Depois de três anos no Vídeo Show, Joaquim Lopes vive um malandro em Orgulho e Paixão e fala sobre coronelismo, feminismo e seu passado


“Infelizmente, ainda temos o coronelismo no Brasil. Acho importante mostrar o quanto isto é nocivo para a população. Quanto mais a gente puder democratizar o poder político, melhor será para todos”, criticou

Depois de muito tempo longe das novelas, Joaquim Lopes interpreta um personagem que é regido pelo típico jeitinho brasileiro em Orgulho e Paixão, de Marcos Bernstein. “O Olegário é mais um malandro do que um vilão. É super sedutor e tenta manipular o ambiente ao seu favor para poder sobreviver. O cara perdeu tudo na vida. Ele tem um caráter flexível, não chega a ser malvado, na minha opinião. É um ex-deputado e sabe muito bem transitar no caminho dos negócios”, comentou. Esta pinta de malvado é decorrente da relação do rapaz, na trama, com a vilã de Alessandra Negrini. “Ele estava meio que no fundo do poço quando conheceu a Susana. Os dois possuem uma tensão que pode se desenvolver para algo amoroso, pois já tiveram um histórico juntos. Ele vai tramar contra o casal principal composto por Thiago Lacerda e Nathalia Dill e vai ajudá-la em suas trapaças e golpes. É o capacho dela”, completou. Esta relação abusiva não o transforma em um rapaz submisso, pelo contrário. Apesar de todo este aspecto de vilania, existe muito espaço para o humor neste personagem, de acordo com o ator.

Grande parte da lábia de Olegário veio por causa de sua profissão no ramo da política. O personagem é um ex-deputado que exercia uma relação bem próxima com os coronéis que comandavam a região. Apesar desta história se passar em 1910, o ator conseguiu traçar um paralelo para os dias atuais. “Infelizmente, ainda temos o coronelismo nas regiões do norte e nordeste. Acho importante mostrar o quanto isto é nocivo para a população. Quanto mais a gente puder democratizar o poder político, melhor será para todos”, criticou.

A trama da nova novela das 6 é fruto de uma união de vários livros da escritora inglesa, Jane Austen. Os exemplares da autora falam sobre a representatividade em contraponto com a submissão da mulher na sociedade. Mesmo tema sendo atual, os textos foram escritos no final do século XVIII e início do XIX. “Ela era uma mulher completamente vanguardista e empoderada que fazia as suas coisas da forma que queria. Estamos vivendo um momento muito importante e relevante para o gênero feminino que já estava mais do que na hora de acontecer. É uma honra fazer uma novela que fala sobre este tema”, comentou. Para Joaquim, um dos papéis da interpretação é fazer o público pensar sobre questões complicadas e profundas como esta, que precisam ser levadas em consideração na sociedade atual. “O papel do ator é justamente fomentar discussões que estão em voga, que são relevantes e necessários. Temos que fazer o nosso trabalho procurando a transformação do ser humano, fazer o espectador se questionar. Sou um fã deste formato de folhetins”, completou.

Joaquim Lopes na coletiva de imprensa (Foto: Fábio Rocha/Gshow)

A novela será a primeira do ator depois de um hiato de três anos. Neste meio tempo, Joaquim Lopes estava trabalhando na bancada ao vivo do Vídeo Show, de segunda à sexta, como apresentador do programa de entretenimento. A mudança da bancada foi feita pela própria emissora, que fez um convite ao próprio artista para participar de Orgulho e Paixão. “Fiquei muito honrado de receber esse convite da produção. Pretendo fazer esta trama com muita garra. Eu estava com vontade de atuar”, contou. Mas engana-se quem pensa que ele passou este tempo sem atuar. Na verdade, o galã fez três peças de teatro e um filme. “Sempre deixei o entretenimento e a atuação em paralelo. Teatro vai ser uma constante na minha vida, sempre estarei no palco. É a minha formação”, afirmou.

Mesmo amando atuar, Joaquim contou que também é muito fã dos trabalhos como apresentador e, por isso, espera ter deixado as portas abertas para, quem sabe, um dia voltar às bancadas do Vídeo Show. “Foram três anos importantíssimos na minha carreira e foi um divisor de águas na minha carreira, sem dúvida nenhuma. Eu vou sentir muita saudade do programa e estou aberto a outros trabalhos na área do entretenimento. Eu fiz o melhor trabalho que eu podia fazer”, afirmou.

Por causa do trabalho nesta área do entretenimento, o público conseguiu conhecer melhor a personalidade do artista e se sentir mais próximo. De acordo com ele, o carinho que as pessoas expressavam nas ruas era muito grande. “O Vídeo Show é legal quando é apresentado ao vivo, pois não há nenhum personagem entre você e o telespectador. Tive a oportunidade de mostrar todas as minhas sombras, a minha luz, o meu bom humor e as minhas opiniões. Isso aproximou muito os telespectadores. Fico muito grato em ter esse tipo do retorno positivo”, confessou.