#Atitude50: Em mais uma coluna deliciosa, Kika Gama Lobo fala sobre erotizar em São Paulo


“Eu gosto do tema, falo do tema, escrevo sobre o tema mas sinto uma volta triunfante à caretice, num mundo lotado de preconceito com seus Bolsonaros incitando o que é anormal. Tristes trópicos”

Kika Gama Lobo

*Por Kika Gama Lobo

Não…. não virei mulher de programa na ponte aérea. Não sou dessas. Ainda. Mas desembarquei na capital paulista e me joguei no MASP, síndrome de achar que estou fora do Brasil e quero fazer a phyna no museu, mas quem me conhece sabe que eu adoro uma exposição e posso estar trabalhando em uma micro cidadezinha que indago: aqui tem galeria de arte? Igreja? Ruínas? Escolhi fazer História na Faculdade – antes de jornalismo – porque sempre gostei de passado. Ele explica o presente. E lá fui eu para a Avenida Paulista – o cenário das grandes passeatas nacionais e, diante daquela construção linda, signé Lina Bo Bardi, encomenda de Assis Chateaubriand, dei de cara com uma temática erótica. Toulouse Lautrec e suas meninas do cancan; Teresinha Soares e suas telas super avantgarde; Miguel Rio Branco e o cenário da prostituição baiana, em fotos de bordéis do Pelourinho… A mostra terminou, mas aquilo ficou na minha cabeça: por que o erotismo vende?  Andando na Sé, dei de cara com orelhões lotados de xoxotas e paus, em santinhos depravados; letreiros de sex-shop na freeway que nos leva ao aeroporto. São Paulo já teve um Museu do sexo, na Brigadeiro Luiz Antônio. Foi derrubado em 2008 e não sei o que foi feito do seu acervo. Feiras eróticas, festas do prazer, termas, saunas, cafés de encontros, cabines pornôs e uma série de ofertas libidinosas aquecem a cidade mais pujante do Brasil. A Paulicéia desvairou. Clubes de strippers masculinos também não faltam. Alguns barra pesada, mas outros parecem Magic Mike com Channing Tatum incendiando as cinéfilas. Homens de programa; amigos para terceira idade; universitárias que enganam papai dizendo que vão estudar química, mas praticam a física (se é que me entendem). O mundo do sexo nunca saiu de cena.  Imagino os australopitecos  hominídeos no grau top da suruba perpassando as civilizações dos 4 cantos do mundo. Eu gosto do tema, falo do tema, escrevo sobre o tema mas sinto uma volta triunfante à caretice, num mundo lotado de preconceito com seus Bolsonaros incitando o que é anormal. Tristes trópicos.

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