#Atitude50: Kika Gama Lobo conta em sua coluna desta semana que a vontade de entrar para o mundo da política para fazer a diferença tem rondado suas ideias


“Virei rata de estatuto de partidos e fico estudando na Internet como prova do Enem. Linguagem antiga, mil regras a seguir, estudar muito para depois dar em nada”

Kika Gama Lobo

*Por Kika Gama Lobo

Dúvida cruel. Entrar ou não na política carioca? Tenho tido insônias com esta decisão a ser tomada. Namoro partidos políticos e convivo, há anos,  com pessoas do meio. Tropeço nelas. Nunca fui a protagonista. No passado, o primeiro marido tinha o dom. Minha casa parecia um comitê. Reconheço o Freixo e o Molon da minha antiga sala. Enquanto eu saía para trabalhar ele armava minicomícios com a galera de esquerda. Trabalhei com a esposa do Cesar Maia em uma fábrica de lingeries. O ex-alcaide engatinhava na cena e eu já respirava os mesmos ares. Com eles conheci Eduardo Paes, Índio da Costa, Sergio Cabral (ninguém é perfeito) e volta e meia estava às voltas com algum evento em que eles estivessem presentes. Cristiane Brasil é mãe de uma amiga da minha filha. Osório é conhecido da vida. E os personagens vão se alternando, as eleições se sucedem, e eu sempre sofrendo a tentação da maçã da política. Já me reuni com o PSDB, NOVO e fico nessa corda bamba entre reclamar e agir. Sou ultra criticada pelo meu hashtag #riodemerda. Descasco mesmo, afinal são as filhas assaltadas com arma na cabeça; tiroteio que presencio no meu ir e vir; roubos, furtos e ejaculações em ônibus e metrô (sim, sou usuária do transporte público); falência da saúde, educação, segurança e todo aquele blá blá blá que a gente já sabe, mas que o carioca insiste em achar que se der sol é hora de aplaudi-lo no Arpoador; cervejar nos bailes da vida e torrar nas praias lotadas de arrastão, altinho, maconha e cães cagando as areias.

E 2018 está chegando. Virei rata de estatuto de partidos e fico estudando na Internet como prova do Enem. Linguagem antiga, mil regras a seguir, estudar muito para depois dar em nada. A maior parte dos políticos atuais são empresários da política. Famílias que montam sagas e filhos, sobrinhos, netos sucedem-se feito gremlins na arte de ludibriar o povo, fazer de conta que estão agindo em prol das massas enquanto enchem os bolsos de salários, comissões, propinas e toda sorte de corrupção oficiosa e criminosa que a Lava-Jato está revelando. E eu, diante da minha pequenez penso: Pra que entrar nesta ratoeira? Não tenho grana, não tenho passado político, não tenho sobrenome famoso, ninguém da minha família materna e paterna militou na política e serei eu a inaugurar essa linhagem? Macacos me mordam….