Chico Chico, herdeiro de Cássia Eller, fala das comparações com a mãe: “Acham que é bom, mas é ridículo. Me ajudou bastante, só que do jeito errado”


Em conversa exclusiva com HT, o jovem também se posicionou “contra o golpe” e criticou o radicalismo entre simpatizantes do PT e PSDB: “É pra ser radical no sentido que ou você é contra o impeachment ou a favor”

As comparações são inevitáveis e a genética não deixa negar. Mesmo Chico Chico achando “chata” a associação, ele é filho e herdeiro do talento de Cássia Eller (1962-2001). E isso é um fato. O jovem de 21 anos, que até estudou alguns períodos de Geografia na Universidade Federal Fluminense, escolheu seguir o mesmo caminho musical da mãe. Em papo exclusivo com o HT, ele acha que essas comparações ajudaram mais do que atrapalharam sua carreira. “Não tem como fugir. Mas também não acho que atrapalha a minha carreira. Só ajudou, na verdade. As pessoas acham que é bom, que tem mais entrada, mas é ridículo. Me ajudou bastante, só que de um jeito errado”, tenta explicar. Mas Chico acredita que com o passar dos anos esse título de ‘filho da Cássia’ perca a força. “Com o tempo vai desconstruindo, mas é chato. Isso não devia ser ponto de partida para nada. A comparação não leva a nada. Eu entendo que a comparação é inevitável. Mas o que isso quer dizer no final das coisas?”, questiona.

Chico Chico se diz "contra o golpe" sobre o atual cenário político brasileiro (Foto: Vitor Jorge)

Chico Chico se disse “contra o golpe” político (Foto: Vitor Jorge)

Francisco Eller na certidão de nascimento (em tom de brincadeira, disse que a alcunha artística de Chico Chico foi sugestão de seu pai de santo), ele reconhece que ser filho de um mito da música brasileira abre muitas portas – apesar de, segundos antes, ter adjetivado a tal (insistente) comparação com “ridícula”. Chico prefere defender “que todos tenham as mesmas oportunidades” na vida. Ainda para ele, a indústria cultural não considera apenas o talento de cada um. “Às vezes (as oportunidades) são muito confinadas à certas pessoas por conta de panela, nome ou situação econômica”. Pelo sim ou pelo não, o que importa hoje é que Chico Chico vêm construindo sua própria carreira. O novo projeto do músico é a banda 13.7 – que tem uma proposta diferente. Apesar de não considerar como um princípio do grupo, a banda não tem bateria, muito menos guitarra. Eles apostam é na percuteria, que é a presença marcante da percussão nas músicas.

Em uma era tão digital e efêmera, Chico acredita que a internet ajuda mais do que atrapalha. Inclusive a turma mais nova. “Aumenta muito o campo de alcance e de fazer. Qualquer um pode fazer. E isso é fo#!d@ porque é uma coisa básica, todo mundo poder se expressar e querer que os outros ouçam. Só que ao mesmo tempo tem muita coisa que você vai escutar que não vai te tocar da mesma maneira. Mas isso é questão pessoal. Na verdade, acho que isso é genial. A gente só precisa saber usar direito”, opina, otimista. Para ele, não é porque os conteúdos estão disponíveis de graça na rede que os artistas não vão ganhar dinheiro. “Eu acho que a internet ajuda, e o fato de ter coisa de graça não vai impedir que você ganhe com aquilo. Eu acho que tem que ter show, você tem que se mostrar”.

E os rumos da política brasileira também são assuntos para o jovem. Até porque, no show (ao lado de Julia Vargas e Rodrigo Garcia) que fez antes de engatar essa conversa com o HT, os gritos de “não vai ter golpe” chamaram atenção até dos ouvidos menos apurados. Chico Chico opina: “Tem um radicalismo que é ridículo: ou o PT ou o PSDB. Eu acho que tem muita gente falando m&rd@ e isso é interessante saber. É para ser radical no sentido que ou você é contra o impeachment ou a favor. (…) A gente tem que ter em mente que podemos mudar um pouco mais as coisas Eu acho que o medo tem uma função nisso, porque quando você se sente acoado você tem que reagir”.