Atrizes que ficaram famosas na TV se reinventam fora dela com base no autoconhecimento e girl power


Barbara Borges, Samara Felippo, Carolinie Figueiredo e Suzana Alves despontaram na televisão, com carreiras promissoras, mas, agora, tomaram novos rumos para além de artistas e descobriram-se influenciando ao compartilhar suas experiências nas redes, ajudando outras mulheres ao abordar temas como sexualidade, maternidade, machismo, depressão, compulsão, entre outros. Elas são mulheres que vêm se revelando sem medo de serem felizes

*Por Brunna Condini

A pandemia pode ter intensificado os processos de autodescoberta, mas para quem já direcionava sua vida neste sentido, foi apenas um potencializador. E quando observarmos, por exemplo, as atrizes Barbara Borges, Samara Felippo, Carolinie Figueiredo e Suzana Alves nas redes sociais, onde se relacionam com seu público e mais geram conteúdo atualmente, podemos perceber isso. Todas são atrizes que ficaram famosas na TV, mas não se contentaram com isso, construindo trajetórias que mostram sua capacidade de resiliência diante dos desafios e de reinvenção diante da vida. E o melhor é que compartilham isso com os seguidores e seguidoras, pois têm consciência do poder de uma rede de apoio e da inspiração. Então, bora de girl power?

Nos últimos anos, Barbara Borges, 42 anos, se apaixonou pela aromaterapia e se tornou terapeuta da técnica natural. “Tenho estudado muito na aplicação da ansiedade. Muitas doenças vêm dela e estamos no meio de uma pandemia”, contou ao site. “Atendo, faço as pessoas entenderem as emoções. É um novo caminho, propósito, estou estudando muito”. Recentemente, a atriz  foi parar nas manchetes de alguns sites, que destacavam, mais uma vez, o seu ‘processo de ‘luta e cura do alcoolismo’, como algo ainda presente. Como tem ‘linha direta’ com seu público, a atriz mandou recado em vídeo, no Instagram. “Estou aqui de coração aberto, resolvi falar abertamente sobre um momento, um recorte da minha vida, que compartilhei com vocês e gerou uma repercussão e curiosidade muito grandes. E eu sinto, percebo, vejo, que reverbera até hoje na minha vida como se fosse algo que fizesse parte do meu momento atual, mas não faz. Sempre vão me perguntar sobre a minha relação com o álcool, que revelei em 2019, mas ainda falam como se fosse um sofrimento presente. E aí, têm muitos sites que ficam repercutindo e disseminando equivocadamente esse assunto, programas de TV que ficam falando…minha gente, está tudo bem comigo, estou ótima”, desabafou Barbara.

"Eu superei a mim mesma. Consegui com terapia, espiritualidade, fortalecer o meu amor próprio. Amo, tenho prazer em ser quem eu sou. rolou mesmo uma desintoxicação" (Reprodução Instagram)

“Eu superei a mim mesma. Consegui com terapia, espiritualidade, fortalecer o meu amor próprio. Amo, tenho prazer em ser quem eu sou. rolou mesmo uma desintoxicação” (Reprodução Instagram)

“Superei a mim mesma. Consegui com terapia, espiritualidade, fortalecer o meu amor próprio. Amo, tenho prazer em ser quem eu sou. Rolou mesmo uma desintoxicação. Estava em volta de toxicidade porque eu também estava sendo tóxica comigo, estava em sofrimento, mas quando tomei consciência das coisas, tudo se transformou. Então, sou muito firme na minha vida agora, tanto que a minha relação com o álcool mudou. Eu não sou mais a mesma, morri em vida, morri lá atrás (risos). Vocês me viram até de cabelo raspado. Mudei. Minha vida é outra. E estou sempre mudando, a vida é cíclica, é de fases, e eu sou muitas ‘Barbaras’ aqui dentro. Superei meus padrões de pensamento, e principalmente, a minha relação de dependência de ligar o meu emocional ao álcool. Então, se você me perguntar hoje, se voltei a beber álcool? Sim, voltei. Mas não sinto vontade, e se eu sentir, porque não sou dependente do álcool, eu brindo. Brindei com as minhas amigas, com meu namorado, com minha família”.

"Superei a mim mesma, meus padrões de pensamento, e principalmente, a minha relação de dependência de ligar o meu emocional ao álcool" (Reprodução Instagram)

“Superei a mim mesma, meus padrões de pensamento, e principalmente, a minha relação de dependência de ligar o meu emocional ao álcool” (Reprodução Instagram)

E completou sobre o tema: “Sabe por que eu tomo muito cuidado com essa minha fala? Porque tenho muita responsabilidade em falar sobre alcoolismo, que é uma doença, é algo muito sério. E jamais serei leviana e irresponsável em falar sobre esse assunto. A minha história, é a minha história. E quando vêm me pedir ajuda, porque recebo muitas mensagens deste tipo, eu acolho a pessoa com a minha experiência, mas oriento que busquem ajuda especializada, tem o Alcóolatras Anônimos, o AA. Tem um coletivo chamado Alcoolismo Feminino, que inclusive já fiz lives aqui no meu Instagram, enfim, procurem profissionais, façam terapia, todos precisamos. Não tenho a receita, mas posso dizer que temos tudo que precisamos dentro da gente, mas se precisar, peça ajuda e transforme sua vida”.

