Exclusivo! No Brasil a convite da Barbearia Cavalera, a lenda californiana das navalhas Donnie Hawley fala sobre tendências e cultura lowrider


Célebre representante dos barbershops californianos, inspirados na atmosfera e serviços de barba e cabelo dos anos 1940, ele é referência na arte do grooming e proprietário da rede Hawleywoods Barbershop

Um dos maiores nomes no mundo inteiro quando o assunto é barbearia-conceito, o californiano Donnie Hawley, adepto do  low rider lifestyle e amante da tendência rockabilly dos anos 1940, baixou na capital paulista em meio à loucura da São Paulo Fashion Week para, a convite da Cavalera, participar de uma série de workshops e sessões de corte nas barbearias da marca e na pop up store da Barbearia Cavalera montada na FFW Shop, no Parque Villa-Lobos, onde está sendo realizada a semana de moda. HT teve o privilégio de passar uma tarde com a lenda viva da navalha, e bateu um papo com o mestre sobre os mais diversos assuntos como os barbershops inspirados na atmosfera e serviços de barba e cabelo dos anos 1940; a semelhança entre os rituais indígenas e a cultura doo-wop até o clube VIP que ele mantém na matriz de sua rede Hawleywoods Barbershop, em Costa Mesa, perto de Los Angeles. Vem saber!

A conexão entre Donnie e Barbearia Cavalera, projeto de Alberto Hiar e Marinho, não é de hoje. Marinho, músico, produtor e barbeiro, que fica à frente das três barbearias da Cavalera espalhadas por São Paulo (leia mais aqui) – uma na Rua Oscar Freire, a segunda, na Rua Conselheiro Carrão, no bairro do Bixiga (que ganhará uma loja de discos de vinil comandada por João Gordo) e, a terceira, a mais recente, na Rua Girassol, na Vila Madalena – nos conta durante um almoço no restaurante do hotel Comfort Suites, nos Jardins, onde Donnie está hospedado: “Eu o conheci na cena de Los Angeles, através de um amigo em comum, Tul Jutargate. Então, descobri que ele amava carros tanto quanto eu, e fomos nos tornando amigos”. Donnie logo acrescenta: “O Tul tem o grande talento de juntar pessoas com gostos parecidos: bikers, lowriders, punks, rockabilly…”.

Marinho e Donnie Hawley durante almoço intimista no hotel Comfort Suites, nos Jardins (Foto: Heloisa Tolipan)

Marinho e Donnie Hawley durante almoço no hotel Comfort Suites, nos Jardins (Foto: Heloisa Tolipan)

O movimento dos lowriders surgiu nas ruas das cidades da Califórnia, em meados da década de 1950, capitaneado por uma turma apaixonada por customização de automóveis. Donnie, que herdou do pai a paixão por esses carros com o sistema de suspensão modificado, é uma figura que mantém a tradição e o estilo na arte de viver. Já perdeu a conta de quantas tatuagens fez ao longo da vida, mas lembra-se que a primeira foi ainda na adolescência. Entre os locais inusitados por onde a agulha de um tatuador já passou, estão as axilas, as pálpebras (nas quais tem, em tradução livre, a frase: “fechado para almoço”), além de outros pontos do rosto. O estilo vai desde um chapéu de aba reta, até o perfeito alinhamento de sua camisa (que ele mesmo passa a ferro) e os anéis dos anos 1950.

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Ao lembrar de como começou a paixão por carros, Donnie Hawley comenta sobre a infância difícil: “Antigamente, você customizava os carros porque não tinha dinheiro para comprar um modelo novo. Havia toda essa cultura de customização. E eu também me lembro de ir com meus amigos a brechós comprar roupas antigas e as pessoas ficarem rindo de mim”, diz o barbeiro por profissão, 44 anos, que até os 12 morou com os avós maternos, em Gardena, na Califórnia. Hoje, ele é símbolo de um estilo que muitos tentam copiar ao redor do mundo e se tornou autoridade e celebridade quando se trata da arte de grooming, termo inglês que se refere aos cuidados pessoais masculinos.

Apesar de ter passado parte da vida tendo que comprar roupas em brechó, hoje Donnie Hawley é nome respeitado e copiado no mundo das barbearias  Rocabilly vibes: o barbeiro mais famoso da Califórnia se inspira no movimento cultural dos anos 1940 para seu estilo  (Foto: Heloisa Tolipan)

Apesar de ter passado parte da vida tendo que comprar roupas em brechó, hoje Donnie Hawley é nome respeitado e copiado no mundo das barbearias e no estilo de viver (Foto: Heloisa Tolipan)

A primeira vez que Donnie cortou um cabelo foi aos 12 anos, quando se mudou para a casa do pai. Com o tio paterno barbeador e a influência de ter passado grande parte de sua infância frequentando a barbearia do bairro com o avô, ele decidiu desde cedo que queria seguir a carreira e, no ensino médio, já cortava o cabelo dos amigos antes de saírem para as baladas. Mas foi durante a faculdade que ele deu o passo decisivo em direção ao sucesso: “Meu melhor amigo era o hair stylist da Gwen Stefani e tentou me convencer de que eu precisava fazer um curso de Beleza para poder trabalhar em salão. No entanto, nós tomamos caminhos diferentes e eu fui aprender a arte de ser barbeiro”, conta, revelando que o curso exigia uma carga horária de 1.500 horas de cortes, ao longo do período de um ano. Ao terminar, Donnie foi aperfeiçoando seus 14 movimentos com a navalha e, pouco a pouco, conquistou seu espaço de destaque no mercado mundial, a partir dos anos 1990.

