Antonia Frering lança filme, linha de louças, fala do câncer e fim da alta sociedade: ‘Hoje seria o over do over’


A atriz, que se prepara para estreia do longa ‘Minha Família Perfeita’, no qual atua como a mãe da protagonista vivida por Isabelle Drummond, investe também na verve empresária. Antonia divide ainda os aprendizados que teve ao vencer o câncer de mama e de útero e diz que a alta sociedade morreu: “Eram as celebrities da época, algo inalcançável”

*Por Brunna Condini

Filha do empresário Antônio Alfredo Mayrink Veiga com Carmen Mayrink Veiga, socialite considerada uma das mulheres mais elegantes do mundo, Antonia Frering descobriu um caminho para além das colunas sociais. Aos 57 anos, ela contabiliza 20 como atriz e de lá pra cá fez filmes, participações em novelas, e, agora, se prepara para estreia do longa ‘Minha Família Perfeita’, em 25 de agosto, como a mãe da protagonista vivida por Isabelle Drummond. “Me senti muito confortável neste papel, porque sou mãe de Maria Tereza, Guilherme e Lorenzo Frering. Somos muito unidos, mas é muito difícil ter cada filho em um lugar do mundo. Só meu filho do meio mora no Brasil e trabalha com o pai. A Maria é designer de joias e mora em Nova York, e o mais velho trabalha com investimentos e mora em Londres. Criamos os filhos para o mundo, não é? Meu maior desejo é que sejam felizes”.

Antonia Frering com Isabelle Drummond e elenco no longa ‘Minha Família Perfeita’ que será lançado dia 25 de agosto (Divulgação)

Antonia Frering com Isabelle Drummond e elenco no longa ‘Minha Família Perfeita’ que será lançado dia 25 de agosto (Divulgação)

Paralelo à vida de atriz e à atuação como influenciadora de etiqueta e bem-estar nas redes sociais, Antonia anuncia uma collab exclusiva com Marina Anjos, fundadora da Cian Candle. “Vamos lançar no final de agosto uma linha de louças, velas, candelabros e alguns artigos de decoração. Estou animada. Tinha uma cabeça do copo de cristal, do prato pintado à mão, mas isso é inalcançável para muitas pessoas. A minha coleção vai ser algo acessível, preço de loja. Tudo muito caprichado, mas ao alcance das pessoas”, conta.

Antonia Frering anuncia filme e linha de louças própria ( Divulgação)

Antonia Frering: atriz e empreendedora ( Divulgação)

Depois do câncer: ressignificados

A atriz afirma que após um câncer de mama, em 2012, e um de útero, em 2020, vem repensando muitos aspectos da vida, inclusive os projetos que abraça. “Hoje em dia preciso me apaixonar pelo trabalho, tem que ser bom, e me fazer descobrir alguma coisa que ainda não sei. Se for assim, saio correndo para fazer”. Sobre o recente episódio com o câncer, Antonia deixa claro que divide a experiência como um alerta para as mulheres. “Estou ótima hoje. Agradeço muito ao meu médico que insistiu para que eu fizesse os exames de revisão, mesmo durante o auge da pandemia. Queria adiar, ele não deixou, e foi assim que descobri”, recorda Antonia, que faz parte do Instituto Desiderata, que apoia crianças com câncer.

"Hoje meu propósito de vida está em ajudar, de alguma forma, as pessoas a viverem melhor" (Foto: Denise Leão)

“Hoje meu propósito de vida está em ajudar, de alguma forma, as pessoas a viverem melhor” (Foto: Denise Leão)

“Havia nove anos do câncer de mama, e eu não queria fazer exames, porque estava com pânico da Covid. Mas fui e meu médico viu algo no útero e investigamos. Acabou sendo constatada a doença e fiz uma histerectomia. Um câncer de útero não é algo fácil de encontrar, não é palpável, tanto que muitas vezes ele é encontrado quando a mulher já está em estadiamento avançado. Não podemos deixar de nos cuidar. Eu só agradeço. Ao meu corpo por ter tido os meus filhos, aos médicos pelo cuidado, a Deus, porque se eu tivesse ido um ano depois, teria sido tarde. Meu maior sonho hoje é envelhecer com saúde. Um envelhecimento digno, sem dar trabalho para ninguém”.

