“Creio que o ator deve estudar e evitar expedientes “ególatras” no set”, diz Alinne Moraes


A atriz, que estará na próxima novelas das 21h de Licia Manzo, também poderá ser vista na TV e no cinema em 2020. Em entrevista ao site, ela fala sobre os trabalhos e o cenário da cultura no país: “Fazer teatro é uma luta, em especial nesse momento de ataque frontal ao pensamento e desse vergonhoso sucateamento da área. Nunca imaginei que veria isso na vida”

*Por Brunna Condini

Um ano de muito trabalho, atuando nos três veículos: TV, teatro e cinema. Assim será o 2020 de Alinne Moraes. A atriz, escalada para a próxima novela das 21h, “Em seu Lugar”, que estreia em maio, encerrou temporada bem-sucedida do espetáculo “Relâmpago Cifrado” no fim do ano passado, ao lado de Ana Beatriz Nogueira, e diz ter planos de nova temporada ainda neste semestre. Alinne fala da parceria com Ana Beatriz e da temática contemporânea da montagem: “Trata-se do encontro de duas médicas e é um texto que aborda diferentes visões sobre a profissão e ética no trabalho. O que importa ser depreendido ali é o que se revela como a razão desse encontro, ou seja, o que está por trás. Mas disso eu não posso falar, senão vira spoiler”, diverte-se, aguçando a curiosidade do público que ainda não assistiu a peça.

“Creio que o ator deve estudar o texto que recebe, chegar preparado e não se atrasar. Isso é o mínimo” (Foto: Brunno Rangel)

É uma história que aborda um conflito de gerações em relação ao que é ético. E você, o que você considera ético na sua profissão, por exemplo? “Em um sentido geral, acho que é o que há de comum na ética com quase todas as profissões. Falo do respeito aos colegas, ao ambiente de trabalho”, diz. “Em um sentido mais específico, creio que o ator deve estudar o texto que recebe, chegar preparado e não se atrasar. Isso é o mínimo. Uma vez no set, deve evitar aqueles expedientes “ególatras”, do tipo: “roubar a cena”, caçar câmeras cobrindo o amiguinho, esticar as pausas e as falas no afã de ganhar tempo de tela e outras cafonices do gênero”, completa, com franqueza.

Com a atriz Ana Beatriz Nogueira em “Relâmpago Cifrado”: “É um texto que aborda diferentes visões sobre a profissão e ética no trabalho” (Divulgação)

Alinne voltou aos palcos e é enorme sua paixão pelo tablado. Em um momento em que muito se fala na crise de cultura que o país tem vivido, como é fazer teatro no Brasil? “O país não vive uma crise de cultura. Vive uma crise de liberdade de expressão. Fazer teatro é uma luta, em especial nesse momento de ataque frontal ao pensamento e desse vergonhoso sucateamento da área. Nunca imaginei que veria isso na vida”.

Alinne Moraes afirma: "Fazer teatro é uma luta" (Foto: Brunno Rangel)

Alinne Moraes afirma: “Fazer teatro é uma luta” (Foto: Brunno Rangel)

Ela também poderá ser vista no cinema ainda neste primeiro semestre, em DPA3 – Uma Aventura no Fim do Mundo”, dirigido pelo marido, Mauro Lima, previsto para junho. Na realidade, se trata de uma participação especial. É uma aventura infantil muito divertida e eu faço uma capitã da Aeronáutica, Gertrudes, que trabalha com museologia”, antecipa sobre o terceiro longa da franquia que já levou 2,5 milhões de espectadores aos cinemas.

“É uma participação especial. É uma aventura infantil muito divertida e eu faço uma capitã da Aeronáutica” (Divulgação)

Alinne fala ainda sobre a personagem na próxima novela de Lícia Manzo, estreia da autora no horário nobre. No folhetim, conforme já divulgado, Alinne será filha de Reginaldo Faria, e irmã de uma ex-modelo, vivida por Andrea Beltrão. “Vou descrevê-la assim, com cara de perfil em press release (risos): a Bárbara é uma mulher rica, porém sustentada pelo pai, dono de uma rede de supermercados. Ela já fez vários cursos, mas se sente perdida profissionalmente porque se considera uma pessoa sem talento. Embora siga em busca de algo que a motive, sonha em se casar com Renato (Cauã Reymond, que também vive Mateus) e ser mãe. Uma mãe bem diferente da que teve”, detalha, sobre a personagem que vai disputar com Andreia Horta, que interpretará a mocinha, o amor dos gêmeos vividos por Cauã Reymond, com quem viveu um relacionamento em 2005. Ela, inclusive, já declarou que acha “rasa e previsível”, as indagações sobre contracenar com o colega e ex-parceiro, pressupondo-se que vida real e ficção se misturam.

Para Alinne Moraes “interessa a densidade e a complexidade emocional de um personagem, sobretudo quando traz algum elemento da natureza humana que seja novidade” (Foto: Brunno Rangel)

Aos 37 anos, Alinne começou a trabalhar aos 13 como modelo, e há 18, como atriz. Com uma carreira respeitada, o que a faz se interessar por um papel? “A densidade e a complexidade emocional de um personagem, sobretudo quando traz algum elemento da natureza humana que seja novidade para mim. Esse é o tipo de desafio que me seduz”.