Com especialização em reconstrução de mama pós-mastectomia, dr. Alessandro Martins explica possibilidades, aponta pesquisas e afirma: “Nada é mais importante do que você ter a sua paciente feliz”


Nesta faceta de sua carreira, o cirurgião plástico reconstrói mamas após a retirada do seio como consequência do tratamento do câncer. “Não é apenas a reconstrução de mama que me faz feliz na minha profissão, mas é onde eu aprendo mais. Além da parte técnica, porque esta é uma especialidade com muitas novidades, pesquisas e atualizações, essa é uma área em que me sinto melhor como pessoa”

O câncer de mama é o segundo mais comum entre os pacientes oncológicos e representa 25% dos casos em mulheres, segundo dados da agência da Organização Mundial da Saúde. É também uma doença com mais de 80% de chance de cura em diagnósticos precoces e com mais da metade das descobertas em autoexames, segundo o INCA. E, mesmo com toda a gravidade, é um tipo de câncer que ainda mexe com a vaidade e a estética de muitas mulheres. Porém, é aí que entra em ação o trabalho reparador de profissionais como dr. Alessandro Martins (Instagram: @dr.alessandromartins). Formado em cirurgia plástica com subespecialização em reconstrução de mama, o médico muitas vezes é responsável por dar um novo fôlego a pacientes diagnosticadas com a doença.

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Nesta faceta de sua carreira, o cirurgião plástico reconstrói mamas após um processo de mastectomia, que é a retirada do seio como consequência do tratamento da doença. A aproximação de dr. Alessandro Martins com a subespecialização, como ele nos contou, foi resultado de sua residência no INCA, o Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. E, desde então, diariamente, o cirurgião justifica a escolha com casos e estudos que motivam a rotina de um médico. “A minha especialização no câncer de mama foi uma fase de aprendizado durante a minha formação. De lá para cá, em um intervalo de dez anos, mais ou menos, as técnicas se modernizaram e outros conceitos da reconstrução de mama foram agregados. Inclusive, isso continua. Diariamente, publicações novas são feitas e isso faz com que a gente precise se especializar sempre”, disse dr. Alessandro que está em constante aprendizagem.

Dr. Alessandro Martins é médico cirurgião plástico com subespecialização em reconstrução de mamas pós-mastectomia (Foto: Sergio Baia)

No entanto, o trabalho do cirurgião plástico vai muito além da parte teórica e técnica. Em seu dia-a-dia, dr. Alessandro Martins lida diretamente com o psicológico dos pacientes de câncer de mama. Seja na preocupação com o diagnóstico ou na satisfação de uma cirurgia de reconstrução de sucesso, as experiências humanas costuram a rotina e agregam experiências à carreira do médico. E isso, segundo ele, é transformador. “A convivência com qualquer paciente com câncer, seja ele de mama ou de tumores faciais, por exemplo, nos faz olhar um pouco para a nossa própria vida. A gente acaba repensando aquilo que reclamamos todos os dias e em pequenas queixas bobas que se tornam monstros na nossa cabeça. Isso dá força para nós olharmos e agradecermos pela saúde que temos, mesmo com os problemas que todos têm. Vemos o que realmente é importante na vida”, destacou sobre a experiência que “dá força e revigora”.

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Mas está é uma relação de troca. Da mesma forma que dr. Alessandro Martins aprende nas relações com seus pacientes, o médico também ajuda essas pessoas a atravessarem a doença de forma menos tensa. Como afirmou, os procedimentos de reconstrução de mama em mulheres com câncer, por exemplo, trazem uma nova motivação para encarar o tratamento oncológico. “A paciente não precisa mais vencer a etapa do tratamento com uma cicatriz no tórax e sem uma mama. Hoje é possível fazer todo esse processo com a reconstrução concluída ou intermediária, quando ainda não foi completa”, disse o médico que explicou que a cirurgia plástica não atrapalha a quimio ou radioterapia. “No passado, existia a ideia de que a reconstrução de mama poderia retardar um diagnóstico ou mascarar uma imagem. Mas isso nós já sabemos que não acontece mais”, garantiu.

De acordo com o cirurgião, a reconstrução de mama é possível na maior parte das pacientes com câncer (Foto: Sergio Baia)

E assim, dr. Alessandro torna-se responsável por dar gás para que a paciente encare as sessões com autoestima e confiança. “A quimioterapia é, muitas vezes, uma fase bem difícil para a paciente com câncer de mama. Existem várias questões nesse processo que são muito sérias e, para as mulheres, a perda de pelos é uma delas. Isso angustia muito a mulher porque mexe com a vaidade. Além disso, a paciente ainda pode ter um quadro de vômitos e outras reações ao tratamento de quimioterapia”, listou sobre o tratamento que abala o psicológico. “Como nós, cirurgiões, acompanhamos esses pacientes durante todo o tratamento, estamos sempre dando força e colocando o astral para cima”, contou.