"Essa coisa do ego não faz mais sentido quando vamos envelhecendo" (Divulgação)

“Essa coisa do ego não faz mais sentido quando vamos envelhecendo” (Divulgação)

Cada vez mais comprometida em criar conteúdos para sua rede social, ela avalia: “Hoje meu propósito de vida está em ajudar, de alguma forma, as pessoas a viverem melhor. Os seguidores têm trocado muito comigo. Muitas vezes não sabemos que somos força para alguém”.

Hoje, no meu Instagram, abordo temas diversos. Do câncer até questões de etiqueta. O dia que for só voltado para mim, não tem necessidade. Essa coisa do ego não faz mais sentido quando vamos envelhecendo – Antonia Frering

Alta sociedade carioca

Um dos maiores símbolos da elegância no país, a mãe de Antonia, Carmen Mayrink Veiga, morreu em 2017, aos 88 anos. Ela já era frequentadora dos desfiles de alta costura francesa e famosa no mundo da moda quando conheceu o empresário Tony Mayrink Veiga, com quem se casou em 1956. Eles ficaram juntos por 60 anos, até a morte de Tony, em 2016. O casal teve dois filhos, Antenor e Antônia. Carmen entrou para a seleta lista das pessoas mais bem vestidas do mundo da revista americana ‘Vanity Fair‘ em 1981. E possuía mais de 400 vestidos de alta costura, uma coleção considerada rara pelos especialistas em arte e alta moda. Antonia revela o que foi feito das icônicas peças da mãe. “Foram todas doadas praticamente em vida para o Instituto Zuzu Angel. Herdei uns seis vestidos, que ela me pediu que ficasse”, conta.

Antonia Frering com a mãe Carmen Mayrink Veiga, o irmão Antenor e o pai Tony (Acervo Pessoal)

Antonia Frering com a mãe Carmen Mayrink Veiga, o irmão Antenor e o pai Tony (Acervo Pessoal)

Carmen fez história em uma época em que existia um grupo seleto com alto poder aquisitivo e status social de destaque, que tinha seu próprio modo de viver com glamour, sofisticação, onde a vida era, literalmente, uma festa. O que aconteceu com a alta sociedade? “Morreu. Eram as celebrities da época. Algo inalcançável: o custo de vida, as roupas de alta costura, as joias, as festas, as viagens. E como não existiam as redes sociais, quem não pertencia, não conseguia acompanhar mesmo”, detalha Antonia.

O que sinto muita falta hoje em dia é da educação, da pontualidade. E acredito que a maior deselegância é a falta de escuta. A etiqueta pode melhorar a vida de uma pessoa. E demonstra cuidado, afeto – Antonia Frering

Antonia , a filha Maria e Carmem Mayrink Veiga (Acervo Pessoal)

Antonia , a filha Maria e Carmem Mayrink Veiga (Acervo Pessoal)

“Essa é uma vida que não existe mais. Hoje seria o over do over. Mas fazia sentido para aquelas pessoas em uma época. Nem os jornais têm a tal das colunas sociais mais. Acho que as pessoas perderam a curiosidade por esse universo. Lembro que a vida da minha mãe tinha esse glamour, um frenesi de festas, chás, almoços, jantares, era movimentada a agenda. Ficava cansada só de olhar (risos). E ela gostava de trocar a maquiagem entre um evento e outro. Ela mesma fazia seu cabelo e maquiagem, sempre fez questão. Nunca curtiu cabeleireiro. Também tenho o hábito de me produzir sozinha, aprendi com ela. Mas sempre fui eclética: adorava desde uma fazenda até ir para uma festa refinada. Vivi com a minha mãe esse universo da alta sociedade, principalmente na minha adolescência”.

Antonia divide mais lembranças sobre Carmen: “Lembro que ela ficava horas nas provas de roupas com os estilistas para que tudo saísse perfeito. Tanto que o meu vestido de noiva foi ela que provou. Fiquei com trauma dessas longas provas (risos). Minha filha prova as roupas para mim hoje. Tenho horror de experimentar roupa. Mas herdei o olho de Carmen para identificar a qualidade da roupa, para um bom corte”.