“A transição para a TV proporcionou um crescimento interior”, diz Flavio Canto, fundador do Instituto Reação


“Ser celebridade nunca foi a minha meta. Sucesso, pra mim, está ligado a quantidade de impacto positivo que a gente causa no mundo. O Reação é a melhor parte da minha vida”, afirma

*Por Karina Kuperman

Atleta, medalhista olímpico, apresentador de TV, empresário, mobilizador do “Criança Esperança” e presidente do Instituto Reação. Essas são só algumas das muitas ocupações de Flávio Canto, que, com mesmo com essa agenda cheia, ainda arruma tempo para falar sobre o esporte como veículo de educação: onde ele viu a chance de ajudar quem precisa. Flavio esteve no Fórum de Educação da XIX Bienal do Livro, que acontece no Riocentro, onde falou sobre os novos passos do projeto. “É um prazer, para mim, estar nesse ambiente. Não dá para separar esporte de educação. Durante anos eu sonhei com um projeto social que tivesse a educação formal como carro-chefe, mas, quando comecei a dar aulas de judô, entendi que eu já estava fazendo educação: o esporte cria referências, valores, bons exemplos e sonhos. São 19 anos já do Reação, e eu defino como um projeto de educação, antes de mais nada”, afirma.

Flavio Canto e as crianças do Instituto Reação (Foto: Reprodução/Instituto Reação)

Seu Instituto, criado há quase duas décadas, segue se expandindo e promovendo a inserção social de jovens carentes por meio do esporte. Foi lá, aliás, que talentos como a campeã olímpica Rafaela Silva foram revelados. “O Reação é a melhor parte da minha vida, agora estamos em um movimento de entrar em escolas privadas para criar pontes entre elas e organizações sociais e colocar mundos que não se encontram juntos. Essa magia desconstrói preconceitos e faz um mundo melhor”, analisa. “Fazer isso é uma mudança que tem a ver com a minha vida mudando o tempo inteiro. E é o que dá sentido pra mim. Todo mundo que faz parte desse sonho que batizamos de Reação tem a mesma pegada. E mudar a vida dos outros muda a nossa. É um ciclo feliz de ser útil e relevante aqui, porque a vida passa rápido”.

Flavio Canto e Rafaela Silva (Foto: Reprodução)

Atleta, ele nunca imaginou tornar-se conhecido em todo o país. “Celebridade tem sempre uma conotação pejorativa. Isso nunca foi a minha meta. Sucesso, pra mim, está ligado a quantidade de impacto positivo que a gente causa no mundo. Me tornar conhecido acabou sendo consequência, mas se você não acha isso importante – que de fato eu não acho – não tem essa questão de celebridade. É positivo no sentido de ter me tornado uma figura conhecida a ponto de poder abrir portas para o nosso Instituto. Essa transição para a televisão acabou me dando a oportunidade de fazer o maior sonho da minha vida crescer”, explica ele, que, no último mês, emendou a cobertura dos Jogos Pan Americanos de Lima e do Mundial do Japão, no SporTV. “Confesso que estou virado. Fiz o ‘Conexão Lima’ durante o Pan e era de 1h às 2h da manhã. Logo depois veio o Mundial. Eu chegava as 5h para trabalhar e acompanhava as lutas na madrugada, então estou me adaptando ao fuso do Brasil. Sempre me colocam no horário nobre, depois de meia-noite”, ri. “Horário nobre é uma brincadeira. Eu tenho essa vida de madrugador então”.

Flavio Canto cobriu o Mundial do Japão no SporTV (Foto: Reprodução/TV Globo)

Antes disso, ele estava mobilizando doações no palco do “Criança Esperança”. “Isso foi uma grande coincidência. O Reação lá atrás foi apoiado pelo Criança Esperança, quando eu nem imaginava trabalhar na Globo. Agora sou eu quem estou ali, levando a notícia feliz que já levaram para mim. É, possivelmente, o lugar que eu mais gosto de estar na televisão, com um pessoal que eu adoro. Dira (Paes), Leandra (Leal), Lázaro (Ramos), os diretores, produtores, equipe… um grupo todo do bem. É um projeto que a gente realmente se sente embaixador da esperança”, elogia.

Flavio, Leandra Leal, Dira Paes e Lázaro Ramos são mobilizadores do Criança Esperança (Foto: Reprodução/TV Globo)

Em outubro, ele volta ao “Esporte Espetacular”, na TV Globo, para a segunda edição do reality show “Ippon – A luta da vida“. “Estou muito feliz. É um projeto de judô, do meu time contra o time do Thiago Camilo, antes meu grande adversário e hoje meu grande amigo. Poder passar, por seis semanas, o judô no Esporte Espetacular é muito interessante pra mim. Fora isso, tenho pensado em vários projetos legais que tem a ver com a minha raiz, de falar de atletas que vieram de projetos sociais, que chegaram a competir Olimpíadas”, adianta.