Após 12 anos, Jourdan Dunn é a primeira modelo negra a aparecer sozinha na capa da Vogue britânica


Naomi Campbell foi a última do gênero a estrelar sozinha a publicação conhecida como a “Bíblia Fashion”

*Por João Ker

É incrível observar como a indústria da moda, responsável por antecipar “o futuro” do estilo, ainda pareça tão apegada a padrões e preconceitos seculares. Por exemplo, é assustador ver a pouca quantidade de modelos negras que desfilam nas passarelas ou aparecem em editoriais, com uma ou pouca despontando aqui e ali, mesmo no Brasil, um país tão abundante em etnias afrodescendentes e mestiças. Abrindo um pouco mais o leque para um parâmetro global, acaba de acontecer mais uma vitória para a diversidade da representação étnica na moda: após 12 anos, a Vogue britânica finalmente colocou uma modelo negra como a estrela solo da capa de sua edição para fevereiro de 2015. E o rostinho lindo escolhido para isso? Jourdan Dunn.

 

Jourdan Dunn na capa da vogue UK de Fevereiro (Foto: Patrick Demarchelier | Divulgação)

Jourdan Dunn na capa da vogue UK de Fevereiro (Foto: Patrick Demarchelier | Divulgação)

Qualquer aficcionado por moda já conhece o nome da modelo há tempos. Seu rosto já estampou campanhas para a Burberry, Yves Saint Laurent, DKNY, Rihanna for River Island e já passou pelas melhor e maiores passarelas como Prada e Chanel. Além de ser  uma das novinhas que integram o dream team de angels da Victoria’s Secret, a beleza negra da moça também é figura constante no Instagram de Cara Delevingne (sua BFF – Best Fashion Friend) e já apareceu ao lado de Chanel Iman e Joan Smalls no vídeo de Beyoncé para “Yoncé”, aquela faixa que, como o funk, quando toca ninguém fica parado.

 

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A iniciativa da publicação vem após uma série de reclamações feitas por nomes de peso na indústria terem se manifestado sobre a falta de diversidade em campanhas, passarelas e revistas. Em 2013, Naomi Campbell protestou abertamente sobre o assunto com um discurso que recebeu apoio de Iman Abdulmajid, Joan Smalls e da própria Jourdan Dunn. Esta, por sinal, já chegou a aparecer em uma capa da publicação britânica, mas dividindo o espaço com Elda Clark e Rosie Huntington-Whiteley. Entretanto, ao contrário de outras contemporâneas, como Georgia May Jagger, Cara Delevingne e Eddie Campbell, Dunn nunca havia estrelado uma Vogue UK sozinha. As únicas celebridades negras a fazerem isso nos últimos anos foram Beyoncé e Rihanna que, convenhamos, têm um poder que transcende a revista.

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Dizer a importância da representação de modelos negras em uma revista tão grande como a Vogue britânica é algo incomparável. Jourdan não é nenhuma estranha a ter seu rosto espalhado pelo mundo afora, mas estrelar uma publicação conhecida como a “Bíblia fashion” é um passo adiante. Os padrões de exclusão criados pela indústria não podem mais se sustentar como pilares de uma tendência e seria bonito ver o Brasil seguindo o mesmo exemplo, sem deixar de lado suas próprias beldades (por aqui a Vogue raramente coloca mulheres negras em sua capa e, quando o faz, é com estrelas internacionais como Naomi ou Joan Smalls). Esperamos por melhoras em 2015, não só apenas na raça, mas nos tamanhos, gêneros e em uma abundância representativa que mostre verdadeiramente as diferentes cores do Brasil.