Um dos principais motivos para tamanho sucesso é a preocupação e importância que Donnie Hawley tem com seus clientes: “Eu valorizo muito essa relação, porque sei que ao longo dos anos ela se fortalece e vira amizade. Não é simplesmente entrar e sair da minha barbearia, apenas para eu ganhar dinheiro”, conta. Hoje, ele comenta que não existem mais tantos locais especializados em atender o homem com um serviço completo de grooming com direito a afiadas navalhas (manejadas por mãos muito bem treinadas), massagens faciais, toalhas quentes e espuma de barbear aquecida. E esse é um dos motivos pelos quais ele proíbe a entrada de mulheres em suas barbearias, considerando aquele como um local sagrado para o homem se sentir à vontade. “Eu vi muitas barbearias desparecerem ao longo dos anos 1980 e se transformarem em salões unissex de shoppings”, lembra.

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Dono de quatro barbearias ao redor do globo – três na Califórnia (Costa Mesa, Huntington Beach e Long Beach) e uma em Sydney, na Austrália, não foi apenas o cuidado de Donnie com a clientela e sua habilidade incomparável com a navalha que chamou a atenção de Marinho, à frente da Barbearia Cavalera. Layrite, sua pomada para os cabelos feita à base de água, a primeira do gênero, também é um sucesso inquestionável de vendas e serviu de inspiração para os produtos Cavalera, que já estão sendo vendidos nas barbearias da marca, inclusive na pop up store na SPFW.

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A relação do mestre barbeiro californiano com a marca Cavalera vai muito além dos negócios. Um dia antes do desfile da grife, na São Paulo Fashion Week, (que você ficou sabendo de tudo aqui), Donnie participou com Alberto Hiar e amigos do ritual realizado pelos índios Yawanawá, na granja da família do cantor Jair Rodrigues, falecido ano passado. “Achei uma experiência única e inacreditável. Sentei na grama e fiquei ouvindo as índias cantando em harmonia e me lembrei de como aquilo soava como doo-wop “, comenta.

Donnie Hawley permanece no Brasil até sábado e ficará apenas em São Paulo (pelo menos dessa vez). Seu sonho era também conhecer o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Semana que vem, ele reassume os trabalhos na barbearia em Costa Mesa, na Califórnia, onde mantém um bar vip nos fundos da casa, onde só aceita a entrada de amigos (homens ou mulheres, tanto faz), por conta dos shows privados que oferece ali, como o de Billie Joe Armstrong, vocalista do Green Day. Mas, antes de ir embora, perguntamos o que ele acha da tendência dos “lumbersexuals” e toda essa volta da valorização da masculinidade através da barba, ao que ele responde: “A primeira vez que eu vi isso foi em um reality show alemão, sobre vários caras com barbas gigantes, mas os cortes de cabelo bem rentes. Acho que é um look muito urbano, mas é interessante. Mas a barba precisa ser cuidada e eu barbeio para viver, né?!”, ri, simpático.

E Donnie deve voltar sempre ao Brasil para rever os amigos Alberto Hiar e Marinho e conferir os lançamentos dos produtos da Barbearia Cavalera. Após alguns meses de pesquisa, neste mês de abril, a Barbearia Cavalera apresenta sua linha própria de produtos para cuidados com barba e cabelo que resgata a cultura do estilo “clássico-moderno”, em que a tradição se integra à tecnologia no desenvolvimento de cada produto.

Os itens que estarão à venda nas três unidades da Barbearia Cavalera (Jardins, Bixiga e Vila Madalena):

– LOÇÃO PÓS-BARBA “BAY RUM”: Os marinheiros das embarcações do século XVI utilizavam a mistura de rum e bay (folha de louro das Índias Ocidentais) como colônia e também como forma de assepsia e higiene pessoal. Desta forma, o bay rum das Índias Ocidentais se tornou um famoso pós-barba entre os homens após a Segunda Guerra Mundial, que ajuda a fechar os poros, recuperar a epiderme após o barbear, além de garantir um efeito mate que absorve a oleosidade.

– ÓLEO PARA BARBA: Para os homens adeptos do visual barbado este óleo, usado como finalizador, garante maciez, hidratação e brilho aos pêlos, mas sem deixar a barba com aspecto molhado.

– CREME DE BARBEAR: lubrifica e protege a pele, facilitando o deslizar da lâmina, reduz a irritação causada pelo atrito da navalha ou aparelho de barbear, além de hidratar e refrescar a pele.

– POMADAS PARA CABELO: Presente em duas versões, deluxe e extra-forte, estas duas pomadas à base de água garantem, respectivamente, fixação média e muito forte, para penteados mais elaborados. Ambas possibilitam diversos estilos de penteados: topetes, slicked back e despojados. Não ressecam os cabelos e são removidas facilmente com shampoo.

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