Diogo Nogueira: da desconfiança ao sucesso, o desejo de ser porta-voz da alegria “em um país com muitas contradições”


Diogo vai estrear o show baseado no álbum “Porta-voz da alegria” hoje, sábado (12), no Citibank Hall. Na entrevista, o sambista fala da pressão de ter o sobrenome que tem: “A expectativa e a pressão das pessoas sempre existem e, às vezes, até aumentam”

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(Fotos: Guto Costa)

Frequentar roda de samba é uma coisa. Agora frequentar roda de samba na sua casa, tendo Beth Carvalho de convidada, Fundo de Quintal cantando e você sendo filho de João Nogueira é outra. Aliás, deixa de ser roda de samba e passa a virar inspiração. Diogo Nogueira demorou a perceber isso. Hoje com 34 anos, por um tempo ainda tentou ser jogador de futebol até, em 2009, tomar o microfone para si e mostrar que, além do gingado que vem do sangue e dos olhos azuis que a genética lhe deu, sabia cantar. Fácil não foi. E os motivos não são muito difíceis de entender. “No início a desconfiança era maior, pois as pessoas não me conheciam e sabiam apenas que eu era filho do João Nogueira”, conta. Por essa e outras, pressão é uma boa palavra para usar ao falar de sua carreira até a consolidação do álbum “Diogo Nogueira Ao Vivo”.

“Com o passar do tempo, com o trabalho ganhando as ruas, fazendo shows e gravando meus discos, esse respeito passou a existir de forma natural. Mas a pressão, a expectativa das pessoas sempre existe e às vezes até aumenta”, entrega. E vem de todos os lados. “Os fãs e os jornalistas sempre estão esperando mais de você, e sigo fazendo o que sei, o que gosto, sem me importar em ter que provar alguma coisa para alguém. Assim, com o título do meu segundo CD, tenho dito: ‘Tô fazendo a minha parte’“, recorre. E vem fazendo mesmo. Depois desse, já entregou ao mercado o “Porta-voz da alegria”, quarto álbum de estúdio. A ideia é a cara do samba e de Diogo: tudo para cima, vida em festa, sorriso no rosto.

“Achamos o título muito interessante, porque expressa o que o disco traz, que são sambas alegres, para cima, com mensagens positivas, mesmo quando canto temas que nos fazem refletir. O Brasil precisa de otimismo, de alegria, e acho que não só o cantor e o sambista são os porta-vozes da alegria, mas todo mundo pode ter um pouco de porta-voz da alegria. Só depende da gente”, filosofa. Mas não é meio irônico falar que o Brasil precisa de otimismo em um momento de crise política, recessão econômica, povo descrente e tanto ódio? “O Brasil é um país fantástico, mas com muitas contradições. Mas cabe a cada um de nós ajudar nessas mudanças. Estamos sempre olhando os erros do outros, mas se mudarmos a nossa atitude, se dermos um exemplo melhor para as novas gerações, estaremos mudando de verdade o futuro”, dispara Diogo.

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Ok. Se há o consenso que somos a terra da contradição, o que tira esse sorriso do rosto de porta-voz da alegria? “Crianças na rua abandonadas. Tivemos um grande avanço nos últimos anos com a diminuição da miséria, mas temos muito para mudar”, opina. Justamente para não dar espaço para o assunto que tocamos é que até a capa do CD vem permeada de palavras como juventude, otimismo, família e simplicidade. “Nossa equipe de trabalho fez uma pesquisa junto aos meus fãs de todo o Brasil identificando palavras, sentimentos e expressões que eles pensam a respeito de mim e do meu trabalho. Daí surgiu a ideia da nuvem de palavras que está no encarte do meu CD. Termos como família, samba, alegria e tradição foram citadas e isso foi muito legal, pois é como eles me veem”, lembra.

A estreia nacional da nova turnê baseada nessas canções será realizada hoje, sábado (12), no Citibank Hall, no Rio. Além das músicas do álbum, Diogo vai incluir “Codinome beija-flor”, eternizado na voz do poeta exagerado Cazuza. E o motivo é nobre. “Encontrei com a Lucinha [Araújo, mãe do Cazuza] em um show que estava fazendo em Marciac, na França. Estávamos dividindo a o noite com o [Gilberto] Gil e Caetano [Veloso], e ela estava com eles. Era aniversário dela naquele dia e quando nos vimos ela veio falar comigo, com muito carinho e elogiou a minha versão para ‘Codinome Beija Flor’, que eu tinha feito para um especial de uma rádio do Rio. Daí ela sugeriu que eu incluísse no meu show. Aceitei a sugestão, porque adoro a música, sou fã do Cazuza, e um pedido da Lucinha é algo especial”, conta.

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Representante exímio do samba, Diogo não é adepto de uma nomenclatura que divide o gênero entre tradicional e contemporâneo. “É tudo samba. O que difere um do outro é a maneira como é tocado, como é feito, e assim como a música de uma maneira em geral, existe música boa e música ruim”, alfineta. Música à parte, ele não descarta uma nova empreitada como ator depois de ter subido aos palcos com o musical “Sambra”. “Aprendi muito no processo de construção do espetáculo e com certeza vou poder usar essa experiência em meus shows e em outros trabalhos que posso vir a fazer tendo que atuar”.

E já que Diogo é carioca da gema e escolheu a nossa urbe maravilha para o pontapé de seu novo trabalho, HT quis saber: como é um dia perfeito no Rio de Janeiro? “Em pleno verão, acordar e ir para a Prainha com a família, pegar sol, surfar, jogar um futvolei. Almoçar pelo Recreio, e de tarde ir no Maracanã ver o Mengão. De noite, fazer um programa bem tranquilo com a Milena [Nogueira, sua mulher]. Até a parte do Maracanã a gente vai junto, Diogo…

Serviço

Data: Sábado, dia 12 de setembro de 2015

Horário: 22h30

Local: Citibank Hall – Rio de Janeiro (RJ) (Av. Ayrton Senna, 3000 – Shopping Via Parque – Barra da Tijuca)

Ingressos: de R$ 35 a 170

Duração: Aproximadamente 1h40

Venda de ingressos: http://premier.ticketsforfun.com.br/shows/show.aspx?sh=pdv