Dr. Alessandro Martins fala sobre a cirurgia plástica do bumbum e as técnicas mais indicadas para cada caso


“Há muita polêmica em relação ao que se deve fazer na cirurgia plástica de bumbum. Na minha opinião, a utilização de próteses de silicone ainda é a melhor opção quando se trata de harmonizar o contorno da região glútea. Diferentemente do que muitos pensam, o resultado não é artificial nem exagerado: as próteses mais volumosas variam entre 400ml e 450ml, dependendo do fabricante”, explica o cirurgião plástico

*Por Dr. Alessandro Martins

O bumbum das brasileiras causa admiração em em todo o mundo. Mantê-lo em forma já faz parte da nossa cultura, especialmente nas cidades praianas, onde mulheres e homens gostam mostrar corpos sarados e bronzeados. No entanto, com o passar dos anos, é comum que a região glútea perca volume e se torne flácida. Com a menopausa, a gordurinha da lateral do bumbum, acima da área onde fica o culote (região trocantérica) é absorvida, formando uma cavitação e mudando o contorno do quadril.

Há muita polêmica em relação ao que se deve fazer na cirurgia plástica de bumbum. Na minha opinião, a utilização de próteses de silicone é a melhor opção quando se trata de harmonizar o contorno da região glútea. Diferentemente do que muitos pensam, o resultado não é artificial nem exagerado: as próteses mais volumosas variam entre 400ml e 450ml, dependendo do fabricante. Não são grandes para a área em questão.

Os aumentos exagerados que vemos nas redes sociais costumam ser resultados de uma associação de técnicas. Normalmente, a paciente tem, além das próteses, substâncias injetadas (entre elas, enxertos de gordura, que é também outra indicação para a região glútea). Mas, vemos a utilização de muitas substâncias erradas, como hidrogel (gel composto por 98% de água e 2% de poliamida) e polimetilmetacrilato (substância composta por milhares de microesferas de acrílico que não é absorvida pelo corpo), ambas sem protocolo de utilização. É por causa da disponibilidade de se usar grandes quantidades que vemos os aumentos exagerados e não-harmônicos.

A longo prazo, esses produtos podem gerar reações inflamatórias crônicas, levando a infecções locais e, principalmente, fístulas, que são caminhos entre o local onde a substância está e a pele. Esse material começa a ser extruído pela pele, formando uma ferida crônica. Os preenchedores podem cair na corrente sanguínea indo parar no pulmão ou o cérebro, causando, inclusive, embolia e até a morte do paciente.

A cirurgia de glúteo pode ser realizada através de duas técnicas seguras: a implantação de próteses e o enxerto de gordura. A associação delas é bastante comum, porque as próteses ficam dentro da musculatura glútea e, por isso, não se expandem para a porção do quadril. Elas precisam estar, obrigatoriamente, cobertas pelo músculo glúteo máximo. As próteses não conseguem aumentar ou melhorar o contorno da área do quadril. Por isso as associamos com os enxertos de gordura, principalmente na depressão trocantérica (desnível na parte lateral do bumbum que cria um sulco parecido com um afundamento). Essas cavidades acabam sendo preenchidas com gordura. Assim conseguimos arredondar toda a região glútea de uma forma bonita e harmônica.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Fábio Calvi)

Em pacientes que já tenham volume glúteo e gordura de boa qualidade, podemos fazer somente um enxerto, sem a colocação das próteses de silicone. A técnica tem excelentes resultados. O único porém é que nem todo paciente tem uma gordura aproveitável e existe um grau de reabsorção a longo prazo, que pode ser de 30% até 50% da quantidade injetada.

Na realidade, a quantidade que pode ser injetada é limitada. Quanto mais gordura, mais pressão fazemos sobre ela. A pressão em excesso mata a célula de gordura. Com isso, acabamos perdendo mais que ganhando. É preciso ter em mente que se trata de um tecido que se integra ao corpo e sofre alterações semelhantes a qualquer área gordurosa ao longo da vida. Se a pessoa engordar, o bumbum aumenta; se emagrecer, diminui. A perda de gordura quando fazemos a cirurgia ocorre no primeiros dois ou três meses. Depois só acontece se emagrecermos.

Existem muitas dúvidas em relação à cirurgia do bumbum. Se podemos sentar, ir ao banheiro, se tem que dormir de bruços. São lendas. Na verdade, principalmente em relação à prótese de glúteo, não nos sentamos sobre o bumbum, mas sobre a região isquiática. Ou seja, nos apoiamos nos ísquios, que são um dos territórios ósseos da bacia. Nós não nos sentamos sobre a prótese. A paciente pode sentar-se para fazer suas refeições e para ir ao banheiro. O que pedimos é para ela não passar o dia inteiro sentada, até porque causa dor e pode, inclusive, ocasionar um pequeno deslocamento do implante. Da mesma forma que dormir de bruços não é necessário. Basta não ficar sempre na mesma posição.

Outro mito muito comum trata do enxerto de gordura: muita gente acredita que sentar em cima dele fará com que seja melhor absorvido. Não é verdade. Algum grau de pressão (por exemplo, dormir de barriga para cima) pode até favorecer a integração da gordura. Mas, como na prótese, pedimos para não ficar sempre sentada ou na mesma posição. A posição viciosa mantida em cima da área cirúrgica pode levar a alguma complicação.

Quando se trata da beleza da região glútea, ficamos basicamente com as seguintes opções técnicas: a prótese de glúteo, a prótese de glúteo associada ao enxerto de gordura ou somente o enxerto de gordura. Cada paciente tem um perfil. É importante entender que a flacidez limita o resultado. Quem tem pele sobrando nessa região, principalmente os pós-bariátricos que perderam muito peso e têm uma grande perda volumétrica, pode não se beneficiar da associação da prótese com o enxerto de gordura. A técnica não é suficiente para esticar toda a flacidez. Essas pacientes precisam associar uma outra técnica, a ressecção de pele, abdominoplastia em 360 graus. Sempre que houver flacidez, a ressecção da pele em excesso tem que ser feita para obtermos resultados.

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