Sororidade e potência

As atrizes Samara Felippo,42, e Carolinie Figueiredo,32, tiveram suas vidas unidas pela arte, amizade e maternidade. “Nos conhecemos há muitos anos, em uma oficina na Globo. Eu já era mãe, e ela, ainda não. Logo depois, ela ficou grávida e me procurou. Acho que é importante, neste momento, se cercar de mulheres que possam te ajudar. E a maternidade nos uniu de forma muito intensa, muito linda de ver”, lembrou Samara, que é mãe de Alicia,10 anos, e de Lara, de 6, em entrevista ao HT. “Fomos juntas, aos trancos e barrancos, cada uma com suas alegrias, seus problemas, suas dores, caos, questionamentos, nos apoiando uma na outra. Considero a Carol minha família, minha rede de apoio, como ela me considera. É uma irmã”.

“Nos conhecemos há muitos anos, em uma oficina na Globo. Eu já era mãe, e ela, ainda não. Logo depois, ela ficou grávida e me procurou. Acho que é importante, neste momento, se cercar de mulheres que possam te ajudar" (Divulgação)

“Nos conhecemos há muitos anos, em uma oficina na Globo. Eu já era mãe, e ela, ainda não. Logo depois, ela ficou grávida e me procurou. Acho que é importante, neste momento, se cercar de mulheres que possam te ajudar” (Divulgação)

No Instagram, as atrizes debatem abertamente temas como maternidade, autoconhecimento, autocuidado, machismo, feminismo, escolhas, entre outros. Samara continua seu trabalho como atriz e filmou um longa recentemente, mas não abre mão da sua relação com o público nas redes.  Já Carolinie se define assim em seu perfil no Instagram: “mulher, mãe, artista, educadora parental e terapeuta”. Antes da pandemia, elas retornaram aos palcos com o espetáculo ‘Mulheres que Nascem com os Filhos’, com o tema da maternidade, já que Carolinie também é mãe de Bruna,7, e Theo, de 5. “É uma das minhas grandes realizações de vida, como mulher, mãe, atriz, produtora. Tudo que eu sempre quis dizer. É um trabalho relevante, que acho que as pessoas precisam ouvir. E o espetáculo não é só para mulheres”, diz Samara, que se traduz como “atriz, produtora, feminista, antirracista e mãe de duas cacheadas em busca de representatividade”.

"Falo nas redes sobre as dificuldades de ser mãe solo e já percebi que tenho um feedback positivo. É se eximir de uma culpa, é tirar um peso das costas. As mulheres se identificam, se sentem menos sobrecarregadas só por conseguir validar isso" (Reprodução Instagram)

“Falo nas redes sobre as dificuldades de ser mãe solo e já percebi que tenho um feedback positivo. É se eximir de uma culpa, é tirar um peso das costas. As mulheres se identificam, se sentem menos sobrecarregadas só por conseguir validar isso” (Reprodução Instagram)

E pontuou: “Também falo nas redes sobre as dificuldades de ser mãe solo e já percebi que tenho um feedback positivo. É se eximir de uma culpa, é tirar um peso das costas. As mulheres se identificam, se sentem menos sobrecarregadas só por conseguir validar isso. Isso é amar os filhos incondicionalmente, continuar na tripla jornada, mas se permitir sentir o que se sente, e olhar para isso. Ainda mais sendo mãe solo. Ser mãe solo é um lugar de muito cansaço. Emocional, principalmente, para quem tem ajuda, rede de apoio. E também, físico e emocional, para quem não tem nenhum tipo de rede de apoio. Ser mãe solo, é também quando você não tem pelo menos 50% de divisão de tarefas da criação destes filhos com o pai, o parceiro, a partir disso, você é mãe solo e ponto final. É que a denominação de ‘mãe solo’, já traz uma ideia que quando você começa a namorar, já quer um pai para o seu filho, já começam a te rotular. Para voltar ao emprego, também é mais difícil, são inúmeras barreiras que precisamos transpassar como mulher, profissional”.

