez que Pedro Luís grava um DVD solo, em projeto totalmente autoral. Batizado “Aposto”, o trabalho ganhou show de lançamento na Miranda Brasil, onde o cantor dividiu o palco com duas de suas grandes intérpretes, Mart’nália e Zélia Duncan.

“Eu conheço o Pedro desde o início, na época do Monobloco. Sempre que nos encontramos o clima é assim:totalmente família. Ele é um parceiro e um compositor incrível, é muito prazeroso poder gravar com ele”, comenta Mart’nália para HT logo após o show, ao qual chegou direto das gravações de “Pé Na Cova”. Na plateia, gente como Nina Becker, João Cavalcanti e Samantha Schmutz aproveitava o espetáculo intimista, no qual o cantor passeava pelo repertório com suas maiores composições, como “Mão e Luva”, “Noite Severina”, “Janeiros” e “Braços Cruzados”, popularmente conhecidas na voz de Adriana Calcanhotto, Elba Ramalho, Sandra Sá e Zélia Duncan, respectivamente.

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No palco, Pedro dá conta do show apenas com o auxílio do percussionista Paulino Dias, mostrando toda a brasilidade de suas músicas, seja na mistura de ritmos como o soul, o funk, o rap e o rock, seja em versos poéticos cheios de referências à cultura nacional e, principalmente, ao Rio de Janeiro. Perfeito exemplo do cantautor, Pedro Luís não deixa nada a desejar durante mais de uma hora e meia de show, mostrando-se à vontade com a plateia e com a voz sem acompanhantes.

O Site HT bateu um papo com o artista logo após o show para saber um pouco mais sobre essa nova fase da carreira, como se dá seu processo criativo e o que ele acha do novo embate sobre direitos autorais que vem tomando a indústria fonográfica de assalto. Leia abaixo:

Pedro Luís apresenta o DVD "Aposto" na Miranda, o primeiro de sua carreira solo (Foto: Divulgação)

Pedro Luís apresenta o DVD “Aposto” na Miranda, o primeiro de sua carreira solo (Foto: Frederico Lessa)

HT: Explique um pouco do seu processo criativo (quando e onde costuma escrever, o que te inspira, algum ‘ritual’ que tenha na hora).

PL: Nos lugares mais variados, a inspiração não pede licença. O processo também pode ser bem variado, do super organizado ao mega caótico.

HT: Apesar de estar nessa carreira há 25 anos, esse é o seu primeiro DVD solo. Como foi a experiência de gravar o projeto e por quê você decidiu fazê-lo agora?

PL: Estou sempre movido por diferentes dinâmicas, muitas vezes coletivas e certas outras individuais, que são necessárias até pra me abastecer nas demandas em grupo. Agora era a hora do cantautor.

HT: Qual a diferença entre estar no palco com projetos coletivos e estar sozinho? Dá um maior frio na barriga?

PL: Nos projetos coletivos se está sempre mais protegido. Estar sozinho supões todos os riscos na sua conta, mas esse frio na barriga, na verdade, acaba sendo combustível para a não acomodação.

HT: Você mistura vários ritmos em suas composições, como samba, rap e rock etc. Em qual deles você se sente mais à vontade como compositor e quais artistas você diria que te influenciaram nessa mistura?

PL: Me sinto a vontade é quando uma ideia toma uma forma que eu admiro ao olhar para ela com distância, seja ela mais clássica ou vira-lata. Jorge Ben Jor é mestre-referência nessa prática.

Pedro Luís e Paulino Dia, na percussão, durante o show de lançamento do DVD "Aposto", na Miranda Brasil (Foto: Divulgação)

Pedro Luís e Paulino Dia, na percussão, durante o show de lançamento do DVD “Aposto”, na Miranda Brasil (Foto: Frederico Lessa)

HT: Alguns dos maiores artistas nacionais já gravaram suas composições. Mas, se você pudesse escolher mais alguém para gravar uma de suas músicas, quem seria e por quê?

PL: Gal [Costa], Djavan, Leny Andrade, Alcione, Céu, xi… Tantos que essa resposta não teria fim!

HT: A recente discussão sobre direitos autorais na era digital tem como um dos pontos fundamentais a pouca renda que é repassada para compositores e produtores, principalmente no Brasil. O que você acha desse novo sistema de streams e comercialização fonográfica e qual seria a solução mais apropriada na sua opinião?

PL: Formatos novos sempre necessitam de um tempo maior para entendimento e aperfeiçoamento. O importante é que os atores no quesito vantagens e desvantagens mudem, para que os provedores, que são os criadores e intérpretes, não fiquem em desvantagem e reféns de mega mecanismos, como a história revela.