Bill McArthur Jr, astronauta da NASA, vem ao Brasil e diz o que pensa sobre “Gravidade”, vencedor de sete Oscars!


Em passagem relâmpago pelo Rio de Janeiro, o expert espacial participa de um evento onde ensina como usar táticas espaciais na extração de óleo e gás

*Por João Ker

Em passagem rápida como um foguete pelo Rio de Janeiro, o astronauta William “Bill” McArthur Jr participou de um almoço e uma apresentação exclusivos para convidados no Sofitel, em Copacabana, nesta última terça-feira (20/5). Acompanhado de seus parceiros da NASA e de representantes do grupo Deloitte, Bill contou com bastante bom humor suas experiências no espaço sideral e curiosidades que foi vivenciando ao longo do tempo, além de como foi encontrar Marcos Pontes, o único brasileiro que foi à lua (literalmente) até a presente data.

Bill é “o cara que senta na ponta do foguete”, como disse seu colega da NASA ao introduzí-lo antes de seu discurso. Sua primeira viagem para fora da Terra foi em 1993 e ele é uma das 550 pessoas no mundo que tiveram tal privilégio. O cara, que quis ser astronauta desde quando era criança e assistia Star Trek”, já passou mais de 220 dias entre as estrelas enquanto via sua comida flutuar pela falta de gravidade. Falando nisso, o que será que o astronauta acha do filme “Gravidade” (“Gravity”, Alfonso Cuáron, 2013), vencedor de sete Oscars este ano? “Olha, eu vou te falar que gostei bastante. É óbvio que existem alguns erros físicos, tipo eles conseguirem ver a estação inter espacial da janela. Eu até fiquei bastante chocado com a cena em que o George Clooney volta com a Sandra Bullock – eu pensei ‘ela só pode estar alucinando, certo?’ -, mas a cinematografia e a fotografia são muito boas. Eu não quero ser arrogante e dizer que “perdoo”, mas eu “entendo” as adaptações que eles fizeram para criar um clímax”, comentou Bill, com um jogo de palavras que faria inveja em Rachel Sheherazade.

O motivo da visita da NASA ao Brasil é a sua nova parceria com a Deloitte, em um programa denominado pelos próprios como “um intercâmbio de conhecimentos sobre contenção de riscos”. Apesar de ser recente e ainda não ter começado na prática, a iniciativa tem como objetivo aplicar táticas usadas em momentos críticos no espaço sideral em situações similares que venham a acontecer embaixo d´água, durante a extração de petróleo e gás. Por enquanto, tudo está no campo da teoria, mas, ao longo dos próximos meses, os engenheiros e gerentes de ambas as empresas pretendem colocar os planos em execução e inclusive apresentá-los para a Petrobras.

Ao longo da conversa, McArthur explicou que, apesar de similares, as condições de risco presentes na extração de óleo e gás são mais perigosas e nocivas do que as presentes durantes expedições siderais: “O risco está ligado ao tempo de exposição e, no caso do petróleo, esse tempo é maior. Há também mais pessoas envolvidas no processo e maiores chances dessa complicação se tornar um problema ambiental de grande porte. Em uma visão mundial, um acidente no espaço só prejudicaria a vida de um ou dois astronautas, mas durante a extração de óleo e gás há o meio ambiente e toda uma equipe que serão prejudicadas, então o perigo é bem mais amplo”.

Bill explica também que sempre irão acontecer os chamados “cisnes negros” – que, de forma alguma se trata de uma patota de Natalie Portmans dançando balé pelo espaço, mas o nome dado a complicações que não podem ser previstas, mas que deveriam ser esperadas pelas equipes técnicas: “A melhor posição a se tomar nesse caso é: vai acontecer algo de errado e sim, pode ser comigo. A partir daí é só manter a calma, contactar a sua estação operante e seguir as instruções”. Mal sabe Bill McArthur que ensinar brasileiro a esperar pelo pior é como ensinar um astronauta a olhar para a lua. De qualquer maneira, ficam registradas as boas intenções.

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Fotos: Luciana Areas | Divulgação