"Apoio mulheres em travessia para deixar ir o que precisa terminar pra receber essa nova mulher que somos: renascendo a cada ciclo, a cada filho, a cada projeto e atravessamento emocional" (Reprodução Instagram)

“Apoio mulheres em travessia para deixar ir o que precisa terminar pra receber essa nova mulher que somos: renascendo a cada ciclo, a cada filho, a cada projeto e atravessamento emocional” (Reprodução Instagram)

Como terapeuta, Carolinie vem mergulhando nos últimos 10 anos em autodescoberta, para além dos papéis sociais, como bem definiu neste texto: “A terapia para mulheres é uma guiança para descobrir o próprio caminho. Minhas especialidades são nascimento de filhos, puerpério, separação, educação de filhos, conflitos com o corpo, autoestima, sexualidade e transição de carreira. O meu trabalho como terapeuta é sustentar um campo profundo para que a mulher acesse sua própria verdade. Ao encontrar com essa verdade, a mulher recebe ressonância e coerência com o próprio corpo e com os próprios valores. Eu apoio mulheres em travessia para deixar ir o que precisa terminar pra receber essa nova mulher que somos: renascendo a cada ciclo, a cada filho, a cada projeto e atravessamento emocional”.

É potência que fala, né?

Coragem e fé

Há mais de 20 anos Suzana Alves deixou para trás a Tiazinha do Programa H, conduzido na época por Luciano Huck na Bandeirantes, personagem que vestia máscara, chicote e cinta liga, e marcou seu início da TV, com apenas 18 anos. Ela fez sucesso no papel e chegou a ter mais de 100 produtos licenciados, posou três vezes para a Playboy, tendo a primeira edição no segundo lugar de maiores vendagens da história da revista no Brasil. Estava em ascensão, mas queria mais. “A personagem já estava maior do que eu. A Suzana não tinha uma vida própria. Eu não tinha uma vida, pensava que ninguém ia me amar de verdade. Os homens se aproximavam de mim por interesse. Não tinha paz”.

"Queria entender quem eu era, porque estava vivendo algo além da fama, a questão de ter uma personagem que se tornou maior do que eu. Ali percebi essa necessidade de me conhecer, de encontrar a minha identidade" (Reprodução Instagram)

“Queria entender quem eu era, porque estava vivendo algo além da fama, a questão de ter uma personagem que se tornou maior do que eu. Ali percebi essa necessidade de me conhecer, de encontrar a minha identidade” (Reprodução Instagram)

Aos 43 anos, casada há 12 anos com o ex-tenista Flávio Saretta há, com quem tem Benjamin de 5 anos, ela revelou ao site que deixou a personagem para buscar sua essência. “Queria entender quem eu era, porque estava vivendo algo além da fama, a questão de ter uma personagem que se tornou maior do que eu. Ali percebi essa necessidade de me conhecer, de encontrar a minha identidade. Fui atrás desse encontro comigo mesma, para saber o que exatamente vim fazer na Terra. Estava anestesiada, passei alguns anos sem saber direito. Fui pesquisar, me conhecer. Nesse processo, comecei também a mudar a minha alimentação por conta da depressão”, revelou Suzana que lançou recentemente o Caminho da Su, um curso com oito módulos que foca no equilíbrio do corpo, da mente e do espírito: “É o testemunho do que deu certo para mim. É como se através da jornada da minha história você olhasse para o seu interior e resgatasse a sua história. Esse é o objetivo do curso que nasceu na pandemia com a necessidade de me expor depois de 20 anos vivendo uma vida mais em ‘lockdown’, me cuidando, me conhecendo. Acho que preciso usar tudo isso como missão, como propósito de vida para ajudar com os recursos que tenho. Nesta plataforma falo sobre tudo isso e de espiritualidade também. De como é importante a gente se alimentar bem e ter fé para seguir nesse processo de cura e aprendizagem”.

"A estética natural sempre me atraiu, vejo muita beleza em tudo que é verdadeiro e real. Uma das coisas que deixei de fazer logo no início da pandemia foi não pintar mais a raiz do meu cabelo" (Reprodução Instagram)

“A estética natural sempre me atraiu, vejo muita beleza em tudo que é verdadeiro e real. Uma das coisas que deixei de fazer logo no início da pandemia foi não pintar mais a raiz do meu cabelo” (Reprodução Instagram)

A atriz, que também está no elenco da novela Gênesis, da Record, tem falado nas redes de compulsão alimentar, passando pelos benefícios da oração e até de estética: “Já trilhava esse caminhando de mudança antes da pandemia e até hoje estou intensivamente mudando e me alinhando. Em todas as áreas, devemos questionar e buscar cada vez mais a nossa essência e como crescer como indivíduos. A estética natural sempre me atraiu, vejo muita beleza em tudo que é verdadeiro e real. Uma das coisas que deixei de fazer logo no início da pandemia foi não pintar mais a raiz do meu cabelo…e agora estou analisando algumas sugestões internas com todo esse movimento que aconteceu em mim! Deixei a luz entrar”. E revelou há um mês, que vai contar tudo sobre sua vida em um livro. Evangélica, Suzana disse que a autobiografia vai ser publicada por uma editora cristã: “Com muita alegria e gratidão que eu anúncio minha nova trajetória e meu novo desafio! Junto com a Editora Vida. Vamos contar a história da minha vida colocada em um livro! Fiquem ligadinhos que já já vocês poderão ler a minha autobiografia. Já já está chegando!”.