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Afinal, esta é uma profissão que, embora cirúrgica, tem ligação estreitíssima com a psique humana. Qualquer intervenção no corpo, seja ela por estética ou reconstrução, como no caso da mama, é uma importante válvula para a aparência de uma pessoa. E, assim como os procedimentos, dr. Alessandro Martins destacou a importância da solidariedade e carinho da família como complemento deste tratamento. “Nós vemos casos de mãe, filhas e maridos raspando o cabelo para apoiar e isso é muito importante. Acaba que muitas conseguem encontrar a sua vaidade durante o tratamento com turbantes curiosos, maquiagens, cílios postiços e lenços. As mulheres são bem criativas e, quando estão psicologicamente bem equilibradas, superam até com um certo ponto de humor”, comentou.

Em relação à reconstrução de mama, dr. Alessandro Martins afirmou que o procedimento é possível para quase todas as pacientes. O único impedimento, segundo o médico, é o estágio do câncer de mama. “Atualmente, quase todos os pacientes são candidatos a reconstrução de mama. Só não podemos fazer quando a doença está em um estágio muito avançado”, explicou sobre as cirurgias que podem ser de reconstrução completa ou temporária com o uso de expansores de mama. “São próteses vazias que enchemos de soro até esticar a pele e encher a mama. Depois do tratamento oncológico, ela consegue trocar a prótese de soro por uma de silicone e reconstruir o bico e a aureola”, explicou.

Além desta técnica, dr. Alessandro Martins citou ainda a reconstrução com prótese de silicone ou com tecidos próprios do paciente. “Esse procedimento nós chamamos de retalhos, que podem vir das costas ou da barriga. Muitas vezes nós usamos aquela parte que é jogada fora de gordura e pele na abdominoplastia para dar volume”, disse. E não para por aí. Como o cirurgião afirmou, esta é uma subespecialização dominada pelos avanços teóricos e, de vez em quando, novas técnicas passam a fazer parte das cirurgias plásticas. “A gente tem evoluído em técnicas cirúrgicas e materiais que podem ser utilizados na mama, como matrizes dérmicas celulares e enxerto de gordura. Fora isso, essa é uma área que está em constante pesquisa. A gente tem uma pesquisa em relação à engenharia de tecidos com células tronco no tecido gorduroso”, contou sobre a técnica que ainda está sendo testada em laboratório.

Disso tudo, entre tantas possibilidades cirúrgicas, dr. Alessandro Martins destacou que o mais importante é o cuidado com a saúde, antes de qualquer procedimento de reconstrução ou estético. De acordo com o médico, o tratamento oncológico não pode ser postergado para que a paciente passa por alguma cirurgia. “O importante no tratamento do câncer é não retardar o início do tratamento oncológicos por causa da cirurgia. Então, o que programamos é que, para os pacientes que precisarão passar pela quimio ou radioterapia, a primeira cirurgia de reconstrução seja mais simples e menor. A ideia é cicatrizar logo para poder começar o tratamento o quanto antes”, explicou dr. Alessandro que informou que nem todas as pacientes diagnosticadas com câncer de mama precisam passar por quimio ou radioterapia.

Mas, para aquelas que necessitam ou para quem precisa fazer a mastectomia e, após, a reconstrução de mama, dr. Alessandro Martins destacou um ponto positivo. Hoje, os planos de saúde e o SUS garantem todo esse procedimento para tratar a doença e garantir bem-estar e autoestima aos pacientes. “Tanto as cirurgias de reconstrução como as de tratamento do câncer de mama têm a cobertura dos seguros de saúde e do SUS, inclusive com honorários médicos, internação e materiais, como prótese e drenos”, disse. Aliás, há ainda uma lei que prevê o início do tratamento contra o câncer em até 60 dias após o diagnóstico pelo SUS.

Pelo SUS, a paciente deve receber o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico (Foto: Sergio Baia)

E, depois de tudo isso, o resultado mais importante ultrapassa a cura da doença. No rosto das pacientes, dr. Alessandro Martins comemorou os sorrisos que acumula na carreira como cirurgião plástico. “Nada é mais importante do que você ter a sua paciente feliz, integrada à sociedade e se sentindo bem nas relações familiares, matrimoniais e no trabalho. Outro ponto interessante é ver essas pessoas achando que a mama reconstruída é mais bonita do que a original”, contou o médico que, na maioria das vezes, também opera a outra mama, que não foi modificada por causa do tratamento, para que tenha um resultado harmônico.

Desta forma, ele segue. Com histórias para contar e experiências que vão além da estética, dr. Alessandro Martins acredita viver um lado especial da cirurgia plástica. Para ele, a reconstrução de mama como subespecialização da carreira é um campo de constante aprendizado, desafios e que traz a realidade da Medicina para a especialidade. “Toda vez que você participa do tratamento de uma doença ou ajuda no processo de cura ou reabilitação é muito gratificante. Eu acho que a cirurgia plástica tem vários nichos interessantes de trabalhar e, em todos eles, quando a paciente está feliz, é ótimo para o profissional. Não é apenas a reconstrução de mama que me faz feliz na minha profissão, mas é onde eu aprendo mais. Além da parte técnica, porque esta é uma especialidade com muitas novidades, pesquisas e atualizações, essa é uma área em que me sinto melhor como pessoa. Talvez isso tire um pouco daquela imagem de que o cirurgião plástico só trabalha com estética e beleza”, analisou dr. Alessandro Martins.

Contato: dr. Alessandro Martins

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